A proporção de fumantes entre beneficiários de planos de saúde é menor do que na população brasileira em geral, de acordo com dados do Vigitel de 2015. Segundo a pesquisa, em 2015, 7,2% dos beneficiários de planos de saúde eram fumantes, o que representa uma redução média de 0,7 ponto porcentual (p.p.) ao ano desde 2008, quando a pesquisa foi feita pela primeira vez com esse público e 12,4% dos beneficiários eram fumantes. Já entre a população brasileira em geral, para o ano de 2015, essa taxa é de 10,4%. Se compararmos com 2008, quando 14,8% dos brasileiros era fumante, houve uma redução média de 0,65 p.p., ligeiramente inferior a registrada entre os beneficiários de planos de saúde.
A redução de fumantes é resultado, sobretudo, de programas de promoção da saúde. O que indica a importância desse tipo de abordagem para combater problemas de saúde na população, como costumamos apontar.
Alguns dias atrás, falamos aqui no blog dos efeitos do tabaco nos gastos em saúde decorrentes deste vício. Assim como, a influência do tabagismo na qualidade de vida, no setor da saúde e da importância que é o desenvolvimento de programas de promoção da saúde voltados ao combate do tabaco, já que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um dos maiores problemas de saúde da atualidade e o tabagismo é um dos principais fatores de risco que responde pela grande maioria das mortes por DCNT.
No mundo, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 6 milhões de pessoas morrem por ano por causa de doenças associadas ao tabagismo, sendo que 600 mil pessoas têm sua saúde ameaçada por serem fumantes passivos.
Os efeitos do tabaco sobre a saúde e a qualidade de vida são bastante conhecidos pela população, mas e quanto aos gastos em saúde decorrentes deste vício? De acordo com pesquisas da Fiocruz, o tratamento de cada paciente com câncer de pulmão custa, em média, R$ 400 mil. No mundo, segundo a OMS, o tabagismo custa US$ 1 trilhão ao ano em função da diminuição da produtividade, adoecimento e mortes prematuras.
O tabaco é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, de laringe e de esôfago, de patologias respiratórias, do coração e AVC. Além disso, o habito de fumar também contribui fortemente para o surgimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), como doenças cardiovasculares, neoplasias, diabetes e obesidade. As DCNTs são uma das principais causas de morte no Brasil e no Mundo. O trabalho “Fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis na população de belo horizonte”, publicado aqui no site do IESS e vencedor da categoria de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida do II Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar (edição 2012), foca exatamente nesses problemas.
Nós acreditamos que a melhor solução para reduzir os custos de tratamentos com essas graves doenças causadas pelo tabagismo e, principalmente, salvar vidas, é focar em programas de promoção da saúde. Por isso, encorajamos a leitura do estudo “Promoção da Saúde nas Empresas”, produzido pelos especialistas Michel P. O’Donnell e Alberto José N. Ogata, e também a apresentação feita Dra. Cristiane Penaforte, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, realizada em evento do IESS em 2012: “Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil”.
O estudo “Health insurance coverage and firm performance: Evidence using firm level data from Vietnam” (apresentado na última edição do Boletim Científico com o título “Cobertura de seguro saúde e o desempenho das empresas: evidências usando dados de empresas do Vietnã”), aponta que empresas que oferecem planos de saúde a seus funcionários são mais produtivas e aferem lucros mais expressivos, com um aumento de produtividade de 45% a 54% em comparação a empresas que não o fazem.
De acordo com o artigo, os funcionários que têm o benefício de contar com plano de saúde apresentam maior probabilidade a receber os tratamentos necessários quando doentes e, por isso, têm menos chance de faltar ao trabalho.
Os números do trabalho reforçam os resultados de alguns trabalhos que já publicamos aqui no Blog, como a palestra “Programas de promoção da saúde que funcionam nas empresas”, apresentada por Alberto Ogata, diretor da ABQV e avaliador do Prêmio IESS, no 3º Seminário IESS de Promoção de Saúde nas Empresas.
A capacidade de um indivíduo de obter, processar e compreender informações básicas de saúde é chamada literacia em saúde. O termo, bastante técnico, é importante porque acaba sendo essa literacia que limita a compreensão dos problemas de saúde e as interações dos pacientes com o sistema de saúde. Ou seja, quanto menor a literacia em saúde de uma população, maior a tendência de encontrarmos problemas e enfermidades que de outro modo poderiam ser combatidos mais facilmente.
É justamente isso que o estudo “Maternal Health Literacy Is Associated with Early Childhood Nutritional Status in India” (apresentado na última edição do Boletim Científico com o título “Literacia em saúde materna é associada com estado nutricional na primeira infância na Índia”), procura mostrar ao associar a desnutrição infantil na Índia à literacia em saúde materna.
De acordo com o estudo, comparadas às mães com baixo nível de literacia, as mães que possuem a capacidade de compreender informações básicas de saúde têm metade da probabilidade de terem filhos com nanismo grave ou severamente abaixo do peso.
Contudo, o trabalho também apontou que apesar da literacia em saúde estar associada ao nível de estudo, este não é o maior determinante. Sendo que, ao contrário da educação formal, a literacia em saúde pode ser modificada em pouco tempo. Por exemplo, por meio de campanhas de conscientização como as que já tivemos aqui no Brasil sobre aleitamento materno. Assim, focar em programas de promoção da saúde que expliquem conceitos básicos de higiene e cuidados com saúde ou mesmo outras questões mais complexas, pode ter mais efeito do que campanhas que simplesmente compelem a mudanças de hábitos.
Segundo a lógica, e trazendo o resultado do estudo para o cenário brasileiro, é mais eficaz criar campanhas para explicar o que são chikungunya e zyka vírus, e como eles afetam a vida das pessoas, do que campanhas para que as pessoas não deixem água parada porque isso facilita a reprodução do mosquito que transmite essas doenças.
Nós já apontamos aqui, no Blog, que o estresse ocupacional é um dos maiores problemas de saúde no mundo, diretamente ligado a sete das dez principais causas de morte, inclusive às doenças cardiovasculares. Também já mostramos que empresas com investimentos em políticas de bem-estar e de promoção da saúde apresentaram crescimento cerca de 5% superior quando comparadas a outras e listamos soluções e propostas para tornar essas práticas rotina em organizações de todos os portes.
Agora, o estudo “Medical cost analysis of a school district worksite wellness program” (apresentado na última edição do Boletim Científico com o título “Uma análise dos custos médicos no programa de promoção a saúde no trabalho: estudo de caso com professores em um distrito escolar), mostra que, além desses benefícios, programas de promoção da saúde podem representar uma redução efetiva e significativa dos gastos com saúde.
De acordo com o estudo, os participantes de programas de promoção da saúde gastam cerca de 5% a menos com saúde. O levantamento acompanhou aproximadamente 2,5 mil professores nos Estados Unidos entre 2009 e 2014 e revelou os gastos em saúde por participantes do programa de promoção da saúde foi de US$ 795,2 entre 2011 e 2012; US$ 800,2 de 2012 a 2013 e, US$ 753,4 no biênio 2013-2014. No entanto, para aqueles que não aderiram ao programa, os gastos médios em saúde foram de US$ 824,2 entre 2011 e 2012 (+3,6%); US$ 832,4 de 2012 a 2013 (+4%); e, US$ 816,8 no biênio 2013-2014 (+8,4%). O que significa que os participantes que aderiram ao programa apresentaram uma melhora na qualidade de vida e mudaram o seu comportamento na utilização dos serviços de saúde.
Outra importante relação captada pelo estudo foi a proporção entre os gatos da empresa com o programa de promoção da saúde e sua economia em gastos com saúde de seus beneficiários. No total, durante o período de seis anos, o programa apresentou um custo de US$ 1,4 milhão mas que gerou uma economia na área de gastos em saúde para empresa de US$ 3,6 milhões. O que significa que para cada US$1 investido em promoção, a empresa deixou de gastar US$2,56.
Além da economia de recursos, é preciso considerar, também, que há um ganho de produtividade, com colaboradores mais dispostos e com mais qualidade de vida. O que é bom para todos.
Entre os idosos, a diabete Mellitus e as doenças cardiovasculares causam mais gastos catastróficos em saúde (aqueles que correspondem a mais de 10% da renda anual do indivíduo) do que o câncer. Essa é a conclusão da pesquisa “Catastrophic Health Care Expenditure among Older People with Chronic Diseases in 15 European Countries” (apresentada na última edição do Boletim Científico com o título “Gastos catastróficos com saúde entre idosos com doenças crônicas em 15 países europeus”).
O estudo analisou a prevalência de doenças crônicas em indivíduos com mais de 50 anos de 15 países da União Europeia (Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, França, Alemanha, Hungria, Itália, Holanda, Polônia, Portugal, Espanha, Eslovênia, Suécia e Suíça) e apontou que mesmo para os planos de saúde com conta de poupança e franquia anual (já apresentados aqui no Blog), que tendem a entregar resultados melhores para os beneficiários (muito em decorrência da liberdade de escolha desses a partir dos indicadores de custo-efetividade a que têm acesso), o impacto econômico-financeiro dessas doenças é muito elevado.
O estudo indica, ainda, que o comprometimento de recursos com gastos catastróficos em saúde não é negativo apenas para o beneficiário, mas para as operadoras e, em última análise, para a economia desses países que já têm maior prevalência de população idosa. Para evitar essa situação, o estudo recomenda a adoção de mecanismos de amortização de gastos out-of-pocket (quando é o beneficiário que paga pelo tratamento), como a adoção de subsídios ou mesmo a inclusão de alguns tratamentos na lista de procedimentos que o beneficiário não precisa pagar mesmo antes de atingir a franquia do plano; modelo adotado para consultas e exames preventivos.
Outra solução, não apontada pelo estudo, mas que, em nossa opinião, pode ser até mais efetiva é apostar em programas de promoção da saúde. Especialmente porque, com a expectativa de vida cada vez maior, a tendência é que esses eventos se tornem ainda mais frequentes. Afinal, prevenir é sempre melhor que remediar. Principalmente quando o assunto é saúde.
Uma das principais causa de morte, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) foram o foco do trabalho vencedor da categoria de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida do II Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar (edição 2012): “Fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis na população de belo horizonte”, de Bruna Mara Duarte.
De acordo com o estudo, maus hábitos como tabagismo, sedentarismo e alimentação não saudável contribuem fortemente para o surgimento de DCNTs de maior ou menor gravidade, como doenças cardiovasculares, neoplasias, diabetes, obesidade e doenças respiratórias.
O trabalho vencedor buscou identificar a prevalência de fatores de risco tanto na população geral quanto entre os beneficiários de planos de saúde em Belo Horizonte. Os resultados apontam que adultos com baixa escolaridade, nos dois grupos, apresentaram maior frequência para comportamentos de risco, como o consumo de tabaco, carnes com gordura excessiva e leite integral, sedentarismo, baixa ingestão de frutas, verduras e legumes e pouco cuidado com a radiação ultravioleta.
Para combater tanto os fatores de risco quanto o aumento da prevalência de DCNTs, o estudo indica que a melhor solução é focar em programas de Promoção da Saúde e em campanhas de incentivo a exames de rotina para detecção de hipertensão, diabetes, doenças do coração e dislipidemias.
O Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar é a mais importante premiação de trabalhos acadêmicos com foco em saúde suplementar no Brasil.
Se você também tem um trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado), com foco em saúde suplementar, nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida, inscreva-se, gratuitamente, até 15 de setembro. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores trabalhos de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro.
O estresse ocupacional é um dos maiores problemas de saúde no mundo. Além de poder causar distúrbios psicológicos, comportamentais e médicos, está diretamente ligado a sete das dez principais causas de morte no mundo, inclusive às doenças cardiovasculares. O problema, contudo, pode ser evitado com gestão preventiva do estresse e programas de promoção da saúde nas empresas.
Nós já apontamos aqui, no Blog, que empresas com investimentos em políticas de bem-estar e de promoção de saúde apresentaram crescimento cerca de 5% superior quando comparadas a outras e listamos soluções e propostas para tornar essas práticas rotina em organizações de todos os portes.
Agora, o estudo “Occupational Stress: Preventing Suffering, Enhancing Wellbeing” (Estresse Ocupacional: previnindo o sofrimento, melhorando o bem-estar, em tradução livre), apresentado na última edição do Boletim Científico, dá uma dimensão mais precisa de porquê esses programas são tão importantes. Não só para a saúde financeira das organizações, mas principalmente para a qualidade de vida de seus colaboradores.
De acordo com o estudo, o estresse é inevitável e, às vezes, inclusive necessário para o trabalho. Contudo, ele não tem que se tornar uma desordem com efeitos psicológicos, comportamentais ou médicos. Para evitar que o estresse chegue a esse ponto, o estudo aponta que é fundamental trabalhar o ambiente de trabalho, buscando prevenir desgastes desnecessários, haver colaboração entre as pessoas de todas as funções organizacionais relacionadas, criar sistemas de vigilância para alerta precoce de sofrimento e disfunção e adotar políticas de intervenções de proteção e prevenção, inclusive com acompanhamento psicológico, se necessário.
A promoção da saúde e o tratamento continuo de doenças crônicas são dois dos pontos mais importantes para propiciar mais qualidade de vida para as pessoas, que estão vivendo cada vez mais, e também para assegurar a sustentabilidade da saúde suplementar. Mas como assegurar que programas de gerenciamento de doenças crônicas sejam efetivos?
O assunto é tema do estudo “O cliente como coprodutor do serviço: a adesão do paciente a programas de gerenciamento de doenças crônicas”, de João Mendes Succar, vencedor da categoria Promoção da Saúde e Qualidade de Vida do III Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar (edição de 2013).
De acordo com o estudo, o fator fundamental para o sucesso deste tipo de programa é o nível de adesão do paciente, que precisa ter clareza de seu papel no tratamento, capacidade e motivação de cumpri-lo. Succar separa a questão em duas esferas: uma, referente à conscientização do paciente; e, outra, às ações cotidianas que este deve tomar como parte do tratamento.
A adesão em relação à primeira esfera, de acordo com o trabalho, parece ser mais alta, uma vez que o próprio estado do paciente, portador de uma doença crônica, já o incentiva a adotar uma postura diferenciada. Já a adesão em relação à segunda esfera se mostra mais baixa, uma vez que, nesse caso, são exigidos sacrifícios diários tais como a prática de exercícios físicos e o controle da alimentação. Por exemplo, um paciente com diabetes que saiba de sua condição logo se conscientiza de que terá que fazer mudanças, como passar a tomar doses regulares de insulina. Por outro lado, ele pode não enxergar a manutenção de uma dieta equilibrada, o controle do peso, a prática de exercícios físicos etc. como parte integrante e fundamental de seu tratamento.
Nesse caso, o estudo destaca a importância de profissionais como nutricionistas e psicólogos, que podem ajudar os pacientes a superar esses obstáculos do dia a dia, além de adicionar subsídios para que os gestores dos programas de gerenciamento de doenças crônicas possam atuar preventivamente ou corretivamente sobre a capacidade efetiva do paciente cumprir o tratamento proposto e sobre seus níveis de motivação.
O Prêmio IESS é a mais importante premiação de trabalhos acadêmicos com foco em Saúde Suplementar no Brasil. Se você também tem um trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) relacionado à Saúde Suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida, inscreva-se, gratuitamente, até 15 de setembro. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores trabalhos de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro.