A utilização de aplicativos de dispositivos móveis, como celulares, para cuidar da saúde é uma realidade cada vez mais presente no nosso dia a dia. Mas até que ponto esses aplicativos são realmente eficazes em promover uma mudança comportamental e, efetivamente, auxiliar as pessoas a cuidarem melhor da própria saúde?
No último Boletim Científico apresentamos o estudo “Mobile Health Apps to Facilitate Self-Care: A Qualitative Study of User Experiences” (Aplicativos móveis de saúde para facilitar o autocuidado: um estudo qualitativo das experiências dos usuários, em tradução livre), que busca responder exatamente essa pergunta. E os resultados são positivos.
O estudo acompanhou a utilização de aplicativos para o controle de doenças crônicas, como diabetes, asma, doença celíaca, pressão arterial e enxaqueca crônica, mas também para gestão da dor, depressão, irregularidade do ciclo menstrual e exercícios físicos. De acordo com os pesquisadores, foram detectados benefícios como maior autoconsciência e autogestão da doença e capacidade de enviar dados para profissionais de saúde sem necessitar de visitas repetidas, entre outros.
Contudo, a pesquisa apontou, também, que a taxa de utilização dos aplicativos tende a cair após as primeiras semanas de uso, quando os objetivos iniciais são alcançados. O que constitui um desafio de adaptação para manter os pacientes engajados e mais ativos em relação a própria saúde.
Na última quinta-feira (14/7), comentamos, aqui no Blog, alguns dos resultados do Mapa Assistencial da ANS, que apontavam a superutilização de exames, entre outros dados. Hoje, trazemos uma nova análise sobre alguns dos números disponíveis no documento. Os resultados destacam a necessidade de se repensar o setor, aprimorando sua gestão e enfrentando desafios como a adoção de programas efetivos de promoção da saúde e o redimensionamento da rede de atendimento. Vamos a eles:
A despesa assistencial das operadoras de planos de saúde médico-hospitalares com internações cresceu 10% entre 2014 e 2015, saltando de R$ 47,25 bilhões para R$ 51,97 bilhões, mesmo com a redução de 1 milhão no total de beneficiários.
Os números estão em linha com as projeções de crescimento de 30% nas despesas com internações até 2030, que apresentamos no TD 57 – Atualização das projeções para a saúde suplementar de gastos com saúde: envelhecimento populacional e os desafios para o sistema de saúde brasileiro. Também já comentado aqui no Blog.
Constatamos, também, que o aumento nas despesas assistenciais com internações se deve tanto ao incremento no custo de insumos hospitalares, quanto na frequência de utilização desse serviço. No total, o número de internações de beneficiários avançou 4,5%, saindo de 7,6 milhões, em 2014, para 7,9 milhões em 2015. Já o custo por internação subiu de R$ 6.229,96 para R$ 6.558,84, no mesmo período. Alta de 5,3%.
No total, em 2014, havia 0,15 beneficiário para cada internação. Já em 2015, com a diminuição de 1 milhão de vínculos principalmente em função da retração da economia, das perdas de emprego e da retração na renda das famílias – outro assunto que já debatemos no Blog –, foi registrada a razão de 0,16 beneficiário para cada internação. Caso o total de beneficiários de 2015 tivesse se mantido o mesmo do ano anterior, e a frequência de internações tivesse subido no mesmo ritmo, as despesas assistenciais de operadoras de planos de saúde com este serviço teriam chegado a ordem de R$ 53 bilhões. Nesse caso, as despesas com internações teriam avançado 12,2% entre 2014 e 2015.
O Mapa aponta, ainda, avanço de 17,7% nas despesas assistenciais com terapias, que totalizaram R$ 2,9 bilhões em 2015; e incremento de 11,6% nas despesas com exames, que totalizaram R$ 25,2 bilhões no mesmo ano.
Conforme prometemos, hoje começamos a publicar as entrevistas com os avaliadores do VI Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar.
Responsável por avaliar os trabalhos da categoria Promoção da Saúde e Qualidade de Vida, o Dr. Alberto Ogata é diretor técnico da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), presidente da Associação Internacional de Promoção da Saúde no Ambiente de Trabalho (IAWHP) e coordenou o Laboratório de Inovação Assistencial da OPAS e ANS.
Entusiasta do Prêmio IESS, Ogata afirma que o Brasil, infelizmente, ainda utiliza muitas informações e modelos desenvolvidos em outros países para a análise do sistema de saúde, mesmo tendo características muito singulares. Segundo ele, para mudar esse cenário e propiciar bases mais solidas para as decisões dos gestores do setor, é fundamental que tenhamos, cada vez mais, pesquisas bem realizadas utilizando dados nacionais, com foco nos sistemas de regulação e financiamento locais. “Entre outras iniciativas do IESS, o Prêmio (IESS) tem estimulado a divulgação da produção científica nacional nesse sentido”, ressalta ao lembrar que os trabalhos inscritos têm contribuído para sanar esta lacuna.
Leia, a seguir, o que Ogata espera dos trabalhos inscritos este ano e porque ele julga o Prêmio IESS como fundamental para o desenvolvimento do setor.
E não deixe de inscrever, gratuitamente, até 15 de setembro, seu trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) com foco em saúde suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro.
Blog do IESS – O que torna o Prêmio IESS tão importante?
Dr. Alberto Ogata – Esta é a principal premiação da saúde suplementar no Brasil porque permite aos vencedores a oportunidade de divulgar o seu trabalho e vê-lo utilizado em inúmeros locais, de maneira aplicada e no dia a dia das organizações.
Blog – Isso é raro?
Dr. Ogata – Muitas vezes, são produzidos trabalhos de alta qualidade na área acadêmica que seriam muito úteis para a aplicação no cotidiano do setor saúde. Contudo, é comum o pesquisador ficar frustrado ao ver seu trabalho limitado à publicação em uma revista especializada sem ser aplicado na pratica.
Blog – E os trabalhos vencedores têm conseguido “romper essa barreira”?
Dr. Ogata – Sem dúvida. Trabalhos de grande relevância foram identificados nas últimas edições do Prêmio IESS e muitos têm embasado discussões e projetos no setor, além de estimular novas pesquisas. São trabalhos que têm contribuído para o aperfeiçoamento da gestão no setor.
Blog – O que o senhor espera ver na edição deste ano?
Dr. Ogata – O aumento na prevalência das doenças crônicas e o envelhecimento da população tornam absolutamente estratégica a adoção de programas bem estruturados de promoção da saúde. As recentes pesquisas populacionais mostraram que o cenário em relação aos fatores de risco (inatividade física, tabagismo, alimentação inadequada, uso abusivo do álcool e obesidade) não tem melhorado. Isso demonstra que é preciso utilizar ações e programas de alcance populacional que sejam realmente custo-efetivos. As melhores medidas de gestão em internações hospitalares, uso de tecnologia e auditoria são insuficientes se cada vez mais tivermos pessoas com doenças crônicas demandando tratamentos complexos e caros.
Esses são alguns dos maiores problemas do setor hoje. Naturalmente, abordá-los é fundamental para a sustentabilidade do setor de saúde suplementar e, portanto, devemos ver trabalhos muito interessantes nesse sentido.
O diretor técnico da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) e membro do Board of Directors do International Association of Worksite, Dr. Alberto Ogata, apresenta soluções e propostas para tornar a promoção da saúde rotina dentro de uma empresa. Ogata aponta que atitudes nesse sentido são boas para os colaboradores e também para a saúde econômico-financeira das organizações, já que empresas com investimentos em políticas de bem-estar e de promoção de saúde apresentaram crescimento cerca de 5% superior quando comparada a outras.
Segundo o executivo da ABQV, com a mensagem da promoção da saúde e de viver melhor dentro das empresas, é possível captar a atenção do trabalhador. O impacto destas políticas, explica, é sentido no sinistro dos planos de saúde e na queda da quantidade de afastamentos de funcionários. Assista a palestra na íntegra:
Dr. Alberto Ogata será um dos avaliadores do VI Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar. Estamos preparando uma entrevista sobre a premiação, na qual vamos conversar com ele sobre a importância da promoção da saúde para a saúde suplementar e quais as expectativas para os trabalhos vencedores da categoria. Pesquisadores, fiquem ligados e não deixem de inscrever, gratuitamente, até 15 de setembro, seu trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) com foco em saúde suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro.
Nas últimas semanas, temos apresentado alguns dos trabalhos vencedores da mais importante premiação em saúde suplementar do Brasil: o Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar (releia os posts sobre os vencedores das categorias Direito, Economia e Promoção da Saúde e Qualidade de Vida). Em comum, os trabalhos têm a capacidade de chamar a atenção de gestores e pesquisadores da cadeia de saúde suplementar, motivando debates e projetos de aperfeiçoamento do setor, o que contribui para o Prêmio crescer a cada ano que passa. Ou, nas palavras do superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, “Todo conhecimento que a gente produz alcança uma parcela cada vez maior do mercado e por isso, todo mundo que tem um trabalho bom quer mandá-lo para o Prêmio IESS”.
Mas o que será que podemos esperar da 6° edição do Prêmio IESS? Nos próximos dias vamos entrevistar os avaliadores da premiação deste ano e contar, na visão deles, qual a importância da premiação e quais as expectativas para os trabalhos recebidos.
Se você acredita que pode corresponder, ou superar, essas expectativas, inscreva, gratuitamente, até 15 de setembro, seu trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) com foco em saúde suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro.
Para aquecer, vídeo do V Prêmio IESS, realizado em 2015, com a participação dos avaliadores da edição e dos premiados:
Segunda (27/6), aqui no Blog, apresentamos um estudo sobre os impactos do envelhecimento da população brasileira na saúde suplementar e como o fim do bônus demográfico pode representar um risco, mas, também, uma oportunidade para o setor.
O fato é que a projeção acende uma luz amarela para os gestores do sistema de saúde. Indicando sobretudo a necessidade de redimensionamento da rede de atendimento. De acordo com o TD 57 – “Atualização das projeções para a saúde suplementar de gastos com saúde: envelhecimento populacional e os desafios para o sistema de saúde brasileiro” –, o envelhecimento da população deve mais que dobrar a quantidade de internações de beneficiários com 59 anos ou mais. Isso significa que, apenas para essa faixa etária, o total de internações irá saltar de 2 milhões, em 2014, para 4,1 milhões em 2030. Incremento de 105%.
A projeção, mesmo analisada isoladamente, preocupa. Até porque, esse é o grupo de beneficiários com maior prevalência de doenças crônicas (como diabetes e hipertensão arterial), que demandam mais atenção, recursos e, consequentemente, mais gastos. Soma-se aí, ainda, um aumento de mais de 100% em todos os grandes grupos de procedimentos: o total de consultas deve saltar de 43,1 milhões para 86,6 milhões; o número de terapias irá aumentar de 25,6 milhões para 51,8 milhões; e a quantidade de exames irá avançar de 204 milhões para 411,8 milhões.
Frente a este cenário, ganha peso, também, dar atenção às ações de promoção da saúde. Mudança necessária não só do ponto de vista da sustentabilidade do setor, mas, principalmente, para que a população tenha mais qualidade de vida para aproveitar esse aumento da longevidade. O estudo “Promoção da Saúde nas Empresas”, produzido para nós pelos especialistas Alberto Ogata e Michael O’Donnell, indica caminhos e ferramentas para o aprimoramento de ações nesse sentido.
O TD 57 ainda traz as projeções de crescimento do total de beneficiários, dos custos assistenciais (que devem quase quadruplicar) e de utilização da rede pelas demais faixas etárias. Vamos continuar nesse assunto em outros posts.
Hoje (31), o Dia Mundial Sem Tabaco alerta para os malefícios do fumo e os efeitos do tabagismo passivo. Temos desenvolvido diversos estudos sobre Promoção de Saúde, nos quais a questão do tabagismo é abordada com atenção.
No “Seminário Promoção da Saúde nas Empresas”, realizado pelo IESS em 2012, a Dra. Cristiane Penaforte, então representante do Ministério da Saúde, já apontava algumas ações prioritárias e os investimentos necessários para o enfrentamento de doenças causadas pelo tabagismo. Além de Campanha de Combate ao Fumo, o fomento de leis e resoluções que inibam o consumo do tabaco, regulem limites máximos de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono nos cigarros, além da restrição do uso de aditivos nos produtos, são algumas das ações sugeridas.
O tabaco é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, laringe e esôfago, de patologias respiratórias, do coração, AVC, entre outras moléstias. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 6 milhões de pessoas morrem por ano por causa de doenças associadas ao tabagismo, sendo que 600 mil pessoas têm sua saúde ameaçada por serem fumantes passivos.
O estudo “Promoção da Saúde nas Empresas”, produzido para nós pelos especialistas Alberto Ogata e Michael P. O’Donell, indica uma ferramenta para mensurar os riscos de hábitos que prejudicam a saúde (incluindo o tabagismo). O CDC Worksite Health ScoreCard foi desenvolvida por uma equipe de profissionais da CDC Scorecard e da Emory University para ajudar empregadores a prevenirem doenças provocadas por hábitos como o tabagismo. As estratégias incluem serviços de aconselhamento (counseling), suporte ambiental, benefícios do plano de saúde para os colaboradores que decidirem largar o vício, entre outras iniciativas eficazes na prevenção de doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e problemas de saúde associados.
O tema merece ser acompanhado muito além do Dia Mundial Sem Tabaco. Essas datas ajudam a chamar a atenção ao tema, mas, o mais relevante, sem dúvida, é inserir o assunto no contexto da promoção da saúde e qualidade de vida.
No Estado norte-americano de Connecticut, as seguradoras comercializam, desde 2011, a modalidade de seguro saúde baseado em valor (value-based health insurance). Uma análise a partir da experiência desses planos é um dos destaques da última edição do Boletim Científico do IESS.
O modelo de plano baseado em valor combina coparticipação com o valor clínico da assistência. Logo, “a coparticipação é reduzida ou eliminada para tratamentos que apresentam fortes evidências quanto à sua capacidade de melhorar os resultados clínicos e de aumentar a eficiência do sistema de saúde”.
O estudo mostrou que a proporção de pessoas que tiveram consultas preventivas aumentou em 13,5 pontos porcentuais (p.p.) no primeiro ano do novo sistema, e 4.8 p.p. no ano seguinte, na comparação entre beneficiários do seguro baseado em valor em relação aos beneficiários de seguro de saúde tradicional. Outra constatação foi a do crescimento da probabilidade de realizarem consultas médicas entre a população de doentes crônicos. As taxas foram de 1,6 p.p. no primeiro ano e 1,2 p.p. no segundo ano.
A mostra estudada para esse documento foi formada pelos dados de sinistros de seguro saúde para empregados de empresas no estado de Connecticut e seus dependentes (64.165 pessoas, ao todo). Os beneficiários– com idades entre 18 e 64 anos- foram acompanhados no período de primeiro de julho de 2010 a 30 de junho de 2013.
Os pesquisadores manifestaram que os estudos não são conclusivos. Entretanto, fica bastante claro, a nosso ver, que incentivos econômicos corretos podem estimular os beneficiários a seguirem com mais rigor os tratamentos e, principalmente, terem mais cuidado com a saúde.
Total de diabéticos quadruplicou nos últimos 30 anos e chegou a 422 milhões de pessoas em decorrência, principalmente, do estilo de vida
O número de pessoas com diabetes em todo mundo quadruplicou nos últimos 30 anos, chegando a 422 milhões, o que representa uma em cada 11 pessoas. Ainda mais grave, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,5 milhão de diabéticos morreram em decorrência da doença em 2012. Apenas no Brasil há pouco mais de 10 milhões de diabéticos, o que representa 7,4% da população adulta. Uma realidade que sugere à sociedade a pensar em métodos de gestão de doentes crônicos, mas, principalmente, em programas de promoção da saúde.
A “proliferação” da diabetes na população mundial está muito relacionada aos hábitos alimentares, com dietas desbalanceadas, e à falta de atividades físicas. Temos alguns estudos importantes que analisam o tema da promoção da saúde, como o estudo “Promoção da Saúde nas Empresas”, produzido pelos especialistas Michel P. O’Donnell e Alberto José N. Ogata.
Outro documento interessante é a apresentação feita Dra. Cristiane Penaforte, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, realizada em evento do IESS em 2012: “Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil”. O plano busca reduzir a obesidade em crianças e adolescentes por meio da mudança de hábitos alimentares e incentivo a atividade física em escolas e academias. Para os adultos, além das atividades preventivas, o plano destaca a necessidade de reduzir o consumo abusivo de álcool.
A promoção da saúde é, sem dúvida, uma grande aliada no enfrentamento de doenças crônicas como o diabetes. Principalmente por seu caráter preventivo.