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Maio 2017
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A variação dos custos médico-hospitalares, medida pelo VCMH/IESS registrou alta de 19,4% nos 12 meses encerrados em setembro de 2016. A maior variação para o período registrada pelo indicador desde o início da série histórica, em 2007. A título de comparação, a inflação geral do País, medida pelo IPCA, ficou em 8,5% no mesmo período. O resultado é bastante negativo, principalmente por apontar recorde no aumento dos custos enquanto o setor continua a registrar quedas consecutivas no total de beneficiários. O que deveria resultar em menor pressão dos custos, já que há menos beneficiários utilizando os serviços. 

Além dos custos assistenciais em alta e da redução do total de vínculos, o setor ainda recebeu autorização da ANS para reajustar as contraprestações dos beneficiários de 13,55%, que apesar de acima da inflação geral, está abaixo do aumento dos custos. Movimento que certamente põe em risco a sustentabilidade do setor

Há causas para o VCMH permanecer tão elevado por tanto tempo. A primeira delas é o sistema de pagamento das operadoras aos prestadores de serviços, que se assemelha a um ‘cheque em branco’. A chamada ‘conta aberta’, ou fee-for-service, absorve todos os custos, inclusive desperdícios e falhas assistenciais. Todos os insumos são adicionados à conta hospitalar e, dessa forma, os prestadores buscam o máximo consumo possível com o objetivo de obter a máxima remuneração. Um desincentivo total à eficiência.

Outra causa é a falta de transparência. Hoje, não é possível saber se a precificação por um serviço é justa porque não há como comparar os diferentes prestadores. É o caso dos hospitais. Os custos dos serviços se baseiam em uma “percepção de qualidade”, mas não há certeza de que um prestador é melhor do que outro porque simplesmente não se conhecem os indicadores de desempenho e qualidade assistencial.

Isso abre espaço para práticas de corrupção, como se tem repercutido na imprensa nos últimos anos em diversas denúncias, especialmente na área de materiais e medicamentos, o que, obviamente, impacta em aumento de custos para o sistema.

O Brasil precisa promover uma reforma do sistema de saúde suplementar. Nem consumidores, nem empresas contratantes de plano de saúde têm condições de absorver reajustes de dois dígitos por longos períodos. Ou o País avança na modernização dos modelos de pagamento por serviços de saúde e em uma agenda de transparência nessa área, ou o sistema corre o sério risco em poucos anos.

Maio 2017
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Atualizamos o mais importante indicador utilizado pelo mercado de saúde como referência sobre o comportamento de custos, o Índice de Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH), que registrou alta de 19,4% nos 12 meses encerrados em setembro de 2016. Essa é a maior variação para o período registrada pelo indicador desde o início da série histórica, em 2007. A título de comparação, a inflação geral do País, medida pelo IPCA, ficou em 8,5% no mesmo período.

O resultado do VCMH é bastante negativo, principalmente por apontar recorde no aumento dos custos enquanto o setor da saúde suplementar continua a registrar quedas consecutivas no total de beneficiários de planos médico hospitalares. O que deveria resultar em menor pressão dos custos, já que há menos beneficiários utilizando os serviços. Vale lembrar que além dos custos assistenciais em alta e da redução do total de vínculos, o setor ainda recebeu autorização da ANS para reajuste das contraprestações dos beneficiários de 13,55%.

Nos próximos dias iremos analisar os resultados do VCMH aqui no Blog. Aguarde! 

Maio 2017
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O seminário Incorporação de Tecnologias na Saúde Suplementar vai contar com um conjunto de especialistas renomados para analisar esse tema tão sensível para a sustentabilidade da saúde suplementar do Brasil. São profissionais com grande conhecimento e experiência, que podem apontar soluções para esse fator de grande impacto nos custos e na eficiência da saúde. Traremos também uma visão internacional, para que possamos aprender com as experiências externas. Participe desse importante encontro que envolve a saúde suplementar do Brasil.

Palestrantes

Otávio Clark, CEO e Chefe de Equipe da Evidências

Nome reconhecido no Brasil em assuntos relacionados a medicina baseada em evidências, farmacoeconomia, avaliação tecnológica de saúde e acesso ao mercado. Com cerca de 20 anos de experiência na área, publicou vários trabalhos em revistas médicas. 

Luciano Paladini, Médico Analista da Evidências

Médico, desenvolve Avaliações de Tecnologias em Saúde (ATS), também fornecendo dados epidemiológicos para a alimentação de modelos de patient forecast. É coautor de vários artigos publicados em revistas médicas indexadas, nacionais e internacionais. 

Reynaldo Rocha do Nascimento Júnior, Coordenador de Gestão e Projetos em Saúde do Planserv

Cirurgião geral e mastologista e diretor da DUOMED (Auditoria e Consultoria em Saúde), coordenador de Gestão e Projetos em Saúde do Planserv – BA e gerente-médico-executivo do Hospital Santa Isabel (Santa Casa de Misericórdia da Bahia).

Sam Rossolimos, Diretor da Accenture na África do Sul

Médico, pertence ao American College of Healthcare Executives, foi executivo e membro de conselhos de administração de diversas organizações de saúde na África do Sul.

Debatedoras

Karla Coelho, Diretora de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS

Solange Beatriz Mendes, Presidente da Fenasaúde 

Confira a programação completa e inscreva-se agora

Maio 2017
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Estudos internacionais estimam que, desde a década de 1960, a adoção de novas tecnologias representa até 48% do crescimento de custos na saúde dos Estados Unidos. No Brasil, essa situação pode ser mais grave, provocada, entre outros fatores, pela ausência de critérios técnicos que considerem os impactos econômicos na incorporação de novas tecnologias.

Nesse contexto, o uso de instrumentos de Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS) se torna um fator essencial na saúde brasileira. 

É para analisar as consequências provocadas pela ausência de ATS no Brasil, entender como esse instrumento pode ser adotado e conhecer os benefícios obtidos internacionalmente que o IESS realiza um evento inédito com alguns dos mais importantes especialistas nesse tema. Um debate fundamental para garantir a sustentabilidade do setor. 

Confira a programação completa e inscreva-se gratuitamente, mas atenção, as vagas estão acabando! 

Maio 2017
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Você sabia que “VCMH” e “ATS” são os termos mais buscados em nosso site? Esses dois assuntos são foco de várias publicações aqui do blog e estudos em diversas publicações. A ferramenta de busca, no topo do site, nos permite não só conhecer melhor as áreas de interesse de vocês, como também a relevância de nossos conteúdos e nos mostra quais questões podemos abordar para tirar dúvidas dos nossos leitores.

Além de ser útil para nós, o mecanismo de busca também pode ser especialmente útil para você. É possível procurar por termos específicos ou conjuntos de palavras e filtrar pela área do site que você deseja consultar: Blog, Notícias, Eventos ou Publicações (pesquisas e boletins).

Na lista dos termos mais buscados, a projeção do VCMH encerrar 2016 com alta entre 18% e 20%, como apresentamos aqui no blog, é um dos resultados mais acessados.

Já a busca por ATS cresceu nos últimos dias, especialmente por conta do nosso próximo evento: o “Seminário Incorporação de Tecnologias na Saúde Suplementar”, que iremos realizar no dia 31 de maio, a partir das 8h, no Hotel Hilton Rio de Janeiro (Av. Atlântica, 1020). Confira a programação completa e inscreva-se gratuitamente. Mas atenção, as vagas são limitadas e as buscas pelo evento estão crescendo! 

Março 2017
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O índice Variação do Custo Médico-Hospitalar (VCMH) deve ter encerrado 2016 com alta entre 18% e 20% ao ano. O VCMH, já comentado aqui no Blog, é o principal indicador usado pelo mercado de saúde como referência para mensurar os custos dos planos médico-hospitalares individuais e familiares. Na média, segundo informações de mercado, também acompanha as variações de custos dos planos coletivos empresariais, os quais compõem o conjunto de referências usadas pela ANS na definição do índice de reajuste das mensalidades dos planos individuais, que deve ser anunciado nos próximos meses. 

Desde 2013, o VCMH/IESS registra fechamento anual superior a 15% ao ano. Nos seis primeiros meses de 2016, o indicador oscilou no patamar de 18% a 19,7% e não foi registrado nenhum sinal do mercado que aponte para a queda desses porcentuais. O que, em nossa opinião, é extremamente preocupante e coloca em risco o sistema de saúde suplementar. 

Basicamente, há três causas principais para o VCMH permanecer tão elevado por tanto tempo. A primeira delas é o sistema de pagamento das operadoras aos prestadores de serviços de saúde no Brasil, que se assemelha a um ‘cheque em branco’. A chamada ‘conta aberta’, ou fee-for-service, que absorve todos os custos, inclusive desperdícios e falhas assistenciais, como reinternações, por exemplo. Todos os insumos são adicionados à conta hospitalar e, dessa forma, os prestadores buscam o máximo consumo possível com o objetivo de obter a máxima remuneração. Um desincentivo total à eficiência.

Outra causa a potencializar os custos da saúde é a falta de transparência do setor. Não há transparência sobre indicadores de qualidade assistencial nos serviços de saúde, na formação de preços ou nas relações entre os atores da cadeia. Logo, não é possível saber se a precificação por um serviço é justa porque não há como comparar os diferentes prestadores. É o caso, por exemplo, dos hospitais. A precificação se baseia em uma percepção de qualidade, no poder de mercado em determinada localidade, mas não há certeza de que um prestador é melhor do que outro porque simplesmente não se conhecem os indicadores de desempenho e qualidade assistencial.

Da mesma forma, as falhas de mercado impossibilitam a comparação entre distintos fornecedores para um mesmo insumo de saúde e que a falta de legislação específica desobriga que consumidores e operadoras saibam se há relacionamentos comerciais entre prestadores de serviços e fornecedores, por exemplo. O que abre espaço para práticas de corrupção, como temos visto nos últimos anos em diversas denúncias, especialmente na área de materiais e medicamentos.

Por esses motivos, defendemos que o Brasil precisa, urgentemente, promover uma reforma do sistema de saúde suplementar. O que deve envolver prestadores de serviço de saúde, distribuidores e fornecedores de materiais, equipamentos e medicamentos. Nem consumidores e nem empresas contratantes de plano de saúde têm condições de absorver reajustes de dois dígitos por longos períodos e nem as operadoras são capazes de arcar com essa escalada de custos. Ou o País avança na modernização dos modelos de pagamento por serviços de saúde e em uma agenda de transparência nessa área, ou o sistema corre o sério risco de se desmantelar em poucos anos. 

Dezembro 2016
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Atualizamos, hoje, o mais importante indicador utilizado pelo mercado de saúde como referência sobre o comportamento de custos, o Índice de Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH), que registrou alta de 19% nos 12 meses encerrados em março de 2016. Essa é a maior variação já registrada no primeiro trimestre de um ano. A título de comparação, a inflação geral do País, medida pelo IPCA, ficou em 9,4% no mesmo período.

O resultado do VCMH é ainda mais impactante porque a expressiva alta coincide com um período em que quase 2 milhões de beneficiários deixaram a saúde suplementar. Portanto, mesmo com a forte saída de pessoas das carteiras dos planos de saúde, os custos continuaram batendo recorde. O que deve acender um sinal de alerta para o setor que precisa buscar ganhos de eficiência e novos modelos de remuneração que recompensem a performance e punam desperdícios, como já temos apontado.

Nos próximos dias iremos analisar os resultados do VCMH aqui no Blog. Aguarde! 

Outubro 2009
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A população mundial está envelhecendo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que haja 2 bilhões de idosos no mundo em 2025. Em 2000, havia 605 milhões. Em 15 anos o Brasil será o sexto país no mundo em número de idosos. Será que estamos preparados para isso?

Todos podemos adoecer. Este risco é alto no primeiro ano de vida, declina na infância e cresce com a idade, especialmente a partir dos 50 anos. Estudos em países da União Europeia mostram que os gastos aumentam em mais de 10 vezes para indivíduos acima de 70 anos, em relação aos gastos com pessoas entre os 5 e 19 anos. No Japão a história se repete: os gastos per capita em saúde para pessoas com mais de 75 anos são 7,5 vezes maiores do que para os jovens. No Brasil, os gastos com a saúde dos idosos é mais de seis vezes maior do que na infância. No entanto, é muito comum vermos consumidores reclamando que, ao completarem sessenta anos de idade, têm suas mensalidades nos planos de saúde reajustadas em valores exorbitantes. Por que será?

O sistema de planos de saúde funciona por mutualismo. As operadoras administram a arrecadação do pagamento das mensalidades e indenizam àqueles que precisaram fazer uso dos serviços médicos cobertos pelo plano naquele período. Se o idoso utiliza mais o seu plano, e portanto o risco médio de sua faixa etária é maior, compreende-se porque ele deve pagar uma mensalidade maior. A lei dos planos de saúde reconhece esse fato e permite que se discriminem as mensalidades dos beneficiários por faixas etárias, e exclusivamente por essas, mas isso não acontece livremente. A regulação que rege as operadoras de planos de saúde estabelece regras para a diferença de preços por faixa etária. São admitidas dez faixas etárias, o preço da última não pode ser maior do que seis vezes o da primeira e a variação da sétima para a décima não pode ser maior do que a variação entre a primeira e a sétima. Para as faixas intermediárias não há regras e os reajustes podem ser feitos nas mudanças de cada faixa ou de uma só vez.

Como a variação de custos entre a primeira e última faixa etária é maior do que seis vezes, o equacionamento exige que algumas gerações subsidiem outras. Para respeitar as regras de preço e o necessário equilíbrio econômico- financeiro, as operadoras cobram um pouco mais do que o risco (custo médio) das faixas abaixo dos 59 anos e menos do que o risco (custo médio) dos idosos. Assim, jovens pagam mais que o risco médio de sua faixa etária e os idosos, menos, com  os mais jovens subsidiando os mais idosos. Este mecanismo, no entanto, causa um problema: os mais jovens, percebendo essa diferença, optam por não contratar planos de saúde, havendo, assim, menor número de beneficiários entre a população mais jovem do que haveria se o prêmio correspondesse ao risco de cada faixa etária. Essa ‘fuga dos mais jovens’ reduz o valor que é transferido entre gerações para subsidiar o plano dos mais idosos, o que eleva o custo do plano para todos.. A consequência é que permanecem ou aderem ao plano os idosos e as pessoas que mais precisam dos serviços de assistência à saúde.

Estudo recente da Fipecafi e da Milliman[1] mostra que os percentuais de reajuste nas três últimas faixas etárias (a partir do 44 anos) calculados conforme a regulação são de fato altos. Algumas operadoras dispensam os reajustes intermediários e concentram toda a variação na passagem dos 58 para 59 anos, o que resulta em elevado percentual.

Não obstante o descontentamento que provoca, essa prática é benéfica para o consumidor, como mostra estudo do IESS.[2] Pela ótica financeira, o consumidor que tem seu plano reajustado segundo a regulação, porém concentrando o reajuste na última faixa etária, deixa de gastar  boa parte da mensalidade durante 10 anos. Esse valor aplicado mensalmente em caderneta de poupança acumularia valor suficiente para pagar 40 mensalidades do plano de saúde após os 60 anos. Neste modelo ganham os beneficiários e os planos de saúde, que mantém mais beneficiários jovens em suas carteiras e, com isso, têm os custos mais diluídos.

Ocorre que nem todos detêm esta informação. Apesar de constar em Lei e em contratos, o reajuste por faixa etária tem sido objeto de inúmeros processos judiciais. Entretanto, cabe abordar a repercussão econômico-financeira de decisões que superem regras pactuadas ou que alterem os parâmetros previamente estabelecidos.

As operadoras, para comercializar um produto, têm que realizar os cálculos atuariais para comprovar a capacidade de honrar o compromisso de garantir a assistência ao beneficiário no longo prazo. As empresas que concentram o reajuste na última faixa etária, o que não é vedado pelas normas, o fazem com base nestes cálculos. Decisões judiciais que não sigam estritamente o que foi previsto no contrato alteram o equilíbrio econômico-financeiro, podendo mesmo ameaçar a solvência da operadora.

O cenário para gastos em saúde é de comprometimento cada vez maior da renda, tanto de impostos como a dos indivíduos, para suprir as necessidades de assistência à saúde. Incentivar um comportamento prudente da população e apresentar as alternativas para o planejamento financeiro de longo prazo faz parte da mudança cultural necessária para enfrentar as mudanças no padrão de consumo decorrente do crescimento das despesas médico-hospitalares.

O brasileiro, que se criou na cultura inflacionária, tem arraigada a cultura do ganhar para gastar na mesma hora. Porém o cenário econômico mudou e esse novo momento exige uma mudança cultural da população para planejar suas rendas e despesas no longo prazo, tornar-se mais responsável pela suas ações e se preparar para a aposentadoria, quando a renda diminui e os gastos crescem.

 

[1] http://www.iess.org.br/html/FaixaEtariaParecerTecnicoAtuarial.pdf

[2] http://www.iess.org.br/html/TD00232009reajustefaixaetaria.pdf

 

Autor: José Cechin - Superintendente-executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e ex-Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social.