Como temos demonstrado nos últimos dias, a VCMH tem apresentado alta não apenas no Brasil, mas no mundo como um todo. De modo geral os motores dessa variação são os mesmos: incorporação de novas tecnologias (principalmente quando esse processo não é acompanhado da devida avaliação de custo-efetividade) e envelhecimento da população.
Além desses fatores, o Brasil conta com mais algumas particularidades, como o período de recessão econômica, aumento do desemprego que resultou na queda do total de beneficiários (sem uma correspondente redução de custos assistenciais), casos de judicialização da saúde e com os elevados custos de OPMEs.
Por conta desses problemas, de acordo com o TD 69 - "Tendências da variação de custos médico-hospitalares: comparativo internacional" –, embora as estimativas da VCMH variem um pouco entre os relatórios das principais consultorias que apuram o comportamento do indicador no mundo (Aon Hewitt, Mercer e Willis Towers Watson), a VCMH do ano de 2017 para planos empresariais médico-hospitalares do Brasil é de aproximadamente 17%, o que nos coloca entre os 10 países de maior VCMH do mundo.
De acordo com o relatório da Mercer, por exemplo, a VCMH do Brasil é de 17,1% o que classificaria o País como a 3° maior VCMH entre os países analisados. Atrás apenas da Argentina, com VCMH de 32,2%; e do Egito, com 37,3%. Já no relatório da AON, o Brasil apresenta VCMH de 17,2%, ficando com a 9° posição entre os países analisados; e no da Towers, o País ocupa a 10° colocação com VCMH de 17%.
Para tentar controlar o avanço dos custos médico-hospitalares não há soluções fáceis. Contudo, algumas medidas vêm sendo adotadas com êxito por diversos países, como: incentivar o uso de prestadores que possuem melhores indicadores de qualidade; conhecer a população coberta em cada plano, para que o serviço seja o mais personalizado possível; engajar as empresas contratantes de planos empresariais e seus beneficiários na promoção da saúde e prevenção de doenças; e, principalmente, adotar modelos de pagamento por valor para os prestadores de serviços de saúde.
A questão de modelos de pagamento, já foi abordada aqui no Blog por diversas vezes, como pode ser visto em nossa área temática que aponta mudanças fundamentais para evitar desperdícios como os que já sabemos acontecer com frequência no modelo de conta aberta adotado no Brasil.
Para ilustrar o controle (ou descontrole) dos países sobre o aumento dos custos médico-hospitalares, amanhã iremos apresentar um comparativo de quantas vezes a VCMH é superior à inflação geral da economia.
Na última quarta-feira (18/4), aqui no Blog, lançamos o TD 69 – Tendências da variação de custos médico-hospitalares: comparativo internacional – e prometemos um especial com cinco posts sobre a Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH), os motivos para que o indicador apresente avanços constantes no Brasil e no mundo e mecanismos para combater esse crescimento.
Para começar, contudo, é fundamental deixar claro qual a diferença entre o índice VCMH e outros indicadores econômicos mais conhecidos, como o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que detecta a inflação geral do País. Basicamente, enquanto a inflação medida pelo IPCA avalia a variação dos preços de uma cesta de produtos, o VCMH varia em função tanto do aumento dos custos dos serviços de saúde quanto da frequência de utilização deles. Ficou claro? Provavelmente não...
Na prática, a diferença é a seguinte: se o IPCA aponta que o quilo da batata subiu 10%, ao invés de pagar R$ 2 pelo quilo do produto (o valor é apenas ilustrativo) você pagaria R$ 2,20; Se o preço abobrinha subiu 20% e o da berinjela caiu 5%, ao “fazer a feira” você provavelmente irá trocar um produto pelo outro e comprar o suficiente para alimentar sua família até que o preço dos produtos que vocês mais gostam voltem a um patamar usual. É a lei da oferta e da procura. Se as pessoas deixam de consumir um item, seu preço tende a cair; se muitas pessoas querem a mesma coisa, seu preço tende a subir.
Agora, imagine esse cenário no mercado de saúde. Se o custo do raio-X subir 10% e você precisa verificar se quebrou um osso ou confirmar uma suspeita de sinusite, vai deixar de fazer o exame? Pois é, não há como. Substituir também não costuma ser a saída mais eficiente, seja pelas particularidades de cada procedimento, muitas vezes específicos para o caso tratado, seja porque a alternativa costuma ser ainda mais cara. Apenas para ficar no exemplo dado, uma ressonância magnética da perna pode ter um custo mais de 5 vezes superior ao de um Raio-X, já um PET custa ao menos 4 vezes mais que a ressonância.
O mesmo vale para consultas, internações, outros exames, terapias e os demais serviços de saúde. E se substituir não é uma opção viável, deixar de usar o sistema de saúde nem pensar. Para completar, dado o envelhecimento populacional pelo qual estamos passando (para saber mais, consulte nossa área temática), a tendência é aumentar a utilização desses serviços, não diminuir.
Para entender a diferença do VCMH para o IPCA basta fazer um exercício de raciocínio bastante simples. Imagine um cenário em que o preço dos serviços de saúde não avance, mas a utilização deles sim. Por exemplo, vamos assumir que, em 2016, foram realizadas 1 milhão de consultas com o custo médio de R$ 100 e, em 2017, foram realizadas 1,1 milhão de consultas também com o custo médio de R$ 100. De acordo com a metodologia do IPCA, a variação nesse cenário é inexistente, já que o preço por consulta não oscilou. Já o VCMH registraria um aumento de 10% uma vez que o custo total para a realização desses procedimentos avançou de R$ 100 milhões (R$ 100 vezes 1 milhão de consultas) para R$ 110 milhões (R$ 100 vezes 1,1 milhão de consultas). Considerando que além da utilização do serviço, o custo da consulta também tivesse subido de R$ 100 para R$ 110, o IPCA iria registrar um aumento de 10%, já o VCMH apontaria alta de 21% uma vez que o custo total teria subido de R$ 100 milhões (como no exemplo anterior) para R$ 121 milhões (R$ 110 vezes 1,1 milhão de consultas).
A metodologia aplicada pelo IESS, no Brasil, para calcular a VCMH é amplamente reconhecida e adotada em diversos países ao redor do mundo. No TD 69, unimos os dados de três das principais consultorias que apuram o comportamento do VCMH (Aon Hewitt, Mercer e Willis Towers Watson), traçando, pela primeira vez, um panorama geral e integrado do indicador no mundo, ao invés da fotografia parcial capturada por cada um dos relatórios. Mas isso é assunto para amanhã. Não perca!
Você deve ter visto que falamos sobre o novo estudo que projeta alta dos custos com saúde em todo o mundo para os próximos anos. O trabalho “2018 Global Health Care Outlook: The evolution of smart health care” buscou traçar um panorama do atual cenário, levantar tendências e direções para que prestadores, planos de saúde, governos e outros agentes possam proporcionar saúde de qualidade, centrada no paciente e com o auxílio da tecnologia.
Sobre o momento atual do setor de saúde em todo o mundo, o estudo mostra que é provável que os fornecedores de cuidados com a saúde continuem convivendo com margens de lucro reduzidas e aumento dos custos. A projeção é que, até 2020, as despesas com cuidados de saúde nas principais regiões do mundo irão chegar a US$ 8,7 trilhões, cerca de 25% acima dos US$ 7 trilhões registrados em 2015.
A resposta à esta preocupação não é novidade para quem nos acompanha e faz parte dos pontos centrais do relatório, como a busca de evidências que auxiliem a tomada de decisão em um momento de mudança e incerteza; substituição da visão estratégica do setor, mais baseada no volume do que no benefício ao paciente; investimento em tecnologias que podem acarretar em economia; envolver cada vez mais o consumidor, entre outros pontos de destaque.
Uma importante preocupação é levantada pelo estudo. Como sabemos, parte dos cuidados em saúde não sofrem alteração com a criação de novas tecnologias, no entanto, a formação da força de trabalho merece, sim, atualização constante com as mudanças cada vez mais rápidas. A chamada “quarta revolução industrial” com o uso mais constante de ferramentas digitais, robótica, entre outras, terá papel fundamental na resolução de problemas de saúde atuais e do futuro.
Cabe, portanto, às instituições e organizações do setor em âmbito global a responsabilidade de estimular e propiciar subsídios para a união dos recursos humanos e tecnológicos que irá, certamente, representar avanço na assistência, redução de erros, fraudes e desperdícios em toda a cadeia.
Falamos aqui diariamente das evoluções, desafios e necessidades dos setores de saúde em todo o mundo com um objetivo principal: fornecer informação e conhecimento para a promoção da saúde do paciente e do setor. Sendo assim, buscamos dar voz também para outros agentes que atuam na construção de um sistema de saúde mais eficaz.
É exatamente com esse objetivo que a Deloitte divulgou recentemente o estudo “2018 Global Health Care Outlook: The evolution of smart health care” em que analisa o atual cenário e levanta tendências para as diferentes áreas que impactam o setor de saúde, seja governo, prestadores de serviço, indústria e outros.
O relatório aponta que os gastos globais com saúde devem aumentar a uma taxa anual de 4,1% entre 2017 e 2021, um avanço de 2,8 pontos percentuais quando comparado ao crescimento de 1,3% ao ano entre 2012 e 2016. Os motivos são aqueles que já apontamos no TD 57 – “Atualização das projeções para a saúde suplementar de gastos com saúde: envelhecimento populacional e os desafios para o sistema de saúde brasileiro”. Envelhecimento e aumento da população, expansão do mercado e progressos tecnológicos estão entre eles.
Apontamento recorrente no setor, o estudo reitera que nem sempre os gastos mais elevados vão gerar melhores resultados e maior valor para a saúde do paciente. É necessário, portanto, uma análise mais fundamentada da relação custo e efetividade para a adoção de diferentes tecnologias. "Com a alta dos custos e a redução das margens de lucro, o setor de cuidados com a saúde busca maneiras inovadoras e econômicas de oferecer a qualidade, os resultados e o valor que os consumidores procuram", afirmou Terri Cooper, líder global do setor de Health Care da Deloitte, em divulgação para a imprensa.
Continuaremos a apresentar novas informações que auxiliem na promoção da sustentabilidade do setor por meio da produção de conhecimento para a tomada de decisão e na construção de um sistema de saúde justo. Continue acompanhando.
Em matéria publicada na última semana, o Jornal Folha de Pernambuco tocou num importante tema para a saúde e algo que falamos periodicamente. Os gastos com saúde em todo o país e os diferentes motivos que elevam esses valores. Logo no início da matéria, o jornal reforça a pesquisa IESS/Ibope que mostra que o plano de saúde é o terceiro maior desejo da população, atrás da casa própria e de educação. O principal empecilho, apontado por 78% dos não beneficiários, é justamente o custo do plano.
Aqui vale uma ressalva: a matéria aponta que a saúde suplementar arrecadou R$ 161 bilhões para atender 23% da população brasileira, ou 47,4 milhões de beneficiários. Cabe lembrar, no entanto, como são empregados os recursos advindos do valor pago aos planos de saúde. Como pode ser visto aqui, de cada R$ 100 pago às operadoras, R$ 85,58 são gastos assistenciais com serviços médicos, R$ 11,31 são destinados para o pagamento de despesas administrativas (como tributos) e apenas R$ 3,11 ficam de resultado. Sendo que o valor médio das mensalidades dos planos em dezembro de 2016 (o dado mais recente disponível) foi de R$277,01 para os planos médico-hospitalares.
A publicação mostra alguns dos motivos que alavancam os gastos com saúde em todo o país, como a adoção de novas tecnologias, o processo de mudança demográfica com o envelhecimento da população e o modelo de pagamento mais recorrente no país, o fee for service (FFS), que privilegia a quantidade de atendimentos e não a qualidade e incentiva a maior utilização de procedimentos e insumos, gerando mais desperdício em toda a cadeia. Como já apontamos aqui, aproximadamente 19% dos gastos assistenciais da saúde suplementar no país são consumidos por desperdícios e fraudes. Algo na casa dos R$25,5 bilhões no ano de 2016, somando contas hospitalares e de exames.
A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) faz coro com nossas pesquisas e levantamentos sobre o impacto desses fenômenos nos custos com saúde no Brasil e ainda lança um alerta para a população. “A Abramge entende que a sociedade deve participar mais ativamente desta discussão com questionamentos como: ‘É realmente necessário determinado procedimento, sendo que existe outro similar mais barato? Estou disposto a arcar com os aumentos em virtude dessas novas tecnologias?’”, afirma.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido para garantir a sustentabilidade do setor e uma série de medidas devem ser tomadas para isso. Algo importante nessa jornada é o empoderamento do paciente, com mais informações e ferramentas para gerenciar melhor a sua saúde, seja sobre a incorporação de novas tecnologias ou ainda no uso dos diferentes procedimentos.
O gasto de planos de saúde com consultas, exames e procedimentos assistenciais deverá passar dos R$ 170 bilhões em 2018, um avanço de 8,7% em relação a 2017, de acordo com projeção da Associação Brasileira de Planos de Saúde (ABRAMGE) que já apontamos aqui. Diversos fatores contribuem para esse aumento, como mostra a reportagem “Os desafios dos planos de saúde”, publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Nós temos, constantemente, buscado apontar caminhos para combater esse avanço e fornecer subsídios técnicos para auxiliar gestores e tomadores de decisões na busca pela sustentabilidade econômico-financeira do setor. Por exemplo, com o estudo “Arcabouço normativo para prevenção e combate à fraude na saúde suplementar no Brasil”, que realizamos em parceria com a PwC Brasil, para destacar a necessidade de mudanças regulatórias no País.
Claro, como buscamos sempre fomentar o debate, não nos restringimos aos estudos que nós produzimos e buscamos sempre trazer outros trabalhos e iniciativas que possam contribuir para este debate e para a implementação de novas ações. Por isso, hoje, gostaríamos de destacar alguns materiais externos.
O primeiro é a reportagem “Atenção primária é saída para conter custo”, publicada hoje no jornal Valor Econômico, que traz um relato sobre o congresso realizado pelo International Finance Corporation (IFC), no fim da semana passada, em Miami, com 450 representantes de empresas do setor de saúde de mais de 70 países.
O grande destaque da convenção foi a necessidade de focar em atenção primária e, nesse sentido, algumas empresas apresentaram cases interessantes que podem (devem) ser analisados pelo mercado. Entre elas, duas brasileiras: NotreDame Intermédica e Prevent Senior.
Maureen Lewis, CEO da Aceso Global, também falou no evento e destacou a necessidade de mudar padrões de uso dos serviços de saúde, como a procura exagerada por pronto-socorro em casos que não são nem de urgência nem emergência. Sobre o assunto, vale rever a palestra que ela deu em nosso seminário "Qualidade e Eficiência na Saúde": “Revolucionando o sistema de saúde por meio da qualidade e eficiência”.
Falando em atenção primária à saúde e sua importância para trazer mais racionalidade ao setor, não poderíamos deixar de apontar a iniciativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) “Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde”, instituído pela Resolução Normativa (RN) 440, que visa incentivar as operadoras de planos de saúde a desenvolverem redes de atenção ou linhas de cuidado em atenção primária. A ação tem foco especial também no acompanhamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), assunto que tratamos aqui recentemente. Vale ler, também, a reportagem “ANS lança programa para incentivar planos a terem linhas de prevenção”, do Correio Braziliense.
Por fim, queríamos lembrar o trabalho vencedor da categoria Promoção de Saúde e Qualidade de Vida no VII Prêmio IESS, “Atenção Primária na Saúde Suplementar: estudo de caso de uma Operadora de Saúde de Belo Horizonte”, de Eulalia Martins Fraga, um dos primeiros no País sobre o tema.
O estudo “Low-value medical services in the safety-net population” (“Serviços médicos de baixo valor para a saúde na população vulnerável”) publicado no 18º Boletim Científico, comparou o uso de serviços de saúde de alto e baixo valor por pessoas sem seguro de saúde, beneficiários do seguro público para pessoas de baixa renda (Medicaid) e pacientes com seguro saúde privado nos Estados Unidos.
Para os autores, os gastos em serviços médicos que geram baixo valor para a saúde podem consistir em custos desnecessários, sendo mais adequado priorizar os serviços que geram alto valor, especialmente quando se tem poucos recursos à disposição para financiar o setor. Portanto, sugerem que o governo e as empresas de seguridade privada devem dar mais atenção ao uso excessivo de serviços de baixo valor, tentar buscar o controle dos gastos e a melhoria da assistência médica.
Se você se interessa por estudos como esse, acompanhe, bimestralmente, o Boletim Científico IESS, que traz um resumo dos mais importantes estudos, nacionais e internacionais, com foco na saúde.
O estudo “Cost-effectiveness of bariatric surgery in adolescents with obesity”, publicado no 18º Boletim Científico com o título “Custo efetividade da cirurgia bariátrica em adolescentes com obesidade”, avaliou o custo-efetividade do tratamento cirúrgico em adolescentes em relação aos que passaram pelo procedimento com os que realizaram um tratamento alternativo. Foram avaliados adolescentes com um IMC acima de 30 nos Estados Unidos.
De acordo com a pesquisa, os autores concluíram que o tratamento dos pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica custou US$ 30.747 dólares a mais do que o tratamento daqueles que não passaram pela cirurgia e seguiram outros tratamentos. Considerando o custo e os resultados dos tratamentos, os autores encontraram que a cirurgia não foi custo-efetiva.
Conforme já alertamos aqui no Blog, ao longo da última década a quantidade de cirurgias desse tipo aumentou significativamente e já ultrapassa a marca de 88 mil cirurgias por ano apenas no Brasil. Sendo que o único país a superar o total de procedimentos realizados por aqui é o Estados Unidos.
Já apontamos aqui no Blog, algumas vezes, a incoerência na prática de Ressarcimento ao SUS, cobrado das operadoras quando os beneficiários de planos de saúde utilizam serviços do SUS. Como se os beneficiários de planos de saúde, ao passar a contar com o benefício, deixassem de pagar os tributos que mantem a saúde suplementar, o que, obviamente, não ocorre. Uma conta injusta à saúde.
Enquanto o assunto, foco de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), aguarda a avaliação do STF e o beneficiário continua sendo triplamente taxado (primeiro ao pagar o SUS por meio de tributos, depois ao pagar o plano de saúde quando acredita que o SUS não o atende plenamente em todos os campos como deveria, e por fim, quando paga ao SUS novamente, por meio do plano de saúde, quando por algum motivo decide utilizar um serviço que lhe é garantido pela constituição e pelo qual já havia pagado), podemos aprender com as lições de outros países.
Nesse campo, especificamente, a Austrália tem um dos modelos mais interessantes e economicamente justos. Lá, ao contrário do que acontece por aqui, quando um beneficiário é internado (independentemente do hospital), o plano não paga pelo valor integral da internação. O governo paga um valor predefinido, para todos os que têm direito a saúde pública, e o plano paga o restante (ou divide o restante com o beneficiário, se este possui um plano com conta poupança e franquia anual). O modelo, permite que o custo do plano de saúde para a população seja bastante mais acessível, já que a diferença paga pelo plano é, obviamente, muito menor do que o valor integral da internação.
Um modelo que, facilmente, poderia ser aplicado no Brasil; e que, racionalmente, faria muito mais sentido.
Já falamos aqui, inúmeras vezes, sobre a importância de tornar mais racional o uso dos recursos disponíveis na saúde, gerando redução de custos sem prejuízo a qualidade assistencial. Entre as medidas as medidas que defendemos, estão questões como o aumento de transparência para reduzir erros e evitar fraudes e a mudança do modelo de remuneração dos prestadores de serviço
Hoje, porém, a coluna Broadcast, do Estadão, mostrou um estudo do Advance Medical Group que aponta mais uma solução neste sentido: de acordo com a pesquisa, mais da metade (51%) das idas ao pronto-socorro poderiam ser solucionadas por plataformas de orientação médica especializada, acionadas, inicialmente, por telefone. O que poderia gerar uma economia de R$ 10 bilhões por ano.
No Brasil, o estudo analisou e concluiu que muitos dos problemas mais frequentes apresentados nos serviços de urgência poderiam ser resolvidos de forma mais ágil e eficaz por meio de triagem e identificação dos cuidados corretos, por vezes dentro de casa, desde que haja a orientação médica adequada. Entre as cinco causas mais frequentes entre as pessoas que buscam o pronto-socorro estão gripes, resfriados, dor de cabeça, febre e dores nas costas. Questões que dificilmente se enquadrariam no critério de urgência, que os prontos-socorros deveriam atender.
O Brasil precisa reduzir os custos das despesas geradas no setor, até para manter a "saúde econômica" da saúde suplementar, mas sempre garantindo a eficiência e qualidade dos serviços prestados e já observamos, aqui no blog, que isso é possível.