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Julho 2018
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Já se sabe que a população brasileira está em trajetória de envelhecimento. Até 2060, o percentual de pessoas acima de 65 anos passará dos atuais 9,2% para 25,5%. Essa projeção divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 1 a cada 4 brasileiros será idoso em 2060. 

Ainda segundo a pesquisa, a parcela de pessoas com mais de 65 anos alcançará 15% da população já em 2034, ultrapassando a barreira de 20% em 2046. O Instituto mostra que a trajetória de envelhecimento da população deve se acentuar nas próximas décadas, já que em 2039 o número de idosos com mais de 65 anos será maior que o de crianças de até 14 anos. Se hoje essa população mais jovem representa 21,3% dos brasileiros, em 2060 ela deve cair para 14,7%. Já a faixa entre 15 e 64 anos, que hoje responde por 69,4% da população, cairá para 59,8% em 2060.

O envelhecimento populacional é, sem dúvida, um grande avanço das novas gerações e enorme mérito da medicina moderna. O fator tem gerado uma mudança demográfica em diferentes países e o Brasil tem conhecido os impactos dessa mudança, representando maior prevalência de doenças crônicas (como diabetes e hipertensão arterial) e de comorbidades (existência de duas ou mais doenças em simultâneo na mesma pessoa) que demandam mais atenção.

A pesquisa do IBGE reforça o alerta vermelho que acendemos com a divulgação da “Projeção das despesas assistenciais da saúde suplementar” no início do mês. Segundo o trabalho, as operadoras de planos de saúde devem gastar R$ 383,5 bilhões com assistência de seus beneficiários em 2030. O montante representa um avanço de 157,3% em relação ao registrado em 2017.

Ainda segundo nossa projeção, a frequência de internações é a que mais deve crescer. Em 2017, foram feitas 8,6 milhões de internações. Já em 2030, devem ser realizadas 10,4 milhões de internações. Avanço de 20,9%.

Importante que esse alerta apresentado nas duas projeções sirva de subsídios para uma reflexão não só do setor de saúde, mas os diversos segmentos impactados com o avanço da população idosa. 

Focar em promoção da saúde é uma mudança necessária para possibilitar que esses indivíduos tenham mais qualidade de vida para aproveitar o incremento na longevidade, com idosos saudáveis e ativos.

Janeiro 2018
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Pesquisas, trabalhos e dados de utilização de serviços médicos são de grande importância para se pensar não só as especificidades de populações e suas características epidemiológicas, como também garantir o eficiente uso de recursos e direcionar melhor as políticas, ações e campanhas em benefício dos pacientes. Foi com este objetivo que realizamos no último ano a Análise Especial “Caracterização dos beneficiários de alto custo assistencial - Um estudo de caso”. O trabalho inédito mostrou que aproximadamente dois terços (66,5%) dos gastos assistenciais de uma operadora são consumidos no atendimento de apenas 5% dos beneficiários de um plano de saúde.

Em um esforço semelhante, o estudo Examining the high users of hospital resources: implications of a profile developed from Australia health insurance claims data (Examinando os principais usuários dos recursos hospitalares: implicações do perfil desenvolvido a partir de dados de seguros de saúde australianos), publicado na 21ª edição do Boletim Científico, destaca o perfil demográfico e as características clínicas dos pacientes do Medicare – sistema de saúde australiano.

Segundo a pesquisa, 1% dos pacientes internados de seguradoras privadas considerados de alto custo são idosos e responsáveis por grande parte da utilização total dos recursos – 13% dos custos totais e 21% do total de dias de internação das seguradoras.

Foram coletados dados de 13 seguradoras de saúde australianas, no período de 2009 a 2015 com base no número de admissões, dias de internação e valor pago por cada uma delas. As principais causas de internação desses indivíduos são saúde mental, diálise, reabilitação, farmacoterapia e neoplasias.

Como já apontamos, o sistema de saúde australiano tem grandes semelhanças com o brasileiro, que garante acesso universal aos serviços e a adesão ao seguro de saúde privado é voluntária. O governo da Austrália possui uma série de políticas que subsidiam os seguros de saúde e encorajam a adesão. Além disso, as seguradoras de saúde privadas podem oferecer serviços de controle de gerenciamento de doenças crônicas e outros serviços ambulatoriais com o objetivo de reduzir as internações e seus custos associados.

Outubro 2017
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O processo de mudança demográfica e maior longevidade da população em âmbito global é algo extremamente positivo e, com certeza uma vitória da humanidade. No entanto, este fenômeno também impacta diretamente na saúde em todo o mundo. Exatamente por isso, este é um dos temas mais presentes nas discussões de saúde e tem pautado também nossos estudos e publicações aqui no blog. O estudo “Hospitalization in older adults: association with multimorbidity, primary health care and private health plan” (Hospitalização em idosos: associação com multimorbidade, atenção básica e plano de saúde) publicado no 19º Boletim Científico avalia a associação entre a ocorrência de doenças crônicas de forma simultânea, o modelo de atenção básica e a posse de plano de saúde com a ocorrência de hospitalizações. 

As hospitalizações de idosos podem trazer graves consequências não só para o sistema de saúde, mas sobretudo para o bem-estar do paciente, que corre o risco de complicações como a diminuição da capacidade funcional e aumento de sua fragilidade – em especial quando estas internações são repetidas e prolongadas. Ou seja, as internações em idosos, deveriam ser indicadas apenas quando não há outra alternativa para manejo mais adequado. Com isto em mente, o trabalho realizou estudo transversal de base populacional com 1.593 idosos (60 anos ou mais) residentes na zona urbana do município de Bagé, Rio Grande do Sul.

Foi observado que a multimorbidade gerou um aumento nas hospitalizações, principalmente as não cirúrgicas. Observou-se também que os idosos com plano de saúde internaram mais, independentemente da presença de múltiplas doenças. Nas áreas onde não há estratégia de saúde da família, no ano de 2008, a prevalência de hospitalização em idosos com plano de saúde foi de 19,2% entre os com multimorbidade e 10,1% entre os sem multimorbidade. Já para os idosos sem planos de saúde, a prevalência de hospitalização foi de 18,6% entre os com multimorbidade e de 10,0% para os sem. No mesmo ano, em áreas cobertas pela Estratégia Saúde da Família, os idosos com plano de saúde e multimorbidade representaram 26,6% e os sem multimorbidade, 20,6%. Entre os idosos com a ESF e sem plano de saúde, a prevalência foi de 15,5% entre os com multimorbidade e 7,6% para os sem multimorbidade.

Os dados mostram que a diferença entre as taxas de internação está diretamente relacionada ao acesso dos pacientes aos serviços de saúde e não, ao programa de prevenção à saúde do sistema em que os idosos estão inseridos. A saúde suplementar garante maior acesso dos beneficiários devido à maior oferta de leitos hospitalares. Neste sentido, os dados do trabalho contribuem não só para a relevância das multimorbidade nas hospitalizações, mas também para as melhorias da atenção da população idosa no país. 

Julho 2017
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Acabamos de publicar a nova edição do boletim Saúde Suplementar em Números, que apresenta os principais números do setor de saúde suplementar referentes ao primeiro trimestre de 2017. Nessa edição, o destaque é o crescimento do total de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares com 60 anos ou mais que, entre março deste ano e o mesmo mês do ano passado, cresceu 1,7%. O resultado apresentado na publicação segue na contramão do mercado, que perdeu 978,2 mil vínculos no período, uma queda de 2%.

Nos próximos dias vamos explorar os números com mais detalhes e apresentar uma análise mais profunda sobre esses resultados. Não perca. 

Abril 2017
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Há seis anos que promovemos o “Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar”, com o objetivo de promover a pesquisa e valorizar estudos com qualidade técnica e capacidade de contribuir para a evolução do setor de saúde suplementar em três frentes: Economia, Direito, Promoção da saúde e qualidade de vida. 

Na última edição, o vencedor da categoria Economia foi o trabalho "Idosos da Região Sudeste: fatores que influenciam a posse de plano de saúde privado e implicações para as políticas públicas", de Rosana Vieira das Neves.

O estudo – fundamental, frente a mudança demográfica pela qual estamos passando – analisa os fatores que mais influenciam a probabilidade de pessoas com 60 anos ou mais terem plano de saúde e aponta que, além da renda, a presença de morbidades entre idosos é o fator que mais aumenta a chance destes possuírem planos de saúde, devido à maior necessidade de serviços de saúde. 

Sobre a variação de renda, o trabalho indica que idosos com renda mensal domiciliar per capita superior a quatro salários mínimos têm entre 65% e 52% de chance de possuírem plano privado. 

Já sobre a prevalência de doenças, o estudo indica que depressão e hipertensão são as morbidades que mais influenciam positivamente na obtenção de plano de saúde.

Amanhã publicaremos o estudo vencedor na categoria Direito. Não perca! 

Março 2017
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O total de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares com 59 anos ou mais cresceu 1,6% em 2016. O crescimento segue na contramão do mercado, que registrou queda de 2,8% no ano passado. Os números, inéditos, estão na nova edição do boletim Saúde Suplementar em Números.

Enquanto o mercado de saúde suplementar, como um todo, perdeu 1,4 milhão de beneficiários no ano passado, 104,2 mil novos vínculos foram firmados com beneficiários de 59 anos ou mais. O resultado se deve, principalmente, a mudança demográfica pela qual o País está passando. Assunto que já foi abordado aqui no Blog.

Diante da mudança demográfica e do consecutivo aumento da demanda por planos para pessoas nessa faixa etária, algumas operadoras de planos de saúde também têm aumentado a oferta de produtos focados nessa parcela da população. O fortalecimento de empresas focadas nesse público é nítido, especialmente nos planos individuais.

Apenas no ano passado, o total de vínculos individuais com beneficiários que tenham 59 anos ou mais cresceu 1,4%. O que representa 31,9 mil novos vínculos deste tipo. Considerando o total da população, os planos individuais perderam 269,5 mil beneficiários ao longo de 2016.

Apesar do resultado positivo, acreditamos que o mercado precisa enfatizar questões como o estimulo à promoção da saúde e, principalmente, o modelo de remuneração de prestadores de serviço de saúde. Afinal, é muito importante que o mercado apoie e conscientize os beneficiários em idade ativa a cuidarem da sua saúde. Assim, serão idosos mais saudáveis e menos dependentes de serviços de saúde. 

Junho 2016
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Desde 2012, temos estudado quais serão os impactos do envelhecimento da população no Brasil no sistema de saúde e, de uma forma mais particular, na saúde suplementar. Fica cada vez mais claro que, se houver planejamento e adoção de medidas corretas, o ciclo de mudança demográfica do Brasil vai representar uma imensa oportunidade para a saúde suplementar evoluir. Dito de outra forma, não encarar essa transformação com as devidas reformas estruturais, novas práticas de gestão e um novo jeito de enxergar a assistência à saúde pode, na prática, representar um risco imenso para o futuro desse setor.

A grande novidade do nosso estudo, este ano, é a aferição do total de procedimentos realizados e a projeção de quanto eles serão demandados até 2030, com o termino do bônus demográfico.

De acordo com o trabalho inédito do IESS, o total de internações de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares com 59 anos ou mais vai crescer 105% até 2030, chegando a 4,1 milhões ao ano. Os dados do TD 57 – “Atualização das projeções para a saúde suplementar de gastos com saúde: envelhecimento populacional e os desafios para o sistema de saúde brasileiro” – alertam para a necessidade redimensionar a rede de atendimento e desenvolver ações focadas em promoção da saúde.

Destaque-se o aumento de internações para os beneficiários com 59 anos ou mais não é um fato isolado. O total de consultas, terapias e exames de beneficiários nessa faixa etária vai mais do que dobrar no período analisado. E isso é só a ponta do iceberg. O estudo aponta o crescimento da utilização desses procedimentos, embora em ritmo menor, também para os beneficiários com idade entre 19 e 58 anos. 

O estudo ainda aponta que, até 2030, os planos de saúde devem contar com 59,4 milhões de vínculos e os gastos assistenciais das operadoras chegariam R$ 396,4 bilhões. Um avanço de 272,9% em comparação a 2014. A mudança, por si só, pode representar um risco para o setor, que precisará se modernizar para garantir sua sustentabilidade.

Como o rol de cobertura e procedimentos exigido das operadoras pela ANS é bastante rigoroso e o mesmo vale para a o dimensionamento da rede de cobertura, será preciso um esforço grande de investimentos para manter esse equilíbrio assistencial. Esses investimentos podem e devem ser induzidos pelas operadoras, governo e, principalmente, pelos prestadores de serviços de saúde no Brasil. Mas, por outro lado, despontam como um enorme polo de atratividade para novos interessados em investir no setor.

O estudo é amplo e motiva reflexões necessárias para entendermos como o envelhecimento populacional vai ser determinante para os rumos do setor. Questões que vamos explorar nos próximos dias. Já que, certamente, há como transformar os riscos em oportunidades. 

Maio 2016
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Apesar da perda de 1,33 milhão de beneficiários em março de 2016 ante o mesmo mês do ano passado, o mercado registrou crescimento de 2,49% na faixa de 65 anos ou mais. Houve, assim, uma expansão de quase 105 mil vínculos no período.

Esse resultado pode decorrer de novas contratações e/ou de migração de faixa etária entre beneficiários. Não é possível obter tal detalhamento. Entretanto, não deixa de ser um resultado extremamente positivo, em meio ao imenso volume de informações negativas no setor – bem como de toda economia brasileira.

Comprova, ainda, que o público que mais necessita de serviços de saúde é também aquele que consegue e continua acessando o mercado.

Na comparação em 12 meses, a maior redução do número de beneficiários foi para a faixa etária de 0 a 24 anos (-736.132 vínculos). Nessa faixa etária, os beneficiários são em sua maioria dependentes. A segunda maior queda foi para a faixa etária de 25 a 29 anos (-319.112 vínculos). Essa queda pode estar associada ao recuo no emprego das pessoas dessa faixa etária (-361.134 vagas formais, segundo dados do Caged, do Ministério do Trabalho). 

tabela-grafico