Não é de hoje que reforçamos a necessidade de se ampliar o debate de diferentes temas por parte dos diversos agentes envolvidos nos setores de saúde. Custos de planos, modelos de pagamento, incorporação de tecnologias e outros assuntos são debatidos aqui com frequência e podemos observar que essa preocupação tem se expandido nos diversos meios.
Na última semana, apontamos a importante reflexão de Cadri Massuda, presidente da regional PR/SC da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) sobre os desperdícios no setor por meio de artigo publicado na Gazeta do Povo. Desta vez, quem falou sobre fraudes foi Silvio Toni, Presidente do Sindiplanos.
A reflexão de Toni vai ao encontro do que costumamos dizer tanto no que diz respeito a necessidade de se debater cada vez mais o assunto quanto de se enxergar as fraudes no setor como atos criminosos e que necessitam de punições severas. “Antes de mais nada todos deste segmento devem falar muito sobre o assunto, pois quanto mais o mesmo fica oculto, mais difícil será o tempo de conscientização”, analisa Toni.
“Precisamos tratar os crimes como crimes e os criminosos como criminosos. Estamos em um momento de rupturas de práticas antigas que não se sustentam mais e que exigem um novo comportamento por parte de todos os envolvidos: corretores, corretoras, operadoras, sindicato e profissionais da saúde”, conclui o Presidente do Sindiplanos. O autor ainda elenca como a instituição faz um trabalho conjunto com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para a certificação das corretoras.
Vale lembrar que nesse mesmo esforço de alertar alguns pontos essenciais para a sustentabilidade do setor, o TD 62 – “Evidências de práticas fraudulentas em sistemas de saúde internacionais e no Brasil” mostra os impactos de práticas fraudulentas e aponta experiências bem-sucedidas para seu combate. A projeção apontou que aproximadamente 19% dos gastos assistenciais da saúde suplementar no país foram consumidos por desperdícios e fraudes, ou seja, cerca de R$25,5 bilhões no ano de 2016.
Mais do que catalogar, observar e se debruçar sobre este enorme volume de dados do setor, temos a missão de gerar conhecimento e referencial técnico para auxiliar na tomada de decisão pelos diferentes atores desta cadeia produtiva, garantindo a sustentabilidade da saúde suplementar brasileira.
Importante observar que o debate tem se ampliado nas diferentes esferas do segmento. Esperamos que as mudanças também possam ser percebidas.
Artigo publicado na Gazeta do Povo esta semana reuniu, de forma objetiva e esclarecedora, informações que tratamos periodicamente nas nossas publicações e trazem impacto direto ao setor. De autoria de Cadri Massuda, presidente da regional PR/SC da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), o texto aponta que o “Desperdício pode acabar com planos de saúde em 20 anos”.
Para explicar os motivos desta afirmação, o autor afirma que diversos agentes envolvidos na cadeia têm sua parcela de culpa quando o assunto é o desperdício no setor. Cadri é categórico ao apontar como o segmento está despreparado para lidar com esta questão. “O setor de saúde suplementar está a anos-luz da indústria quando o assunto é controle de desperdício. Enquanto no setor industrial o nível de excelência é tão alto que a busca do desperdício é feita na casa dos decimais, na área da saúde estudos calculam desperdícios de 30% a 50% de recursos financeiros mal utilizados”, afirma.
Elencando como os agentes do setor tem sua parcela de culpa e oferecendo soluções para a respectiva mudança, o médico fala de como, hoje, a medicina tecnológica se sobrepõe à medicina humanística, com a solicitação de exames e procedimentos desnecessários. Para o autor, essa conduta médica reflete também na postura do paciente, que acredita que “médico bom é o que pede exames” e chegam ao consultório munidos de pesquisas na internet sobre exames e procedimentos. Isso se soma ao não comparecimento às consultas e ao fato de privilegiar o especialista em detrimento do médico generalista. Como apontamos, o valor da consulta deste profissional chega a ser aproximadamente 60% superior ao de um clínico geral.
O artigo ainda cita o modelo de remuneração vigente, já que o fee for service (FFS) privilegia a quantidade de atendimentos e não a qualidade e incentiva a maior utilização de procedimentos e insumos, gerando mais desperdício em toda a cadeia. Informações sobre outros modelos podem ser encontradas aqui (DRG, Bundled Payment, Pay for Performance (P4P), Global budget e Captation)
Já sobre a responsabilidade das operadoras, Cadri lembra que ainda falta comunicação das informações e sistemas mais interligados, que possibilitam maior conhecimento sobre o quadro clínico do paciente por parte de diversos profissionais e evitam repetição de exames e procedimentos.
Um ponto que ficou fora do artigo diz respeito à responsabilidade dos órgãos reguladores, já que é necessária a criação de legislação que trate explicitamente as fraudes e desperdícios como atos criminosos e punições adequadas quando comprovada a culpa.
Fica claro, portanto, que em uma cadeia tão complexa quanto a da saúde suplementar, cada um precisa fazer a sua parte na busca pela sustentabilidade do setor. A agenda de medidas ainda é extensa e a conscientização de todos os envolvidos é ordem do dia para que as decisões possam ser tomadas. Sem providências rápidas e eficazes, o desperdício continuará a impactar na vida dos brasileiros e ameaçar o setor.
Não é novidade falar da necessidade da adoção de melhores hábitos de saúde e de como eles estão relacionados diretamente com a qualidade de vida. No entanto, é cada vez mais necessário reforçar esta questão no caso de crianças e adolescentes. Já apontamos isso aqui, relacionando a publicidade infantil com a má alimentação em um artigo do Boletim Científico.
Neste sentido, a pesquisa “A influência da atividade física e o comportamento sedentário na qualidade de vida relacionada à saúde entre a população geral de crianças e adolescentes: uma revisão” (The influence of physical activity, sedentary behavior on health-related quality of life among the general population of children and adolescents: A systematic review) publicado na 21º edição do Boletim Científico fez uma revisão da literatura acadêmica em língua inglesa e referências existentes entre 1946 e a segunda semana de janeiro de 2017 sobre o tema.
Ao todo, foram 31 estudos analisados que avaliaram as relações entre atividade física, comportamento sedentário e qualidade de vida na população geral de crianças e adolescentes (entre 03 e 18 anos).
Um dos resultados mais relacionados do mundo contemporâneo diz respeito ao aumento do tempo de sedentarismo nesta faixa etária. Este comportamento está diretamente relacionado ao uso frequente de mídia em tela – computadores, smartphones, videogames, televisão e outros. O uso excessivo gera consequências adversas, como risco aumentado de obesidade, doenças cardiovasculares e uma série de problemas de saúde psicológica.
Os resultados da pesquisa vão ao encontro do que temos dito a respeito da necessidade da prevenção de doenças. O trabalho aponta que os programas de saúde escolar têm papel fundamental na promoção de estilos de vida mais ativos nesta faixa etária, garantindo a melhoria na qualidade de vida, da atenção primária e no fornecimento de subsídios para se pensar políticas de saúde para esta população.
Para ver estes e outros trabalhos da 21º edição do Boletim Científico, acesse aqui.
A importância do modelo de pagamento hospitalar é um assunto recorrente internacionalmente devido a sua importância na sustentabilidade na saúde suplementar. O assunto já foi tema em nossos trabalhos, como o TD 64, que mostra benefícios de modelos de pagamento prospectivos, baseados na qualidade dos serviços, desfecho para o paciente e outras características.
Os diferentes modelos de remuneração também foram pauta de nossas publicações aqui no blog: DRG, Bundled Payment, Pay for Performance (P4P), Global budget e o Captation. O objetivo foi mostrar as características de cada um desses modelos e sua aplicabilidade para diferentes realidades.
O trabalho “Exploring Attributes of High-Value Primary Care” (Analisando os atributos a assistência médica de alto valor para o paciente) tem a intenção de apontar evidências de como os procedimentos de alto valor para o desfecho clínico do paciente garantem a eficiência do sistema. O estudo foi publicado na 21º edição do Boletim Científico.
Os pesquisadores analisaram dados de seguros de saúde nos EUA de 2009 a 2011, buscando identificar os atributos da assistência primária à saúde que são associados ao alto valor para o paciente. Foram identificados 13 atributos em comum nas clínicas classificadas como geradoras de alto valor. Alguns dos principais foram atendimento 24h e acesso ao prontuário eletrônico pelo paciente, decisão médica baseada em evidência, estratificação dos pacientes por nível de risco, entre outros.
O conhecimento desses atributos é de fundamental importância para ajudar médicos, fontes pagadoras, tomadores de decisões e outros agentes do setor para avaliar estratégias que gerem alto valor para o paciente e auxilie na redução dos gastos com cuidados de saúde.