Reconhecimento, legitimidade, autoridade. Esses são três dos incentivos mais básicos e, ao mesmo tempo, importantes que um pesquisador pode almejar. São prova de que seu trabalho contribuiu, efetivamente, para a produção de conhecimento, aperfeiçoamento do setor analisado e, no melhor caso, de ambos.
O Prêmio IESS só é capaz de incentivar a produção científica com foco em saúde suplementar por conceder esse reconhecimento. Claro, há outros diferenciais, como a possibilidade de aproximar pesquisadores de diversos segmentos, com interesses distintos (econômico, jurídico, qualidade de vida, promoção da saúde, gestão etc.) e criar um ambiente propício para a troca de conhecimento e experiências. Ou, ainda, a ligação entre a academia e o mercado.
Para falar do assunto, entrevistamos o autor do trabalho “Práticas administrativas para a sustentabilidade financeira de operadoras de planos de saúde médico-hospitalares: um estudo de múltiplos casos” e vencedor do segundo lugar da categoria Economia do VIII Prêmio IESS, Lucas Clemente. Confira.
Blog do IESS – Como você ficou sabendo do Prêmio IESS?
Lucas Clemente – Eu estava concluindo meu mestrado na Universidade de São Paulo (USP), em processo de inscrever meu artigo e, como faço parte de um grupo de pesquisa dedicado ao setor de saúde suplementar, recebi um comunicado da USP sobre o Prêmio IESS.
Blog – O que te levou a se inscrever no Prêmio IESS?
Lucas – Eu já usava bastante o portal do IESS para consultar dados do setor de saúde suplementar, então sabia da chancela que esse Prêmio poderia dar ao meu trabalho e ajudar em sua divulgação. Achei que fazia sentido me inscrever.
Blog – Você teve a visibilidade esperada? O que mudou após vencer o Prêmio?
Lucas – Eu participo do Grefic, que é um grupo de pesquisa na USP dedicado a estudar a eficiência de diversos setores. E dentro deste grupo, o primeiro trabalho com foco no setor de saúde suplementar foi o meu. Então, vencer o Prêmio IESS foi muito bom para dar credibilidade ao grupo dentro da instituição. Também usamos parte do prêmio para financiar outras pesquisas. Logo, no âmbito acadêmico, foi muito bom. Deu mais credibilidade e ajudou a legitimar uma iniciativa que tinha sido recém-criada. Foi uma chancela de qualidade que nos estimulou a produzir mais trabalhos que também têm sido reconhecidos.
Blog – E no âmbito profissional?
Lucas – Há mais de um ano, eu tenho uma empresa de consultoria que trabalha com gestão de governança corporativa e estruturação de fundos de investimentos mobiliários para a construção de hospitais, especialmente para as Unimeds.
O Prêmio IESS ajudou muito a aumentar nossa visibilidade e ganhar credibilidade. Além do resultado do trabalho da empresa, o Prêmio ajudou a consolidar meu nome e ganhar autoridade como profissional no setor de saúde suplementar.
Blog – Qual a ligação dessa atividade com o trabalho que te levou a vencer o Prêmio?
Lucas – O meu trabalho utiliza um modelo matemático para analisar a eficiência. No caso, avaliamos as operadoras de planos de saúde (OPS) nas esferas financeira e de satisfação do cliente.
Depois, comparamos quais eram as práticas que diferenciavam as operadoras que eram eficientes nessas duas frentes daquelas que conseguiam manter o beneficiário satisfeito, mas não tinham um bom resultado financeiro.
Blog – E qual é o diferencial entre elas?
Lucas – Basicamente, a profissionalização das equipes, com estruturas bem organizadas de gestão corporativa e governança.
Blog – Você planeja avançar nessa pesquisa?
Lucas – Em meu grupo de pesquisa da USP, há trabalhos sendo desenvolvidos a partir dessa metodologia para analisar segmentos específicos do setor, como as Santas Casas. Então essa é uma ramificação muito legal desse projeto.
Eu, especificamente, ainda não estou desenvolvendo nenhum estudo. Mas devo começar um processo de doutorado no próximo ano.
Blog – Quando esse novo trabalho estiver pronto, você pretende voltar a se inscrever no Prêmio IESS?
Lucas – Claro. Eu recomendo muito a inscrição no Prêmio IESS. É uma experiência muito interessante que possibilita fazer contatos importantes com pesquisadores de diversas áreas e dá bastante visibilidade e reconhecimento.
Se você está procurando um instituto comprometido com qualidade e geração de conhecimento, com mais de uma década de história, para validar e reconhecer o seu trabalho ao mesmo tempo que aumenta sua visibilidade para o setor, conheça o regulamento e inscreva-se gratuitamente no IX Prêmio IESS.
Na última semana, aqui no blog, trouxemos uma entrevista com a vencedora da categoria Economia da VIII Edição do Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar, Marília Raulino.
Hoje, conversamos com José Maria dos Santos Jr., que conquistou a primeira colocação da categoria Direito, também no ano passado, com a pesquisa “O debate da qualidade regulatória em saúde suplementar a partir da implementação da metodologia de análise de impacto regulatório”.
Confira o que ele tem a dizer sobre o Prêmio, a importância de ter seu trabalho reconhecido e a regulação do setor de saúde suplementar no Brasil. Ah, e não se esqueça, se você também tem um trabalho de pós-graduação com foco no setor, não perca tempo: confira o regulamento e inscreva-se gratuitamente no IX Prêmio IESS.
Blog IESS: Como você ficou sabendo do Prêmio IESS?
José Maria dos Santos Jr.: Foi por recomendação do meu orientador, que indicou o prêmio como um meio de divulgar nosso trabalho e disseminar conhecimento.
Blog: Então a motivação para se inscrever foi a visibilidade do Prêmio?
José: Sim, porque acredito que os resultados do estudo são realmente o melhor para o mercado de saúde.
Blog: E como foi a experiência de vencer o Prêmio IESS, você alcançou o objetivo almejado?
José: Foi uma experiência única, muito positiva, e estou muito feliz de ter participado do evento no ano passado e ter ganhado esse prêmio. Conheci pessoas importantes, pude mostrar meu trabalho, dar continuidade e espero que esse ano tenha resultados ainda melhores.
Blog: Em seu trabalho, você trata sobre a análise de impacto regulatório como meio de fomentar a qualidade da regulação de saúde suplementar. Pode explicar um pouco melhor esse conceito para nós?
José: Esta é uma metodologia nova, que melhora a regulação econômica e está em ampla divulgação até pela própria Medida Provisória da Liberdade Econômica. Então, estudamos como essa metodologia responderia na área de saúde suplementar. Acredito que o Prêmio IESS veio justamente como uma valorização dessa iniciativa.
Blog: Você acredita que seu trabalho tem contribuído efetivamente para o aprimoramento do setor?
José: Olha, o meu trabalho é muito real. Por mais que seja feito na academia, acredito que é justamente a sua proximidade com a realidade de mercado o que mais chamou a atenção dos avaliadores do Prêmio IESS. Essa aplicabilidade da pesquisa no dia a dia do setor de saúde suplementar ajudou a construir resoluções normativas da ANS. Eu sinto que o meu trabalho contribuiu para o aperfeiçoamento do setor.
Blog: Na sua visão, há regulação de mais ou de menos no setor? Por quê?
José: Na verdade, é complicado falar que existe muito ou pouco. Esse é justamente o ponto do meu trabalho. Eu acho que há regulações necessárias, mas, na prática, há muita regulação sobre algumas questões e poucas sobre outras. A ideia do meu trabalho era apresentar uma ferramenta para avaliar o que é realmente necessário. Seja a regulação já existente ou aquela que ainda está sendo formulada.
Blog: Quais os planos para o futuro, pretende continuar estudando o tema?
Estou entrando em um doutorado para continuar essa pesquisa, pois eu gosto muito da área e acredito na metodologia que foi feita.
Blog: Vencer o Prêmio IESS influenciou nessa decisão?
José: Vencer o Prêmio traz aquela felicidade de ter o trabalho reconhecido. Você sente que valeu a pena as noites acordadas, as pesquisas, os livros em outros idiomas, a conversa, o desespero... é um reconhecimento enorme. Ainda mais que meus familiares estavam presentes na cerimônia, então proporcionar essa sensação de orgulho para os meus pais, não tem preço. Dá vontade de fazer mais.
Blog: Então pretende voltar a concorrer?
José: Estou aplicando minha tese de doutorado em universidades de Portugal. Então, se der certo, espero que daqui uns anos eu possa concorrer ao Prêmio de novo. Será uma felicidade enorme.
Blog: O senhor recomenda a participação das pessoas na edição deste ano?
José: Sim, vale muito a pena. Principalmente, pela divulgação do conhecimento que precisa ser aplicado na realidade. Conseguir mostrar isso, sair da academia e ter essa ligação com o mercado é o mais importante diferencial do Prêmio IESS.
A regulação do setor de saúde suplementar é um dos principais assuntos debatidos em nossos estudos, análises e, de forma geral, em todos os nossos canais de comunicação. Acreditamos que, assim como acontece em qualquer setor, no Brasil ou no mundo, a regulação pode ser tanto indutora de políticas bem estruturadas e comportamentos virtuosos, quanto é capaz de estrangular uma atividade econômica.
Um exemplo claro de como a regulação pode ajudar o setor a se desenvolver é a Resolução Normativa (RN) 443 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que determina padrões mínimos de gestão corporativa e controle interno para as Operadoras de Planos de Saúde (OPS) com o objetivo de garantir sua solvência e, consequentemente, a capacidade de honrar compromissos com os beneficiários.
A questão da regulação como motor de políticas capazes de aprimorar a saúde suplementar no País é, justamente, o campo de expertise de Marília Raulino, vencedora do VIII Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar, na categoria economia, com o estudo “A regulação como propulsora de práticas de controle interno na saúde suplementar”.
Confira, abaixo, a entrevista que realizamos com a pesquisadora sobre o Prêmio IESS, sua carreira e a importância de ter uma regulação bem estruturada. Se quiser conhecer mais trabalhos da pesquisadora, ela também tem escrito para o nosso blog esporadicamente, tratando de temas como “Governança corporativa e a assimetria informacional na saúde suplementar” e “Controle interno e sustentabilidade na saúde suplementar”.
E continue acompanhando nosso blog para saber o que vencer o Prêmio IESS significou para cada um dos laureados de 2018.
Blog do IESS – Como você ficou sabendo do Prêmio IESS?
Marília Raulino – O IESS sempre foi um dos portais que eu consulto para ficar em dia com indicadores e novidades do setor de saúde suplementar, além de ler as análises sobre esses fatos. Então, fiquei sabendo do Prêmio IESS pelo próprio site.
Blog – O que te levou a se inscrever no Prêmio IESS?
Marília – Primeiro, o know-how do IESS. O IESS tem um histórico de fomentar pesquisas acadêmicas e o respaldo por já estar (à época) no 8° Prêmio. Além disso, vi que as pesquisas premiadas nos anos anteriores eram todas de ótima qualidade e os avaliadores extremamente conceituados e credenciados.
É uma iniciativa muito bem organizada.
Blog – E o que mudou após vencer o Prêmio?
Marília – A partir do momento que soube da notícia, já pude sentir o reconhecimento na minha instituição, a Universidade Federal da Paraíba (UFP). O resultado também foi divulgado pelo IESS e pela UFP aqui, regionalmente, e isso trouxe um reconhecimento. É algo importante para os pesquisadores interessados no setor.
Também recebi contatos de OPS interessadas nos resultados e participei de alguns eventos para divulgar a pesquisa em outros centros acadêmicos, dando palestras. Então, tive retornos positivos e ainda espero colher mais frutos.
Até por isso, eu sempre faço questão de apresentar o Prêmio IESS como um reconhecimento ao trabalho da pesquisa científica, especialmente para os pesquisadores que estão ingressando nesse mercado.
Blog – Falando do seu trabalho, você estudou como a regulação poderia incentivar mecanismos de controles internos nas OPS. O que pode nos dizer sobre o assunto?
Marília – De fato, essas estruturas ainda são frágeis e embrionárias, mas um dos resultados mais relevantes do meu trabalho foi detectar que essas práticas precisariam de uma regulação própria e não apenas um incentivo mencionado dentro de outro tema.
Blog – E isso foi algo que a ANS fez pouco depois de você apresentar o seu trabalho e ganhar o Prêmio.
Marília – Exatamente. A RN443 foi publicada no início deste ano e eu pude ajudar no período de consulta pública a partir dos meus estudos e, de fato, há sugestões contempladas na norma.
Agora, acho que o IESS premiar um trabalho com esse foco antes de a ANS emitir uma regulação sobre o assunto demonstra a credibilidade do IESS e a capacidade do Instituto detectar assuntos que precisam ser analisados e debatidos para o aprimoramento do setor.
Blog – E você está continuando a pesquisa que lhe rendeu o Prêmio IESS?
Marília – Sim, estou ampliando a pesquisa e pretendo torná-la o tema do meu trabalho de doutorado. Além disso, estou trabalhando com algumas empresas para desenvolver mecanismos de controle interno para as Operadoras, mas isso ainda não posso revelar.
Blog – E sobre a nova pesquisa, qual sua pretensão?
Marília – Ah, ainda está muito no começo, mas com certeza vou submetê-la ao Prêmio IESS quando estiver pronta!
O IX Prêmio IESS tem inscrições abertas até 13 de setembro. A mais importante premiação de trabalhos de pós-graduação com foco em saúde suplementar irá conceder R$ 45 mil em prêmios aos melhores estudos de três categorias: Economia; Direito; e Promoção da Saúde, Qualidade de Vida e Gestão em Saúde. São R$ 10 mil a cada um dos primeiros colocados e R$ 5 mil para os segundos.
Não perca tempo! Veja o regulamento e inscreva-se agora.
Sempre falamos de como é importante ter indicadores de qualidade para apoiar decisões de pacientes e gestores do setor de saúde. Do mesmo modo, parece lógico que a medicina baseada em evidências oferece as melhores práticas assistenciais atualmente. Essas práticas são a racionalidade e o empirismo científico atuando a favor da qualidade de vida.
Contudo, ainda perduram algumas “verdades absolutas” sem qualquer comprovação. É o caso, por exemplo, das críticas aos alimentos ultraprocessados relacionadas à obesidade. Ainda que pareça claro que esses alimentos devem ser evitados e tem um potencial nocivo para os indivíduos que os consomem com frequência ao invés de ingerir alimentos não processados, não havia qualquer estudo científico que comprovasse a teoria. Até agora.
No primeiro estudo para comparar os efeitos de dietas baseadas exclusivamente nesses tipos de alimentos, pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, detectaram que pessoas expostas a uma dieta exclusivamente composta de alimentos ultraprocessados têm tendência a engordar; por outro lado, aqueles sujeitos a uma dieta apenas de alimentos não processados tendem a emagrecer.
Pode parecer óbvio, mas o fato ainda não havia sido comprovado cientificamente. O resultado é ainda mais importante pelas dietas terem sido balanceadas para oferecer os mesmos níveis de ingestão de calorias, fibras, gorduras, açúcares e sal em três refeições diárias.
O grande diferencial, de acordo com os pesquisadores, parece ter sido a ingestão de calorias entre as refeições, liberada para todos os participantes do estudo. Em média, os participantes sujeitos a dieta exclusivamente composta de ultraprocessados consumiam 500 calorias a mais do que os do outro grupo.
A pesquisa dá importantes subsídios para políticas de combate à obesidade e outras ações de promoção de saúde para mudar os hábitos alimentares e estilo de vida dos brasileiros, conforme apontamos no TD 73 – “Hábitos alimentares, estilo de vida, doenças crônicas não transmissíveis e fatores de risco entre beneficiários e não beneficiários de planos de saúde no Brasil: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013” –, já analisado aqui no blog.
Ah, se você estiver conduzindo um trabalho de pós-graduação sobre este e outros assunto, não deixe de conferir o regulamento do Prêmio IESS e inscrever-se!
Nesta semana, aconteceu importante debate para o setor de saúde e o País. José Cechin, diretor executivo da FenaSaúde, esteve presente na audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada na Câmara dos Deputados. O encontro tratou da questão “Planos de Saúde e a crescente população idosa no Brasil”.
No evento, foi apresentado o cenário de mudança demográfica da população nacional para os próximos anos. Cechin mostrou dados dos custos por faixa etária e a evolução das internações e atendimentos ambulatoriais. “Seremos uma sociedade de idosos em pouco tempo. Quanto mais velhos, mais se utiliza os serviços de saúde, que ficam cada vez mais complexos. Mas envelhecer é positivo e esperado. Quem envelhece hoje envelhece melhor e as próximas gerações poderão ser ainda mais saudáveis”, afirmou.
A gerente econômico-financeira e atuarial de Produtos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Daniele Rodrigues Campos, explicou detalhes do setor, como o pacto intergeracional. “Os reajustes são necessários, o papel da entidade é proteger os beneficiários com regras e manter seus canais abertos. O envelhecimento da população, a introdução de novas tecnologias e a judicialização são custos não controláveis. Já o uso adequado dos serviços médicos é um custo controlável, que pode ser aprimorado pelas operadoras”, afirmou.
Não é de hoje que acendemos esse alerta. Segundo nossa “Projeção das despesas assistenciais da saúde suplementar”, as operadoras de planos de saúde devem gastar R$ 383,5 bilhões com assistência de seus beneficiários em 2030. Isso representa um avanço de 157,3% em relação ao registrado em 2017.
De acordo com o levantamento, o efeito do crescimento populacional e a mudança na composição etária da sociedade brasileira, o setor de saúde suplementar deve firmar mais 4,3 milhões de vínculos até 2030. O que elevaria o total de beneficiários para 51,6 milhões.
Um dos pontos fundamentais na busca por frear os crescentes gastos em saúde diz respeito à mudança do modelo da assistência, como de práticas que foquem na Atenção Primária à Saúde. Portanto, é com bons olhos que vemos ações que incentivem essa modalidade. “É necessário mudar a organização do sistema e a melhoria da qualidade com coordenação do atendimento. Sem um sistema integrado, exames são repetidos e, às vezes, desnecessários. Com a coordenação do cuidado, pode-se ter uma atenção melhor com menor custo”, apontou Ana Paula Cavalcante, gerente de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial da ANS.
O debate também contou com a participação de Carlos Augusto Melo Ferraz, secretário de Controle Externo da Saúde do Tribunal de Contas da União (TCU); Ana Carolina Navarrete, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor; Andrey de Freitas, da Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacom) e Ricardo Dias Holanda, representante da Federação Brasileira de Órgãos de Defesa do Consumidor (Febracon).
Ontem, aqui no Blog, publicamos uma análise da vencedora da categoria economia do VIII Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar, Marília Raulino, sobre a regulação econômico-financeira do setor de saúde como ferramenta de indução de políticas de gestão corporativa e combate à assimetria de informação.
Claro, como o próprio post aponta, há evidências nesse sentido e estudos que corroboram a tese. Nossa opinião, no entanto, é de que antes de tornar o setor ultra regulado, é melhor que as próprias empresas, especialmente Operadoras de Planos de Saúde (OPS) e Hospitais adotem iniciativas nesse sentido. O que pode funcionar tanto como um mecanismo de aperfeiçoamento quanto de prevenção a regulações que inviabilizem comercialmente a atividade.
Um exemplo claro de como a regulação “estrangulou” parte do segmento é a minguante participação de planos individuais no total de beneficiários. O segmento chegou a representar 24,7% dos vínculos com OPS no País em dezembro de 2004, mas a parcela de beneficiários nesse tipo de plano vem caindo desde então. No termino de 2018, eles já eram 19,3%.
Para evitar resultados como este, acreditamos que é fundamental a instituição de Análise de Impacto Regulatório (AIR). Ou seja, o emprego de metodologia para avaliar custos e benefícios de uma determinada regra regulatória antes de sua promulgação, dando melhores subsídios para a tomada de decisão dos agentes reguladores. Exatamente como prevê o PL 6.621/2016 – conhecido como Lei das Agências –, atualmente em debate no Congresso Nacional.
Isso não significa que sejamos estritamente contra regulação. Muito pelo contrário. Em um de nossos estudos especiais mais recentes – “Arcabouço normativo para prevenção e combate à fraude na saúde suplementar no Brasil” –, conduzido em parceria com a PwC Brasil, demonstramos que a ausência de ato regulatório impacta 15% das despesas com saúde no País, como já abordamos aqui no blog.
Esperamos apenas que as decisões sejam tomadas com base em informações técnicas relevantes, para que sejam realmente eficazes e não coloquem em xeque a sustentabilidade da saúde suplementar ou o acesso desta pelos beneficiários.
No começo desta semana, falamos um pouco sobre como a tecnologia está avançando e trazendo novidades para o setor de saúde. Os exemplos que apresentamos aqui no Blog, contudo, são projetos apresentados na maior feira de tecnologia do mundo, a Consumer Eletronics Show (CES), e estão longe de chegarem ao mercado, ao menos de forma ampla e capaz de auxiliar milhares de pessoas.
Há, entretanto, tecnologias que têm avançado rapidamente nos últimos anos e já se tornaram presentes no dia a dia de milhões de pessoas e prometem trazer novidades para o setor muito antes.
Mesmo que você ainda não use, já deve ter visto ou ouvido alguém conversando com a Siri, Cortana, Alexa, a assistente do Google ou algum outro tipo de Inteligência Artificial (AI, na sigla em inglês). Estes dispositivos estão ganhando cada vez mais espaço e deixando os celulares para assumir novos lugares em nossas casas e nossas vidas. A forma mais comum é de um smart speaker, uma caixa de som inteligente, conectada à internet que responde a comandos de voz.
Segundo a Amazon, produtora da Alexa, mais de 40 milhões de residências no mundo já contam com o produto. A expectativa da empresa é vender 100 milhões de unidades até o fim de 2019. Levou 30 anos para o número de aparelhos celulares superar o de pessoas na Terra, mas segundo uma pesquisa recente da Ovum, uma empresa de pesquisa sobre tecnologia nos Estados Unidos, a mesma marca deve ser atingida pelos smart speakers até 2021, menos da metade do tempo.
Para a área de saúde, esse avanço representa uma grande oportunidade na medida em que as pessoas estarão ainda mais conectadas e utilizando recursos de voz para se comunicar. Apenas para nos mantermos no exemplo da Alexa, a Amazon já tem previstos programas de questionário médico para ajudar com diagnóstico, agendamento de consultas e exames, lembretes para o uso correto de medicação, compra e entrega de medicamentos, teleatendimento, aconselhamento para adoção de hábitos mais saudáveis e até terapia 100% online.
Sem dúvida, estamos longe de conhecer todo o potencial desta tecnologia, mas nos parece inegável que questões como a Internet das Coisas, monitoramento e mesmo atendimento remoto estão avançando não para a palma da mão em apps para celulares e tablets, mas para recursos ainda mais inteligentes, ativados por voz por meio de assistentes digitais inteligentes.
Nós, certamente, vamos acompanhar de perto o desenvolvimento deste maravilhoso mundo novo!
Ah, se você quiser saber mais sobre o avanço dessas tecnologias, a The Atlantic, revista americana com mais de 160 anos, tem um artigo bastante interessante e completo sobre o assunto. Infelizmente, ele só está disponível em inglês. Mas, claro, com a tecnologia disponível hoje, até isso não é mais um empecilho.
Lançado recentemente, o Texto para Discussão n° 73 “Hábitos alimentares, estilo de vida, doenças crônicas não transmissíveis e fatores de risco entre beneficiários e não beneficiários de planos de saúde no Brasil: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013” tem o objetivo de produzir dados que sirvam de subsídio para a criação de programas, ações e políticas voltadas para a promoção da saúde e prevenção de doenças.
Para o estudo, foi considerada a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, inquérito de saúde mais amplo do território brasileiro, que permitiu concluir que cerca de 56 milhões de brasileiros, ou 27,9% da população, tinham um plano de saúde (médico e/ou odontológico) em 2013. A maior proporção desses beneficiários era do sexo feminino, representando 53,5%.
Quanto aos hábitos alimentares, verificou-se que uma maior proporção de beneficiários declarou comer a quantidade recomendada de frutas e vegetais por dia em comparação com não beneficiários. Uma menor proporção de pessoas com plano de saúde disse comer carne ou frango com excesso de gordura em comparação com pessoas sem plano de saúde.
Por outro lado, mais beneficiários consumiram doces de forma inadequada e declararam substituir refeições por sanduíches, salgados ou pizzas cinco ou mais vezes por semana em comparação com não beneficiários. O consumo elevado de sal também foi maior entre os beneficiários, já que 15,8% afirmou consumir em quantidade alta ou muito alta, contra 13,5% sem planos de saúde.
Ainda sobre o estilo de vida, dentre os respondentes, 28% dos beneficiários de planos de saúde disseram consumir álcool ao menos uma vez por semana, mais do que os 22,2% sem planos. No entanto, quando perguntados sobre o consumo abusivo de álcool, 55,4% dos não beneficiários afirmam ter esse hábito, enquanto 44,2% daqueles na saúde privada afirmaram se encaixar nesse perfil.
A promoção da saúde é, sem dúvida, uma grande aliada no enfrentamento de doenças crônicas por seu caráter preventivo. Com o cenário do envelhecimento populacional, é importante estabelecer metas e planos de implementação de políticas públicas e adoção de medidas para minimizar fatores de risco, como tabagismo, sedentarismo, consumo de álcool e alimentação não saudável.
Ações voltadas para a promoção e prevenção à saúde buscam reduzir a ocorrência de doenças, a mortalidade e combater o aumento da frequência de fatores de risco envolvendo a saúde dos brasileiros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), oito fatores de risco (consumo de álcool, uso de tabaco, pressão alta, alto índice de massa corporal, níveis elevados de colesterol, altos níveis de glicemia, baixa ingestão de frutas e vegetais e inatividade física) representam 61% das mortes cardiovasculares.
Seguiremos apresentando dados sobre o estudo nos próximos dias.
Publicado na última sexta-feira (27) no Diário Comércio Indústria & Serviços (DCI), artigo de autoria da advogada Caroline Santos aponta a necessidade de os setores de saúde investirem na prevenção, com foco em melhores práticas antes do paciente precisar utilizar os serviços hospitalares.
Para isso, a especialista apresenta os dados do primeiro Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido por nós e pela Faculdade de Medicina da UFMG, que aponta a morte de 829 brasileiros por dia em decorrência de condições adquiridas nos hospitais – causadas por eventos adversos.
Segundo ela, a sustentabilidade hospitalar está diretamente relacionada com a mitigação dessas falhas. Vale lembrar que outra questão que merece ser observada é o custo gerado por essas situações. O anuário projeta que, em 2016, os eventos adversos consumiram R$ 10,9 bilhões de recursos que poderiam ter sido melhor aplicados, apenas na saúde suplementar brasileira.
Além disso, o artigo apresenta outra estatística alarmante. Segundo a advogada, nos últimos 10 anos, houve aumento de 1600% nos processos por erro médico. “Enquanto a saúde não for prioridade no país, a judicialização não irá diminuir”, aponta Caroline. Como já mostramos, esse é um ponto de enorme importância dentro dos sistemas de saúde. Em oposição à política pública de saúde, a decisão judicial é geralmente motivada pelo benefício individual, e, assim, perde-se de vista o bem-estar social.
Tendo em vista, como aponta o artigo, que “os eventos adversos acontecem por falta de emprego de políticas de segurança do paciente”, da necessidade latente de melhor atuação para a padronização de procedimentos hospitalares e adoção de indicadores de qualidade e segurança do paciente realizaremos, no próximo dia 15 de agosto, o Seminário Internacional - Qualidade Assistencial e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde.
As inscrições para o evento são gratuitas, mas as vagas são limitadas! Conheça a programação completa e faça sua inscrição aqui.
Um de nossos anseios tem sido a adoção de uma política nacional de transparência de indicadores de qualidade e segurança do paciente em serviços de saúde. Nosso foco é incentivar a implementação de uma agenda nacional de transparência dos indicadores, de modo a não apenas mensurar o desempenho da prestação de serviços de saúde no Brasil, bem como estimular a troca de conhecimento e a aplicação de ações para a redução desse problema.
É com esse objetivo que preparamos um evento exclusivo para fomentar a discussão acerca do tema entre os diferentes agentes do setor. O Seminário Internacional "Qualidade Assistencial e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde" trará palestras exclusivas com especialistas do Brasil e do exterior para debater as diferentes ações e ferramentas para o avanço da qualidade assistencial no país.
Nosso evento vem em boa hora já que começam a surgir os primeiros movimentos de instituições hospitalares nacionais dispostas a divulgar seus indicadores de desempenho. Mesmo que no início, o movimento é encorajador, e o seminário deve fomentar ainda mais a discussão e a criação de mecanismos e indicadores de qualidade para a segurança da assistência ao paciente.
O Seminário Internacional - Qualidade Assistencial e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde acontecerá no dia 15 de agosto de 2018, das 8h30 às 17h, no Hotel Tivoli Mofarrej (Alameda Santos, 1.437 – Cerqueira César), em São Paulo. As inscrições são gratuitas, mas atenção: as vagas são limitadas!
Veja abaixo a programação do evento e faça sua inscrição aqui.
9h – Abertura
Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS
9h30 – Palestra 1: Avaliação do desempenho da qualidade na saúde brasileira – Apresentação dos Resultados do Anuário 2018 da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil
Renato Camargos Couto, Médico, Professor da Pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e Diretor do IAG Saúde
10h15 – Coffee Break
10h35 – Palestra 2: O uso dos indicadores de qualidade nas operadoras de planos de saúde: A experiência do Grupo NotreDame Intermédica
Luiz Celso Dias Lopes, Diretor Técnico do Grupo NotreDame Intermédica
11h20 – Palestra 3: O uso dos indicadores de qualidade em hospitais: A experiência da Americas Serviços Médicos (UHG Brasil)
Dr. Dario Ferreira, Diretor da Americas Serviços Médicos
12h – Intervalo para almoço
13h30 – Palestra 4: A experiência do Reino Unido na disponibilização de informações para as escolhas dos pacientes no sistema privado de saúde
Andrew Vallance-Owen, Presidente do PHIN - Private Healthcare Information Network
14h15 – Perguntas, respostas e debates
Luiz Augusto Carneiro
Representante de Operadoras de Planos de Saúde
Representante de entidades empresariais
Representante da Roche Farmacêutica
14h45 – Palestra 5: Como as agendas de segurança do paciente e transparência transformam os hospitais dos EUA?
Jay Bhatt, Chief Medical Officer and President of the Health Research and Educational Trust (HRET) of the American Hospital Association (AHA)
15h30 – Perguntas, respostas e debates
Renato Camargos Couto
Representante de entidades médicas
Representante da Roche Farmacêutica
16h – Coffee Break
16h20 – Como mobilizar a implementação de agendas de transparência e qualidade em favor da segurança dos pacientes - Lançamento do Portal da Transparência na Saúde
Representante da Feluma / UFMG
Representante de entidades médicas
Representante da classe empresarial
Renato Camargos Couto
17h – Encerramento
Luiz Augusto Carneiro