Má alimentação, atividades físicas inadequadas e sedentarismo são fatores determinantes para excesso de peso e obesidade. Como já apontamos aqui, há uma série de fatores que influenciam nos hábitos de vida, alimentares e de consumo. Além disso, eses comportamentos também resultam em doenças crônicas se não houver acompanhamento médico adequado.
Como já alertamos em diferentes momentos, a incidência e prevalência de doenças crônicas tem aumentado nas últimas décadas em todo o mundo por conta de diferentes razões. O estudo Physical Activity and Sedentary Behaviours: Analysis of trends, inequalities and clustering in selected OECD countries (Dieta, Atividade Física e comportamentos sedentários: análise de tendências, desigualdades e agrupamento em países da OCDE selecionados), publicado na 21ª edição do Boletim Científico analisa o perfil e a rotina das pessoas que fazem parte deste grupo a fim de oferecer condições para melhorar a saúde desses indivíduos.
O trabalho foi conduzido por meio de dados disponíveis de outras pesquisas e também de entrevistas individuais sobre o estado de saúde, e revelou que o consumo de frutas e vegetais é baixo nos onze países selecionados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - raramente atinge 40% do consumo individual. Entretanto, a qualidade da dieta pode ser melhorada já que Chile e Espanha apresentam bons resultados neste quesito.
Quanto à frequência das atividades físicas, mais de 50% dos indivíduos analisados alcançaram o objetivo proposto pela Organização Mundial da Saúde. Um resultado chama a atenção na pesquisa: as desigualdades na educação e no status socioeconômico ficaram evidentes para todos os comportamentos de saúde analisados. Aqueles que possuem nível socioeconômico superior têm alimentação mais saudável e rotina de exercícios adequada para o dia a dia.
Portanto, fica clara a necessidade de políticas e ações voltadas especificamente para populações de baixa renda para a garantia de promoção e prevenção de saúde a todos os indivíduos.
Em breve, abordaremos outros trabalhos da 21º edição do Boletim Científico. Fique ligado!
Nos últimos anos, a crise econômica tomou conta da Espanha e o governo do país decidiu cortar gastos em todos os setores, inclusive na área da saúde. O resultado não foi nada satisfatório já que a população sofreu consequências no atendimento em hospitais com longas filas de espera, falta de médicos e outros profissionais, e maiores coparticipações nos custos de cada serviço utilizado.
Diante deste cenário, surgiu o estudo Effect of having private health insurance on the use of health care services: the case of Spain (Efeito de ter um seguro de saúde privado sobre o uso de serviços de saúde: o caso da Espanha), divulgado na 21ª edição do Boletim Científico IESS, com o objetivo de avaliar os efeitos do seguro de saúde privado no país.
Segundo dados do European Community Household Panel (ECHP), da Pesquisa Nacional de Saúde (SNHS), realizada no período de 1998 a 2001, e das estatísticas da União Europeia sobre Rendas e Condições de Vida (EU-SILC), de 2011 a 2012, apenas 12,45% dos espanhóis possuem cobertura de serviços de saúde públicos e privados.
Ainda de acordo com o estudo, os resultados de todos os modelos testados mostraram que ter um seguro privado gera um efeito positivo na utilização: nas consultas ao clínico geral, ter um seguro privado em relação aos que não possuem, gera um aumento no número de consultas médicas na faixa de 0,069 a 0,13. Já em relação as consultas com especialistas, o efeito positivo está na faixa de 0,067 a 0,112.
Com esse resultado, resta ao governo espanhol estudar se a promoção do seguro médico privado reduziria as filas de espera e aumentaria a qualidade da saúde e quais os tipos de medidas e parcerias entre público e privado que poderiam ser criadas para beneficiar a população e melhorar o atendimento nos hospitais.
Continue acompanhando o nosso blog. Em breve, abordaremos outros temas da 21ª Edição do Boletim Científico do IESS.
Acabamos de produzir a nova edição do “Boletim Científico IESS”. Voltado para pesquisadores acadêmicos e gestores da área de saúde, a publicação indica os principais estudos científicos, nacionais e internacionais, publicados no sexto bimestre de 2016 sobre saúde, tecnologia, economia e gestão no setor de saúde suplementar. O objetivo é auxiliar pesquisadores e gestores da saúde suplementar a se manterem atualizados sobre os principais estudos publicados no bimestre.
Um dos destaques dessa edição é o estudo “Erros de administração de medicamentos dos cuidadores no cenário domiciliar: uma revisão sistemática”, que apontou erros frenquentes de quantidades e modo de aplicação de medicamentos, destacando a necessidade de adoção de políticas de segurança do paciente. Nos próximos dias, aqui no blog, vamos publicar posts analisando esses e outros destaques dessa edição.
Acabamos de disponibilizar a 20º edição do “Boletim Científico IESS”, publicação periódica voltada para pesquisadores, acadêmicos, gestores e outros profissionais da área de saúde. A nova publicação traz os principais estudos científicos, nacionais e internacionais, publicadas no quarto bimestre deste ano sobre saúde, tecnologia, economia e gestão no setor de saúde suplementar.
O boletim traz atualizações, casos e ferramentas para auxiliar pesquisadores e gestores da saúde suplementar sobre os principais estudos publicados no bimestre. A nova edição apresenta trabalhos relacionados a cuidados de baixo valor e cuidados inadequados, aos modelos de pagamento, obesidade e sobrepeso, medicamentos e outros temas.
Entre eles, os destaques são “Intervenções para reduzir o uso de serviços de saúde de baixo valor: uma revisão sistemática”, que repercute a eficácia das intervenções para reduzir os cuidados de baixo valor, na seção de Economia&Gestão; e, em Saúde&Tecnologia, o estudo “Efeitos do sobrepeso e da obesidade na saúde em 195 países durante 25 anos” aponta que a prevalência de sobrepeso e obesidade está aumentando em todo o mundo.
Nos próximos dias, aqui no blog, vamos analisar esses e outros destaques dessa edição.
Divulgamos ontem o destaque na área de “Economia&Gestão” do 19º Boletim Científico que trata as consequências das repetidas e prolongadas hospitalizações de idosos no bem-estar do paciente e no sistema de saúde. Hoje, falaremos mais sobre o destaque da seção “Saúde&Tecnologia” da edição recente do boletim que também aborda um tema semelhante: os excessos na saúde.
O trabalho “Evidence for overuse of medical services around the world” (Evidência de uso excessivo de serviços médicos em todo o mundo) analisa os problemas e consequências destes excessos por meio de cinco revisões sistemáticas, pesquisa e revisão de literatura científica. O estudo aponta que o uso excessivo de serviços médicos é generalizado em todo o mundo e há fortes indícios de continuará a aumentar. Este abuso aparece para diversos setores e vão desde o uso de medicamentos até exames como ultrassonografia, endoscopia, colonoscopia e outros. Segundo o artigo, o consumo global de antibióticos cresceu 36% entre 2000 e 2010, principalmente nas economias emergentes como Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul (que representaram 76% desse aumento). Só na Coréia do Sul, o abuso de realizações de ultrassonografia causou aumento de 15 vezes na incidência de câncer de tireoide.
Só nos EUA, as estimativas mais conservadoras na medição direta de serviços individuais apontam que de 6% a 8% do total de gastos com cuidados de saúde são com cuidados desnecessários. Já os estudos de variação geográfica indicam que a proporção de gastos do Medicare (sistema de seguros de saúde gerido pelo governo para a população idosa) com o uso excessivo é mais próxima de 29%. Em 2013, US$ 270 bilhões em cuidados poderiam ser definidos como uso excessivo nos EUA. O trabalho aponta ainda que, em todo o mundo, o uso excessivo de serviços saúde pode responder por 89% dos atendimentos em todo o mundo.
Ou seja, além de gerar prejuízos e ameaçar a sustentabilidade dos setores de saúde, esses excessos podem causar danos e complicações aos pacientes (física, psicológica e financeiramente). Sendo assim, há um grande desafio pela frente: identificar e medir o uso excessivo com evidências sólidas para diferentes populações e serviços. Assim, existe uma necessidade clara de uma agenda de pesquisa para desenvolver essas evidências e, portanto, os médicos e os decisores políticos devem entender o uso excessivo e agir para reduzir isto.
Acabamos de divulgar a 19º edição do “Boletim Científico IESS”, voltado para pesquisadores acadêmicos e gestores da área de saúde. A nova publicação traz os principais estudos científicos, nacionais e internacionais, publicados no terceiro bimestre deste ano sobre saúde, tecnologia, economia e gestão no setor de saúde suplementar.
O objetivo é apresentar atualizações, casos e ferramentas para auxiliar pesquisadores e gestores da saúde suplementar sobre os principais estudos publicados no bimestre. A nova edição traz estudos sobre hospitalização em idosos, avaliação de tecnologias em saúde de hospitais brasileiros e uso dos serviços de plano de saúde odontológico na Austrália, entre outros.
Entre eles, os destaques são “Hospitalização em idosos: associação com multimorbidade, atenção básica e plano de saúde”, que mostra as consequências negativas das repetidas hospitalizações em pacientes com esse perfil, na seção de Economia&Gestão; e, em Saúde&Tecnologia, o estudo “Evidência de uso excessivo de serviços médicos em todo o mundo”, aponta os efeitos negativos que o uso indiscriminado de certos serviços de saúde podem causar.
Nos próximos dias, aqui no blog, vamos publicar posts analisando esses e outros destaques dessa edição.
A análise “Does paid versus unpaid supplementary caregiving matter in preventable readmissions?” (“Cuidadores pagos e não pagos são importantes em readmissões preveníveis”) publicada no 18º Boletim Científico discute impactos desse tipo de assistência em relação às readmissões evitáveis de pacientes com diabetes do Medicare.
Nos Estados Unidos, cerca de 3,4 milhões de beneficiários de saúde do Medicare recebem serviços profissionais de home care financiados pelo governo. Estudos com base em pesquisas de larga escala constataram que 83,4% dos beneficiários recebem cuidados extras por cuidadores informais, que podem ser pagos por (desembolso direto ou por programas governamentais como o Medicaid) ou não remunerados (como membros da família, parentes e/ou amigos).
A análise chegou à conclusão de que os beneficiários com diabetes e cuidadores informais remunerados tinham risco 68% maior de readmissão por conta de infecções do trato urinário do que os com cuidadores informais não pagos.
Um dos processos que vem sendo implementados no programa Medicare é a compra baseada em valor, com penalização das agências com má qualidade nos serviços de cuidados domiciliares. As políticas que apoiam os cuidadores não remunerados são fundamentais para ajudá-los a cuidarem dos seus entes queridos e impedir que usem recursos hospitalares caros.
O estudo “Low-value medical services in the safety-net population” (“Serviços médicos de baixo valor para a saúde na população vulnerável”) publicado no 18º Boletim Científico, comparou o uso de serviços de saúde de alto e baixo valor por pessoas sem seguro de saúde, beneficiários do seguro público para pessoas de baixa renda (Medicaid) e pacientes com seguro saúde privado nos Estados Unidos.
Para os autores, os gastos em serviços médicos que geram baixo valor para a saúde podem consistir em custos desnecessários, sendo mais adequado priorizar os serviços que geram alto valor, especialmente quando se tem poucos recursos à disposição para financiar o setor. Portanto, sugerem que o governo e as empresas de seguridade privada devem dar mais atenção ao uso excessivo de serviços de baixo valor, tentar buscar o controle dos gastos e a melhoria da assistência médica.
Se você se interessa por estudos como esse, acompanhe, bimestralmente, o Boletim Científico IESS, que traz um resumo dos mais importantes estudos, nacionais e internacionais, com foco na saúde.
O estudo “Electronic health records and the frequency of diagnostic test orders” (“Prontuário Eletrônico do Paciente e a frequência de solicitações de exames de diagnóstico”), publicada no 18º Boletim Científico, analisa a frequência, eficiência e economia no uso do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) nos Estados Unidos.
De acordo com o estudo, em 2005, foi estimado que o uso do PEP melhoraria a qualidade, a relação custo-eficácia e a eficiência de serviços de saúde, além de economizar cerca de US$ 81 bilhões por ano. Contudo, em 2012, após uma reavaliação, foi constatado que ao invés de diminuir os custos em saúde, houve um aumento de mais de US$ 800 bilhões.
Com os dados disponíveis em âmbito nacional nos Estados Unidos, foi descoberto que os médicos que detinham acesso ao PEP solicitaram mais testes do que os que não empregavam o sistema, assim como aqueles que usavam ativamente este tipo de prontuário também solicitavam exames mais completos de hemogramas do que os que não usavam, mesmo depois de ajustes para a demografia do paciente, estado de saúde e mix de casos.
Os profissionais de saúde que utilizavam o PEP solicitavam mais tomografias computadorizadas e raios X, enquanto que a relação do uso de ressonâncias magnéticas não foi significativa. Assim acredita-se que o acesso computadorizado simplifica o processo de solicitar exames levando a uma maior frequência de pedidos.
Dessa forma, conclui-se que a adoção do PEP, por si só, não é suficiente para produzir os ganhos de eficiência previamente almejados. A melhor eficácia dos sistemas de PEP deve ser buscada na melhora dos processos organizacionais e com a complementação por modelos de cuidados que dão ênfase na qualidade, valor e eficiência dos serviços e exames. Uma outra análise pode apontar, inclusive, que os testes extras possuem efetiva utilidade clínica.
O artigo mostrou que ainda há uma série de análises e complementos que devem ser estudados para a maior efetividade do PEP. Quer saber sobre o seu emprego no Brasil? Então não deixe de ler nosso post “Transição para prontuário eletrônico está associada a melhora de atendimento dos pacientes”.
A análise “Rewarding results: moving forward on value-based contracting for biopharmaceuticals” (“Resultados eficientes: avançando na contratação baseada em valor para biofarmacêuticos”), publicada n o 18º Boletim Científico, examina diversos tipos de contratos e elenca vantagens sobre o pagamento baseado em valor para a indústria farmacêutica.
O estudo defende que, se forem bem executados, os contratos de compra e utilização de medicamentos baseados em valor podem resultar em melhores cuidados aos pacientes e na redução de gastos.
Foram analisados diversos tipos de contratos baseados em valor e concluído que essa modalidade está de acordo com o movimento geral no sistema de saúde norte-americano. Estes contratos podem proporcionar melhores oportunidades para medicamentos inovadores de alto custo que possam sofrer influxo no mercado, além de ajudar a orientar biofarmacêuticos em futuras pesquisas, desenvolvimento e inovação.
A pesquisa aponta que, para serem mais sustentáveis, novos modelos de pagamento em saúde deveriam considerar, também, a compra de produtos farmacêuticos.