Em 2017, aqui, comentamos o estudo “Epidemiologia da multimorbidade na população geral brasileira: Evidências da pesquisa nacional de saúde de 2013”, publicado na edição 17 do Boletim Científico. Agora, a edição 24 do mesmo boletim traz uma nova pesquisa sobre multimorbidade (a existência simultânea de mais de um problema de saúde em uma única pessoa), acendendo uma luz de alerta.
De acordo com o estudo “Multimorbidade em indivíduos com 50 anos ou mais de idade: ELSI-Brasil”, abordado na edição mais recente de nosso periódico, 67,8% dos entrevistados possuíam duas ou mais doenças e 47,1% contavam com 3 ou mais doenças. Já o estudo mais antigo aponta que 24,2% da população brasileira apresentam multimorbidade.
Cabem duas ponderações importantes aí: primeiro, a pesquisa apresentada em 2017 considerava os números da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, uma amostra bem mais ampla do que a coorte com 9.412 indivíduos de 50 anos ou mais empregada no segundo estudo; depois, é esperado que indivíduos mais velhos apresentem maior prevalência de multimorbidade, como também já destacamos aqui. Ou seja, os números não são comparáveis.
Ainda assim, as projeções de que 26 milhões de brasileiros com 50 anos ou mais têm 2 doenças ou mais e que 18 milhões têm 3 ou mais problemas de saúde ao mesmo tempo não pode ser desconsiderada. Seja pelo custo econômico-financeiro que acarreta para os sistemas de saúde (tanto público quanto privado), ou, principalmente, pela perda de qualidade de vida que representam para uma grande parcela da população. Além disso, vale lembrar, 1 em cada 4 brasileiros será idoso em 2060.
Olhando pelo lado positivo, o novo estudo aponta os problemas de saúde mais recorrentes entre as pessoas com multimorbidade (problema de coluna e hipertensão arterial sistêmica) e indica que mulheres, pessoas mais velhas e aqueles que não consumiam bebidas alcoólicas tiveram mais multimorbidade do que os outros grupos. Dando importantes bases para a estruturação de programas de promoção da saúde.
Recentemente comentamos aqui, a recomendação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para a adoção de modelos de pagamento prospectivos ou parcialmente prospectivos, com base no Guia para Implementação de Modelos de Remuneração baseados em valor. Uma ação que defendemos e temos recomendado há anos, como pode ser visto pela quantidade de artigos, publicações e vídeos em nossa Área Temática.
Para fazer uma análise justa e fomentar o debate sobre o tema, entretanto, consideramos vital lembrar e exemplificar que apenas incentivos financeiros não são solução para problemas sérios como a escalada de custos no setor. É o que demonstra o artigo “Passar a noite? Incentivos do prestador, restrições de capacidade e resultados para os pacientes”, publicado na seção Economia & Gestão da última edição do Boletim Científico IESS.
Até 2010, na Noruega, os hospitais recebiam um valor fixo para internação de paciente, independentemente do tempo de permanência deste. Para evitar possíveis altas indevidas, concedidas para aumentar a rotatividade dos leitos em detrimento da qualidade assistencial, foi adotado um incentivo financeiro com pagamento diferencial com base na quantidade de pernoites dos pacientes. Para analisar o resultado deste incentivo, o trabalho examinou os dados dos pacientes internados para a realização de procedimentos cirúrgicos em hospitais da Noruega de 2008 a 2012, que incluem informações sobre diagnóstico primário e secundário com base no CID10, classificadas por DRG, hora exata, data e local de internações e de alta.
O resultado demonstrou, ao contrário do que era esperado pelos pesquisadores, que a nova política de incentivo financeiro não aumentou a probabilidade de os pacientes ficarem internados por mais de um dia – mesmo considerando que o segundo dia internado é o que traria maior receita marginal para o estabelecimento de saúde (comparação entre o custo para tratamento do paciente internado e a receita recebida para fazê-lo).
As explicações apontadas pelos pesquisadores para a falta de efetividade da medida foram: primeiro, a média de resultados mascara respostas diferentes por grupo de procedimentos, ou seja, pacientes em DRGs menos lucrativos receberam alta para liberar leitos para outros em DRGs mais lucrativos; depois, há uma falta de eficiência no mercado, caracterizada por uma demanda por leitos muito maior do que a oferta, o que possibilita que hospitais preencham leitos a qualquer tempo sem dificuldade.
Assim sendo, além de adotar políticas econômicas focadas na qualidade assistencial ao paciente, o estudo também mostra que é preciso garantir que falhas de mercado não comprometam a efetividade das medidas tomadas.
A medicina baseada em evidência, ainda bem, é uma realidade irrevogável. Inclusive, influenciando decisões do Judiciário (ainda que não com a frequência que acreditamos correta). Na odontologia, contudo, a prática baseada em evidência ainda está alguns passos atrás. É o que revela o estudo “Uso de evidências científicas por dentistas no Brasil: espaço para melhorar a prática baseada em evidências”, analisado na última edição do Boletim Científico.
De acordo com o trabalho, o primeiro no País a entrevistar profissionais da área para verificar a prática da Odontologia Baseada em Evidência (OBE), a maior parte dos entrevistados completaram a pós-graduação (77%) e têm o habito de ler revistas científicas, artigos de pesquisa clínica e revisões de literatura (61%). Além disso, entre os que têm este hábito, 77,5% afirmam que já mudaram comportamentos ou adotaram novos procedimentos clínicos com base em pesquisas clínicas e artigos com relatos de casos.
A pesquisa também detectou que a OBE é mais comum no setor privado do que no público. Fato que se justifica, de acordo com os pesquisadores, pelo tipo de atenção odontológica fornecida no setor público (geralmente primária) e pela falta de tempo do profissional para se dedicar a constante atualização de conhecimentos em função de uma carga de trabalho mais pesada do que a dos profissionais no setor privado (argumento que se pauta no total de beneficiários de planos odontológicos frente ao de dependentes do SUS).
Independentemente se na saúde suplementar ou pública, contudo, o estudo indica que ainda há espaço para tornar a prática de OBE mais comum. O que poderia ter resultados positivos tanto do ponto de vista econômico-financeiro quanto, mais importante, assistencial.
Se você se interessa pelo assunto, não deixe de acompanhar nossa área temática “Planos odontológicos”. Lá, você pode acessar de forma rápida e prática todos os nossos estudos e análises sobre o tema.
A realização de cesárea em detrimento do parto natural é um tema ainda bastante controverso. Como já indicamos aqui no Blog, há estudos que apontam que o risco de morte materna pós-parto é três vezes maior em cesarianas do que em outras modalidades de parto, sendo que os principais riscos são morte por hemorragia e complicações na anestesia.
Por outro lado, o procedimento pode ser extremamente útil e indicado, por exemplo, quando se constata que o cordão umbilical está enrolado no pescoço do bebê ou em outras situações. Por isso, acreditamos que cada caso deva ser analisado separadamente e a decisão deve ser tomada em conjunto pela paciente e seu médico de confiança.
Há, contudo, trabalhos que destacam a necessidade de campanhas de conscientização sobre os riscos e vantagens de um procedimento e de outro além da relação médico/paciente, uma vez que há uma relação direta entre os ganhos financeiros dos profissionais e a escolha pela realização de cesáreas. É o que revela o estudo "Impacto do Seguro privado de saúde sobre o sistema público de saúde: o caso dos partos cesarianas”, publicado na mais nova edição do Boletim Científico.
O trabalho analisou 58,6 mil partos na França e concluiu que há mais probabilidade de parto natural na rede pública, em que o médico recebe um salário fixo e não por procedimento. Já na rede privada, em que os prestadores de serviço são remunerados por volume de atendimento, a probabilidade de parto cesáreo aumenta em 7,6 pontos porcentuais.
Veja esse e outros artigos na última edição do Boletim Científico.
A produção de dados e monitoramento da situação de saúde da população é fundamental para o entendimento das mudanças demográficas, orientação e criação de programas, políticas e ações voltadas para a prevenção de doenças e promoção da saúde coletiva. Essa é uma das ambições de trabalhos como o Texto para Discussão n° 73 “Hábitos alimentares, estilo de vida, doenças crônicas não transmissíveis e fatores de risco entre beneficiários e não beneficiários de planos de saúde no Brasil: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013”, em que traçamos um perfil da saúde do brasileiro em diferentes aspectos.
A importância de estudos dessa temática e sua capacidade de transformação dos sistemas de saúde globais também motivou a elaboração do trabalho “Examinando os beneficiários que mais usam os recursos hospitalares: implicações de um perfil desenvolvido a partir de dados de planos de saúde da Austrália”, publicado na 24º edição do “Boletim Científico IESS”. Para tanto, examinou-se as características demográficas, de admissão hospitalar e clínicas de usuários que mais usam os recursos hospitalares dentro de uma amostra de planos privados australianos.
O estudo dividiu os beneficiários em três critérios: beneficiários que concentram o maior número de internações; aqueles que concentram o maior número de dias de internação; e beneficiários que concentram a maior parte dos benefícios pagos.
Entre os resultados, observou-se que os 1% de beneficiários com maior utilização representam 21,2% do total de dias de internação e os 1% de maior custo representam 13,3% dos custos totais.
Vale lembrar que o sistema de saúde australiano tem grandes semelhanças com o brasileiro, que garante acesso universal aos serviços e a adesão ao seguro de saúde privado é voluntária. O governo da Austrália possui uma série de políticas que subsidiam os seguros de saúde e encorajam a adesão. Além disso, as seguradoras de saúde privadas podem oferecer serviços de controle de gerenciamento de doenças crônicas e outros serviços ambulatoriais com o objetivo de reduzir as internações e seus custos associados.
Confira o Boletim Científico na íntegra.
As novas regras para uso da telemedicina definidas na resolução 2.227/2018, do Conselho Federal de Medicina (CFM), devem entrar em vigor em 90 dias (em maio), mas já estão levantando debates acalorados. Parte deles porque, ao mesmo tempo em que a resolução foi publicada no Diário Oficial da União, o CFM abriu uma consulta pública de 60 dias para receber sugestões de aprimoramentos das normas.
Outro ponto importante do debate é a tese, defendida por ao menos 9 Conselhos Regionais de Medicina (CRM) que a resolução irá afastar os profissionais de saúde dos pacientes. Conforme mostra reportagem do jornal O Tempo.
Para nós, antes de afastar pacientes e médicos, a tecnologia irá proporcionar maior contato, inclusive auxiliando pessoas que, de outro modo, teriam muita dificuldade em passar por uma consulta. Vamos explicar.
É fato que o teleatendimento já é usado hoje em dia, e um levantamento recente da Abramge, destacado em reportagem do O Globo, indica que a tecnologia reduz 30% das idas ao pronto-socorro. Antes de acreditarmos que a telemedicina afastou os pacientes dos profissionais, vemos que as pessoas passaram por uma consulta e tiveram seu problema sanado sem a necessidade de ir ao pronto-socorro – a que ainda teriam ido se continuassem se sentindo mal. Vale ressaltar, o pronto-socorro é mal utilizado no Brasil, sendo procurado por pacientes que deveriam estar em consultas com clínicos gerais ou especialistas ao invés de procurando um serviço que é vocacionado para o atendimento de emergências. Claro, cabe aí um mea culpa, já que faltam programas – ou divulgação de programas – que eduquem a população sobre qual o melhor caminho a se seguir para acessar os serviços de saúde de acordo com cada caso.
Outro exemplo de proximidade, este bastante obvio, é a quantidade de pessoas que teriam que viajar horas para ter uma consulta com um médico e, agora, com o auxílio da tecnologia, podem se consultar de forma muito mais rápida e prática. Infelizmente, não temos números para indicar, mas em um País de proporções continentais e disparidade socioeconômicas como o nosso, não é difícil imaginar que milhares (se não milhões) de pessoas se beneficiariam da adoção de telemedicina em uma escala mais elevada.
E tudo isso analisando a questão apenas pela ótica de possibilitar maior contato entre paciente e médico. Se considerarmos a questão econômico-financeira, então, há ainda mais argumentos a favor da tecnologia.
Como já nos estendemos bastante, hoje vamos apenas recomendar a leitura do post “Teleodontologia reduz despesas e melhora acesso”, que detalha um estudo trazido pelo 19° Boletim Científico em dezembro de 2017. Ou seja, há mais de um ano já temos estudos sobre experiências internacionais que apontam benefícios da telemedicina tanto do ponto de vista do acesso quanto econômico. Outro dia nos aprofundaremos sobre o assunto.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou quais são as prioridades para 2019. Dentre elas, destaca-se o controle de doenças crônicas não transmissíveis. Para conter seu avanço, o órgão propõe atuar junto aos governos a fim de atingir a meta global de redução em 15% da inatividade física até 2030, o que pode ser feito por meio de implantações de políticas públicas que incentivem a prática de exercícios diários.
A entidade estima que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) sejam responsáveis por cerca de 38 milhões de mortes anuais, sendo que 16 milhões corresponderiam às mortes prematuras, antes dos 70 anos de idade, constituindo o maior problema de saúde em todo o mundo. Ainda segundo a OMS, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, má alimentação e poluição do ar são os fatores de risco que impulsionam o crescimento da incidência das doenças crônicas. Além disso, a decorrente obesidade está entre as principais causas do diabetes tipo 2.
Além disso, essas doenças geram incapacidade, sofrimento e causam impactos na economia. Com isso em mente, o trabalho “Tendências de fatores de risco e proteção de doenças crônicas não transmissíveis na população com planos de saúde no Brasil de 2008 a 2015” publicado na 24º edição do Boletim Científico analisou o acesso aos exames preventivos na população com planos de saúde nas capitais brasileiras de adultos com 18 anos ou mais com base nos dados coletados do Sistema Nacional de Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).
Se por um lado houve aumento dos fatores de proteção, como o consumo de frutas, legumes e a prática de atividade física, aliado à redução de fatores de risco como tabagismo, consumo de refrigerantes, de outro, o estudo mostrou que ocorreu aumento do excesso de peso, obesidade e diabetes. Outro importante dado apontado pela pesquisa é de, no geral, as mulheres acumulam mais fatores de proteção e homens, mais fatores de risco.
Não é de hoje que falamos da importância de colocar em prática medidas efetivas para o combate de doenças crônicas. Pelo seu caráter preventivo, a promoção da saúde é, sem dúvida, uma grande aliada no enfrentamento de doenças crônicas.
Quer conhecer esse e outros trabalhos? Acesse a última edição do Boletim Científico.
Está no ar a 24º edição do “Boletim Científico IESS” que resume publicações científicas importantes para a saúde suplementar lançadas no 3º quadrimestre de 2018. Voltado para pesquisadores acadêmicos e gestores da área de saúde, a publicação apresenta trabalhos lançados nas principais revistas científicas do Brasil e do mundo nas áreas de saúde, tecnologia, economia e gestão.
O objetivo é apresentar estudos, atualizações e orientações que forneçam ferramentas para auxiliar pesquisadores e gestores da saúde suplementar na melhor tomada de decisão em todo o país. A edição mais recente apresenta pesquisas que abordam o perfil dos beneficiários que mais usam os planos de saúde, estudo de caso envolvendo partos cesarianas, custos com tratamentos oncológicos e outros trabalhos.
Entre eles, os destaques são “Tendências de fatores de risco e proteção de doenças crônicas não transmissíveis na população com planos de saúde no Brasil de 2008 a 2015” que traz dados importantes sobre a prevenção dessas doenças na categoria de Saúde & Tecnologia. Já o destaque em Economia & Gestão ficou para “Examinando os beneficiários que mais usam os recursos hospitalares: implicações de um perfil desenvolvido a partir de dados de planos de saúde da Austrália”, que examina as características demográficas, de admissão hospitalar e clínicas desses usuários.
Continue acompanhando a nossas publicações aqui no blog. Nos próximos dias, vamos publicar posts analisando esses e outros destaques dessa edição.
Como temos apontado, o Brasil está envelhecendo e esta mudança demográfica deve gerar uma série de alterações na sociedade e no setor de saúde. Para ajudar os gestores do setor a se preparar para essa nova realidade, atualizamos anualmente a “Projeção das despesas assistenciais da saúde suplementar”, já analisada aqui no Blog.
Além disso, sempre buscamos referências internacionais nas quais embasar nossas pesquisas e dar subsídios para que o setor projete cenários mais realistas. O que, acreditamos, ajuda fomentar conhecimento em prol da sustentabilidade da saúde suplementar.
Neste sentido, um estudo que pode dar pistas valiosas sobre o comportamento dos gastos com saúde frente ao envelhecimento da população é “Estimating the future health and aged care expenditure in Australia with changes in morbidity, apresentado na última edição do Boletim Científico com o título “Estimando o gasto futuro com saúde e cuidados com idosos na Austrália com mudanças na morbidade”.
De acordo com o estudo, a percepção de que o envelhecimento da população aumentará o custo dos serviços de saúde desafiando sua sustentabilidade, especialmente frente às mudanças nos padrões de morbidade, é justificável. Para chegar a essa conclusão, o trabalho estimou o efeito do envelhecimento na saúde total (público e privado) e no gasto com cuidados aos idosos na Austrália entre 2015 e 2035, utilizando um modelo de projeção demográfica simples para o número de pessoas em grupos etários mais velhos, juntamente com uma estimativa baseada nas necessidades de mudanças no custo público e privado do cuidado por pessoa em cada grupo ajustado para mudanças esperadas na morbidade.
O resultado foi um crescimento esperado de 3,33% ao ano nas despesas com saúde, que devem saltar de US$ 166 bilhões para US$ 320 bilhões. Um aumento de quase 100% no período. Ainda de acordo com o estudo, o gasto com saúde por pessoa idosa deve avançar de US$ 7,4 mil, em 2015, para US$ 9,6 mil em 2035.
Apesar do resultado, os autores do trabalho apontam que o envelhecimento terá um efeito menor do que outros fatores, como o equilíbrio – ou a falta dele – na relação entre oferta e demanda dos serviços de saúde.
Já está disponível a 39° edição do Boletim “Conjuntura Saúde Suplementar”. A publicação traz uma análise das variáveis socioeconômicas relevantes ao desempenho do setor de saúde suplementar e da economia nacional referentes ao 3° trimestre de 2018, analisando seus desdobramentos para o segmento.
Como destaque, a nova edição faz um comparativo do desempenho do mercado de trabalho e do número de beneficiários de planos coletivos empresariais. Segundo o boletim, a taxa de desocupação – que mede o desemprego – atingiu 11,9% no 3° trimestre de 2018, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE). O trimestre anterior havia marcado 12,4%.
Esta queda, contudo, não significou alta no número total de pessoas com carteira assinada (setor privado + setor público + trabalhador doméstico), que apresentou um leve crescimento de 0,3% com relação ao 2° trimestre do ano. Na comparação de doze meses, houve queda de 0,9% do número total de trabalhadores com carteira assinada. Na mesma base comparativa, o aumento dos trabalhadores sem carteira assinada no setor privado foi de 5,5% enquanto o mercado de trabalho privado formal apresentou queda de 1%. Além disso, o aumento dos trabalhadores por conta própria foi de 2,6%.
Não é novidade falar que o mercado de planos de saúde está diretamente relacionado com o emprego formal no país. Para se ter uma ideia, a contratação de planos de saúde coletivos empresariais representou 66,9% do total de beneficiários em outubro de 2018. Logo, o aumento da informalidade no mercado de trabalho como consequência da instabilidade nacional fez com o que brasileiros perdessem seu emprego com carteira assinada e, consequentemente, diversos benefícios, sendo o plano de saúde o mais importante.
Portanto, enquanto não houver um movimento sólido de retomada dos empregos formais nos setores de comércio, serviço e indústria – que costuma oferecer esse benefício aos colaboradores – não iremos perceber uma retomada efetiva de crescimento do setor e recuperação dos beneficiários da saúde suplementar perdidos nos últimos três anos.
A 39° edição do “Conjuntura - Saúde Suplementar” também mostra o número de pessoas ocupadas por categoria de emprego, rendimento da população ocupada e outros indicadores que apresentaremos nos próximos dias. Não perca!