A média dos custos de procedimento médicos e OPMEs pode variar bastante de uma região para a outra ou mesmo de uma unidade de serviços de saúde para a outra. O valor de uma prótese de quadril pode ir de R$ 2.282 a R$ 16.718, dependendo da região onde é comprada, como já mencionamos mais de uma vez aqui no Blog. O TD 55 – "Distorções nos gastos com OPME" – traz mais exemplos desse problema.
Agora, um dos pôsteres apresentados durante o VIII Prêmio IESS revela que o custo da colecistectomia, um procedimento cirúrgico relativamente simples e usual, adotado como tratamento padrão para colelitíase (pedra na vesícula), pode quase dobrar entre grandes cidades do Rio Grande do Sul.
De acordo com o pôster “Registros administrativos como fonte de dados de custos assistenciais na saúde suplementar: um estudo de caso para a colecistectomia em hospitais do Rio Grande do Sul”, apresentado por Marcia Regina Godoy e Giacomo Balbinotto Neto, o custo médio do procedimento no Estado é de R$1.820,72. Contudo, em Caxias do Sul, o valor pode mudar de R$ 1.500 a R$ 2.500. Já na capital gaúcha, o custo médio da colecistectomia é de R$ 1.224.
O estudo aponta que um dos fatores que mais eleva o custo do procedimento é a realização em município diferente daquele em que o beneficiário de plano de saúde reside.
O trabalho considerou registros de beneficiários de planos médico-hospitalares atendidos em 23 municípios do Rio Grande do Sul, adquiridos a partir do Detalhamento da Troca de Informações na Saúde Suplementar (D-TISS), da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Além da discrepância nos custos, o levantamento também apontou falta de uniformidade nos registros e recomenda realizar novos treinamento dos prestadores serviços e operadoras de saúde para melhorar a qualidade das informações.
Você pode conferir os resumos dos pôsteres apresentados no Prêmio IESS aqui.
O “Dia do Nutricionista”, celebrado nesta quinta-feira (31/8), é uma ótima oportunidade para lembrarmos a importância desse profissional e a necessidade de programas de promoção da saúde que foquem na redução da obesidade no Brasil.
Dados do último Vigitel apontam que o brasileiro está cada vez mais obeso: a prevalência da obesidade saltou de 11,8%, em 2006, para 18,9% em 2016. O que significa que uma a cada cinco pessoas no país está obesa. Números que reforçam o sinal de alerta que já acendemos, aqui, quando publicamos o estudo especial “Evolução da obesidade no Brasil”, que analisou a obesidade em beneficiários de plano de saúde entre 2006 e 2014.
Além da mudança no estilo de vida, mais sedentário, o brasileiro também mudou seus hábitos alimentares. Segundo o Vigitel 2016, nos últimos dez anos, houve diminuição no consumo de alimentos básicos e tradicionais como o feijão, e somente um em cada três adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana.
Além dos problemas de saúde relacionados ao sobrepeso, como maior incidência de diabetes e hipertensão, a maior prevalência da obesidade também está relacionada ao aumento do número de cirurgias bariátricas. Uma medida que realmente é efetiva, mas que deve ser adotada como um tratamento apenas em último caso e não por questões estéticas, como já apontamos aqui no Blog.
Enquanto os planos médico-hospitalares continuam a enfrentar dificuldades, como apresentamos na última sexta-feira (18/8) aqui no Blog, os planos exclusivamente odontológicos prosseguem crescendo.
Nos 12 meses encerrados em julho deste ano, o setor avançou 7,6%. O que significa 1,6 milhão de novos vínculos. Com isso, o total de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos chegou a 22,6 milhões, de acordo com a última edição da NAB.
Considerando esses planos, São Paulo é o Estado com o maior número de novos vínculos: 728,3 mil. Alta de 10%. Proporcionalmente, contudo, há estados que apresentaram resultados ainda melhores, como Pernambuco, que registrou alta de 14,1% no total de vínculos com planos exclusivamente odontológicos. O que representa 110,9 mil novos beneficiários.
Mas esses e outros números regionais são assunto para os posts dos próximos dias.
A nova edição da NAB apontou o rompimento de 653,8 mil vínculos com planos de saúde médico-hospitalares no Brasil entre julho de 2017 e o mesmo mês do ano passado. Uma queda de 1,4%. Contudo, há sete unidades da federação que apresentaram crescimento no total de beneficiários.
Nos próximos dias, iremos analisar os resultados das cinco grandes regiões do País e dos planos exclusivamente odontológicos. Não perca.
Você acredita que o plano de saúde deveria cobrar mais barato de quem tem hábitos de vida saudáveis? No total, 837 pessoas responderam nossa última enquete nas redes sociais e a resposta da maioria (62,8%) foi “Sim”.
O resultado foi similar ao encontrado na pesquisa IESS/Ibope, que que revelou que 74% dos brasileiros acreditam que quem tem hábitos saudáveis deveria pagar mensalidades de plano de saúde mais baratas.
Claro, nossa enquete é apenas uma ferramenta de interação, que não tem o mesmo peso de uma pesquisa com metodologia bem desenhada como a pesquisa IESS/Ibope. Dos 837 votos únicos (consideramos apenas um voto por usuário, independentemente de quantas vezes você votou) 526 votaram “Sim” e 311 (37,2%), “Não”.
Obrigado a todos que participaram! Nos próximos dias, iremos apresentar um post com nossa analise sobre o tema.
Ontem, aqui no blog, apresentamos a pesquisa de “Avaliação dos Planos de Saúde” que encomendamos ao Ibope e destacamos a satisfação dos beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares com o plano que possuem. Hoje vamos mostrar que não são só eles que estão satisfeitos com seus planos.
Os beneficiários de planos odontológicos também têm motivos de sobra para sorrir. Ao menos de acordo com a pesquisa que identifica que 79% deles estão satisfeitos ou muito satisfeitos com seus planos. O resultado representa um crescimento de 6 pontos porcentuais (p.p.) em relação à pesquisa anterior, realizada em 2015.
Um resultado extremamente positivo. Especialmente se considerarmos que, ao contrário do que aconteceu no segmento médico-hospitalar, que perdeu cerca de 2,5 milhões de beneficiários entre o primeiro trimestre de 2015 e o mesmo período de 2017, os planos odontológicos passaram a atender mais de 2 milhões de novos vínculos.
É fácil perceber que o segmento cresceu, está atendendo mais e melhor, o que reflete nos indicadores de satisfação. De acordo com os números aferidos pelo Ibope, 81% dos beneficiários de planos odontológicos afirmam que recomendariam (“com certeza” ou “provavelmente”) para um amigo ou parente o plano que possuem, um crescimento de 4 p.p. ante à pesquisa anterior; e 87% declaram a intenção de (“com certeza” ou “provavelmente”) manter o plano atual, alta de 3 p.p. sobre os resultados de 2015.
A pesquisa evidencia, ainda, o aumento da fidelidade dos beneficiários. Enquanto, em 2015, 67% dos beneficiários do setor eram apontados com alta fidelidade aos planos que possuíam (por ter dado notas 4 ou 5, sendo 5 a nota máxima, aos critérios de satisfação, recomendação e intenção de manter o plano), este ano o porcentual subiu 4 p.p., atingindo 71% dos beneficiários de planos odontológicos.
Além destes, ainda há muitos dados coletados pelo Ibope para analisarmos. Amanhã, por exemplo, vamos revelar uma ligação inédita entre os planos e o mercado de trabalho. Não perca.
Um dos assuntos que mais discutimos são as maneiras de diminuir os custos do sistema de saúde sem diminuir a qualidade. Nesse sentido, o estudo “Quality and Safety in Health Care, Part VII - Lower Costs and Higher Quality”, publicado na 11º edição do Boletim Científico com o título "Qualidade e Segurança em saúde - Custos mais baixos e maior qualidade", elenca uma lista de medidas que podem gerar bons resultados.
Dentre elas, as principais são:
1.Ter melhores diretrizes clínicas – as decisões tomadas pelos médicos devem ser feitas de acordo com as melhores evidências científicas conhecidas;
2.Ter mais pesquisa de comparação de efetividade entre tecnologias (ATS);
3.Desenvolver um “sistema de aprendizagem em saúde” – uma nova informação em saúde deve ser rapidamente aprendida por pacientes e médicos e todos devem ter acesso a ela; e,
4.Reduzir erros e fraudes.
Se você se interessa por esse tema, não pode perder o “Seminário Incorporação de Tecnologias na Saúde Suplementar”, que iremos realizar no dia 31 de maio, a partir das 8h, no Hotel Hilton Rio de Janeiro (Av. Atlântica, 1020), para debater critérios de custo-efetividade na adoção de novas tecnologias. Confira a programação completa e inscreva-se gratuitamente, mas atenção, as vagas são limitadas!
Estamos participando do Congresso Internacional de Qualidade em Serviços e Sistemas de Saúde (QualiHosp), da FGV, com a apresentação de quatro TDs entre hoje (21/3) e amanhã (22/3).
Entre os TDs que estamos apresentando no QualiHosp, apensa um já foi publicado: O TD 58, “Deduções fiscais das despesas com saúde do imposto de renda: análise focada nos planos de saúde e eixo temático Gestão da Saúde”. Material que já foi analisado aqui no Blog.
Já os outros três estudos estão em fase final de produção, mas logo serão aparecerão aqui no Blog. Fique por dentro do que está por vir:
•Determinantes da posse de plano de saúde individual
•Uma Análise sobre a produção assistencial na saúde suplementar do Brasil entre os anos de 2011 e 2015
•Análise da assistência na saúde suplementar brasileira entre 2011 e 2015
Há pouco mais de uma semana, destacamos, aqui no Blog, o aumento de 19% nos custos assistenciais das operadoras de saúde, de acordo com o VCMH. O avanço é mais do que o dobro da inflação geral do período, que foi de 9,4%, de acordo com o IPCA. O que acende uma luz de alerta para o setor. Hoje, foi a vez de o jornal Correio Braziliense dar o mesmo alerta, com a reportagem “Custo da saúde dispara e ameaça planos e clientes”.
Logo após o título, a reportagem destaca: “Gasto de operadoras com atendimentos médicos cresce 19% em um ano. No país, já existem 60 empresas com patrimônio líquido negativo, prejudicando beneficiários. Número de internações e exames encarece tratamento”
Estamos, de fato, frente a uma ameaça a sustentabilidade do setor de saúde suplementar. Porém, mais importante do que o aumento, é entender seus motivos, que já temos apontado faz tempo, e, principalmente, entender que há meios para reverter esse cenário.
O número de internações e exames, conforme destacado na reportagem, certamente encarece o sistema. E como já apontamos aqui, com o envelhecimento da população pelo qual estamos passando, a tendência é que tanto o número de internações quanto o de consultas continue a crescer. E não só isso, os gastos com esses procedimentos também tende a aumentar, dado que pacientes com mais idade tendem a necessitar de mais cuidados.
O segredo para começar a mudar essa jornada de escalada de preços é não olhar para a frequência de utilização de serviços como um problema. Há inúmeros programas de promoção da saúde em outros países que estimulam um incremento na frequência de exames e consultas, o que, em contra partida, culmina na diminuição de internações e da ocorrência de problemas mais graves. Em última instancia, contribuindo para a redução de custos.
Contudo, o que encarece a utilização dos serviços de saúde no Brasil, é principalmente o modelo de pagamento adotado atualmente: o chamado fee-for-service. Hoje, os hospitais têm um cheque em branco para cada internação. De uma forma bastante crua, mas para facilitar a compreensão: o desperdício compensa. Quanto mais dias, exames e insumos forem consumidos, maior o lucro do prestador de serviço.
Isso não significa que os hospitais são vilões interessados apenas no dinheiro. Significa que o modelo está errado. Precisamos urgentemente mudar para um modelo que privilegie as melhores práticas, a performance e o desfecho clinico; um modelo que puna o desperdício. Pode parecer que “o disco riscou” devido a frequência com que repetimos isso. Mas acreditamos que enquanto isso não mudar, os custos da saúde continuarão em sua trajetória ascendente.
Claro, há outros fatores que pesam nessa conta, tanto circunstanciais, como a crise econômica, quanto estruturais, como a falta de critérios objetivos de custo-efetividade para a incorporação de novas tecnologias na saúde. E é certo que políticas mais eficientes nesse sentido, bem como a criação de novos produtos de saúde suplementar que entreguem ao beneficiário maior poder de decisão são importantes e podem dar novo folego ao setor. Mas enquanto o atual modelo (novamente, que premia o desperdício) perdurar, não haverá solução definitiva.
Segunda (27/6), aqui no Blog, apresentamos um estudo sobre os impactos do envelhecimento da população brasileira na saúde suplementar e como o fim do bônus demográfico pode representar um risco, mas, também, uma oportunidade para o setor.
O fato é que a projeção acende uma luz amarela para os gestores do sistema de saúde. Indicando sobretudo a necessidade de redimensionamento da rede de atendimento. De acordo com o TD 57 – “Atualização das projeções para a saúde suplementar de gastos com saúde: envelhecimento populacional e os desafios para o sistema de saúde brasileiro” –, o envelhecimento da população deve mais que dobrar a quantidade de internações de beneficiários com 59 anos ou mais. Isso significa que, apenas para essa faixa etária, o total de internações irá saltar de 2 milhões, em 2014, para 4,1 milhões em 2030. Incremento de 105%.
A projeção, mesmo analisada isoladamente, preocupa. Até porque, esse é o grupo de beneficiários com maior prevalência de doenças crônicas (como diabetes e hipertensão arterial), que demandam mais atenção, recursos e, consequentemente, mais gastos. Soma-se aí, ainda, um aumento de mais de 100% em todos os grandes grupos de procedimentos: o total de consultas deve saltar de 43,1 milhões para 86,6 milhões; o número de terapias irá aumentar de 25,6 milhões para 51,8 milhões; e a quantidade de exames irá avançar de 204 milhões para 411,8 milhões.
Frente a este cenário, ganha peso, também, dar atenção às ações de promoção da saúde. Mudança necessária não só do ponto de vista da sustentabilidade do setor, mas, principalmente, para que a população tenha mais qualidade de vida para aproveitar esse aumento da longevidade. O estudo “Promoção da Saúde nas Empresas”, produzido para nós pelos especialistas Alberto Ogata e Michael O’Donnell, indica caminhos e ferramentas para o aprimoramento de ações nesse sentido.
O TD 57 ainda traz as projeções de crescimento do total de beneficiários, dos custos assistenciais (que devem quase quadruplicar) e de utilização da rede pelas demais faixas etárias. Vamos continuar nesse assunto em outros posts.