Os planos de saúde exclusivamente odontológicos superaram, em 2016, a marca de 22 milhões de beneficiários. No total, 815,3 mil novos vínculos desse tipo foram firmados no ano passado, o que significa um incremento de 3,8% em relação a 2015. O resultado positivo se destaca ainda mais por seguir na contramão dos planos médico-hospitalares, que registraram queda de 2,8% em 2016.
Mas qual é, exatamente, o tamanho desse mercado, por onde ele se espalha, por que ele está crescendo e quais seus maiores desafios? Essas são as questões que vamos responder essa semana, no especial sobre planos odontológicos, aqui no Blog.
Assim como acontece com os planos médico-hospitalares, a maior parte dos vínculos se concentra no Sudeste do País. São 12,5 milhões. O montante cresceu 1,8% em 2016, acrescentando 222,1 mil novos vínculos na região. O resultado, contudo, poderia ter sido bem mais expressivo. O Estado de São Paulo, sozinho, registrou 285,8 mil novos beneficiários. Contudo, no Rio de Janeiro, 134,6 mil vínculos foram rompidos.
O estado do Rio de Janeiro é um dos únicos cinco entes federativos a registrar queda de beneficiários desse tipo de plano em 2016. Os outros quatro são: Distrito Federal, com queda de 2% ou 16,5 mil vínculos rompidos; Sergipe, com retração de 7,1% ou 14,7 mil vínculos; Acre, que perdeu 1,6 mil beneficiário ou 12%; e Amapá, com leve retração de 0,3%, o que pode ser considerado estável, apesar dos 1,4 mil vínculos a menos do que no ano anterior. Na Bahia, 270 beneficiários deixaram o plano, contudo, o resultado é considerado estável já que a variação porcentual não chegou a 0,1%.
O Nordeste é a segunda região com maior número de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos: 4,1 milhões. O total representa alta de 2,8% em 2016, o que equivale a 112 mil novos vínculos. A Bahia, apesar do resultado estável, concentra a maior parte desses beneficiários, 1,2 milhão, sendo que metade (1,1 milhão) destes está no Paraná.
No Sul, 43,6 mil novos vínculos foram firmados em 2016, o que representa alta de 2%. Com o resultado, a região encerrou o ano passado com 2,2 milhões de beneficiários.
O total de beneficiários destes planos cresceu 1% no Centro-Oeste, chegando a 1,6 milhão. Sendo que o Distrito Federal, novamente apesar da queda, concentra metade dos vínculos da região: 803,3 mil.
Já no Norte, 25,4 mil novos vínculos de planos exclusivamente odontológicos foram firmados em 2016. O que aumentou o total da região em 2,5%, chegando a 1 milhão de beneficiários
Os números detalhados de todos os estados e do Distrito Federal podem ser vistos na última edição da NAB. Amanhã vamos explicar porque esse segmento está crescendo. Não perca!
Ontem,aqui no Blog, falamos sobre a falta de critérios claros de avaliação de custo efetividade para incorporar novas tecnologias na saúde suplementar. O que termina por encarecer e até mesmo comprometer a sustentabilidade do setor. Porém, obviamente, há tecnologias que podem ser empregadas para a facilitar a relação dos beneficiários com a operadora e mesmo auxiliar o paciente a ter mais cuidado com a própria saúde. É o caso, por exemplo, de aplicativos em dispositivos móveis, cada vez mais presentes no nosso dia a dia.
A lista de possibilidades é extensa. Há aplicativos para ajudar a controlar o peso, para se alimentar melhor, para lembrar de tomar remédios nas doses e horários corretos e até para engajar e integrar paciente, médico, indústria, operadoras de saúde, farmácias.
A própria ANS possui um aplicativo que disponibiliza informações como: dados das operadoras; reajuste de planos individuais e familiares; e, consulta sobre a cobertura obrigatória de acordo com o plano de saúde contratado.
Muitas operadoras de planos de saúde também possuem aplicativos para facilitar o contato com seus beneficiários, tirar dúvidas, encontrar médicos, hospitais, laboratórios e outros serviços credenciados cobertos pelo plano. Contudo, comparando o total de downloads desses aplicativos e o número de vínculos, não é difícil perceber que ainda é muito baixa a parcela de beneficiários que conhece ou utiliza esses recursos.
Todas essas funções trazem benefícios não só para o paciente, mas sim para toda a cadeia do setor de saúde suplementar, prova disso é o estudo “Mobile Health Apps to Facilitate Self-Care: A Qualitative Study of User Experiences”, publicado no 13º Boletim Científico com o título "Aplicativos móveis de saúde para facilitar o autocuidado: um estudo qualitativo das experiências dos usuários", que acompanhou usuários para saber até que ponto esses aplicativos são realmente eficazes em promover uma mudança comportamental e, efetivamente, auxiliar as pessoas a cuidarem melhor da própria saúde. Os resultados são positivos, como já apontamos aqui.
Só falta os beneficiários descobrirem que podem contar com eles.
No Brasil, com temos apontado inúmeras vezes aqui no Blog, ainda estamos engatinhando quando o assunto é adoção de critérios de custo-efetividade para a incorporação de novas tecnologias na saúde suplementar.
Por outro lado, há países que não só adotam a Avaliação de Tecnologia da Saúde (ATS) como um procedimento básico há anos, mas que debatem quais devem ser os parâmetros para aperfeiçoar essa avaliação.
Como a adoção de ATS para a saúde suplementar, por aqui, ainda não foi adotada, podemos nos valer da experiência internacional para estruturar o melhor modelo de avaliação possível. Com isso em mente, recomendamos a leitura do artigo “Changing Health Technology Assessment Paradigms?”, publicado na última edição do Boletim Científico com o título “Mudando os paradigmas da avaliação de tecnologia da saúde?”, que resume os debates do Fórum de Avaliação de Tecnologia da Saúde (ATS) 2016, nos Estados Unidos.
Coleta de dados, custos elevados, riscos médicos e eventos adversos são alguns dos desafios do setor de saúde presentes na maior parte dos países. Esses problemas são, também, o foco da palestra "Desafios globais da saúde e a relevância da participação privada nesse setor", realizada pelo Dr. Ronald Leopold, Chief Medical Officer (CMO) da Lokton, na Celebração de 10 anos do IESS e a entrega do VI Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar.
Leopold destaca que a coleta de dados é fundamental para a saúde suplementar já que está diretamente ligada ao controle de riscos médicos e eventos adversos. Questões que estão diretamente ligadas aos custos do setor, mas também impactam a qualidade do atendimento aos pacientes. O CMO também sugere algumas mudanças que poderiam cortar gastos e aumentar a eficiência do sistema, como investir em unidades de atendimento primário para desafogar os hospitais, que deveriam se focar em casos de maior complexidade.
Veja a palestra completa!
O ressarcimento ao SUS é um dos temas mais polêmicos do setor de saúde. Aqui no Blog, já foi tema de diversos posts, tanto por ser “Uma conta injusta à saúde” quanto pela lógica por traz da cobrança ser, no mínimo, controversa, como aponta o artigo "O sistema é suplementar ou substitutivo? Pela lógica do ressarcimento ao SUS...”
Hoje, o tema volta à pauta. Dessa vez, o motivo é que a ANS acatou a recomendações do TCU e implementou uma série de medidas para “aperfeiçoar” a cobrança do ressarcimento. Dentre elas: o processamento das Autorização de Procedimento Ambulatorial de Alta Complexidade (APACs), a inscrição das operadoras inadimplentes no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (CADIN) e dos valores devidos na dívida ativa e o cronograma de processamento dos Avisos de Beneficiários Identificados (ABIs).
Não vamos entrar, aqui, no mérito das medidas, que podem gerar complicações para algumas operadoras de planos de saúde. O ponto em debate é a origem da cobrança, pautada pelo artigo 32 da Lei do Planos de Saúde (Lei 9.656/98), cuja constitucionalidade é questionada por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 1.931, de maio de 2009, que ainda aguarda julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Como já apontamos em outras oportunidades, a Constituição determina que a saúde é direito de todos e dever do Estado. A mesma Constituição que determina a complementariedade da saúde privada. Isso significa que os sistemas são suplementares e não substitutivos. Ou, em outros termos, o cidadão que aderiu a um plano de saúde não abdicou do seu direito ao SUS, assim como, certamente, não deixou de pagar os tributos que financiam a saúde pública. Tributos que, aliás, também são pagos em grande parte pelas operadoras de planos de saúde. Afinal, como já vimos aqui no blog, a desoneração fiscal para a saúde é apenas um mito.
Manter essa cobrança, em nossa opinião, é taxar mais uma vez o beneficiário de planos de saúde. Ou alguém ainda tem dúvidas de quem está pagando esta conta injusta? Se o Ministério da Saúde quer, como já apontou outras vezes (inclusive com a proposta de planos mais acessíveis), estimular a adesão aos planos de saúde, poderia, juntamente com a ANS, repensar essa cobrança.
Ter critérios e indicadores de qualidade e performance para diferenciar os prestadores de serviço, por um lado recompensando a eficiência e o melhor desfecho clinico no atendimento dos pacientes e, por outro, penalizando desperdícios, é uma das bandeiras que mais defendemos.
Assim, quando surge um projeto que promete utilizar indicadores para averiguar as melhores práticas e estimular sua replicação na atenção ambulatorial e hospitalar, além de promover melhorias nos indicadores de qualidade da atenção ao câncer e possibilitar um diagnóstico mais preciso, não poderíamos deixar de manifestar nosso apoio.
O projeto OncoRede, da ANS, selecionou 42 propostas de operadoras de saúde suplementar e prestadores de serviços (hospitais, laboratórios e clinicas) que começam a ser desenvolvidos em fevereiro deste ano. O objetivo é definir um novo modelo de cuidado aos pacientes com câncer.
A expectativa é que os resultados desse projeto não só viabilizem o emprego mais racional de recursos da saúde para o tratamento de pacientes com esta doença, o que possibilitaria tratar melhor, por mais tempo e mais pessoas, mas que também resulte em qualidade de atendimento superior e, principalmente, mais qualidade de vida para os pacientes.
Vamos acompanhar este projeto de perto!
Se você não pode acompanhar a Celebração de 10 anos do IESS e a entrega do VI Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar, que realizamos em 06 de dezembro de 2016 no Hotel Renaissance, em São Paulo, mas gostaria de ver as palestras do evento, essa é sua chance.
Além de fotos, palestras e dos estudos divulgado na ocasião, agora acrescentamos os vídeos com as apresentações dos palestrantes e os debates à página do evento. Você também conferir os trabalhos vencedores de cada categoria do prêmio e as apresentações da cerimônia (aqui no link). Se preferir, você também pode acessar diretamente pela lista abaixo:
VI Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar
Desafios globais da saúde e a relevância da participação privada nesse setor
Um balanço da última década e perspectivas para o setor de saúde do Brasil e na América Latina
Desde junho de 2014, quando estreamos este portal, continuamente buscamos melhorar e expandir nossos canais de comunicação, ampliando nosso contato com as pessoas e instituições que se interessam pela saúde suplementar. Afinal, todo nosso trabalho tem o objetivo de produzir e disseminar referências técnicas sobre a saúde suplementar brasileira e aumentar a compreensão sobre o setor.
Para alcançar esse objetivo, além da modernização de nosso portal, da criação do IESSdata e deste Blog (já em seu 174° post), também “mergulhamos” nas redes sociais. Hoje, alcançamos a marca de 20 mil curtidas no Facebook e não poderíamos estar mais felizes. Faz, até agora, quase 9 meses que estamos presentes nessa rede: foram 659 posts e 58,3 mil interações (curtidas, comentários e compartilhamentos). Muito obrigado!
Esperamos continuar contando com sua participação para estimular mais debates em prol do aperfeiçoamento da saúde suplementar no País, seja no Facebook ou em nas outras redes sociais em que estamos: LinkedIn e Twitter.
É preciso ter cuidado redobrado com pacientes com câncer, não só por fatores relacionados a doença, mas também psicológicos. Pode parecer obvio, mas o estudo “Injuries before and after diagnosis of cancer: nationwide register based study”, publicado na 15º edição do Boletim Científico com o título “Lesões antes e após o diagnóstico de câncer: Estudo baseado em registro nacional da Suécia”, apontou que o risco de lesões aumenta expressivamente entre os pacientes com câncer, sendo que essa é uma das principais causas de morte não relacionada ao câncer para essas pessoas.
De acordo com o estudo, o risco de tanto lesões iatrogênicas, (complicações decorrentes de procedimentos e tratamento médicos) quanto não-iatrogênicas aumenta para os portadores de todos os tipos de câncer. Especialmente no período de duas semanas antes e duas semanas depois de confirmado o diagnóstico.
Isso significa que é preciso redobrar os cuidados com esses pacientes, tanto durante procedimentos médicos, quanto fora deles. A terapia, por exemplo, é essencial para reduzir esse risco.
O trabalho aponta, ainda, que é importante entendermos que as lesões que não resultam de intervenções médicas são cada vez mais reconhecidas entre os pacientes com câncer, o que indica um elevado risco de autolesão e suicídio, especialmente durante o primeiro ano após o diagnóstico.
Um dos assuntos mais abordados aqui no Blog é o desperdício na saúde suplementar, um dos principais motivos para os elevados custos do setor de saúde suplementar. Por tanto, quando um médico assume um dos principais hospitais do País e afirma que “caro é o desperdício, cara é a ineficiência, a complicação, a readmissão (hospitalar). Tudo isso torna a saúde cara", não podemos deixar de ecoar suas preocupações.
A declaração foi feita pelo cirurgião Sidney Klajner, novo presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, em entrevista à Folha de S.Paulo e reflete bem o que defendemos há tempo.
Apenas para contextualizar o que estamos falando, eventos adversos em saúde consomem até R$ 15 bilhões da saúde privada no Brasil por ano. Como apontamos no Estudo “Erros acontecem: a força da transparência no enfretamento dos eventos adversos assistenciais em pacientes hospitalizados” (leia mais aqui). Na conta estão inclusos gastos com medicação aplicada em dosagem errada ou na dosagem correta mas com o medicamento errado, falhas no atendimento que levaram a readmissão de pacientes e muitos outros problemas que poderiam ser evitados.
Ainda faltam computar outros desperdícios, como exames realizados duas vezes, exames realizados mas não retirados, gastos com materiais e exames não necessários etc. O excesso de equipamentos, como aparelhos de ressonância magnética (já comentado aqui no Blog) e mamógrafos (também já apresentado aqui), de manutenção cara e normalmente sub ou super utilizados é outra fonte de desperdício. O TD 51: “PIB estadual e Saúde: riqueza regional relacionada à disponibilidade de equipamentos e serviços de saúde para setor da saúde suplementar” faz uma radiografia dessa questão.
A origem do problema está, contudo, diretamente relacionada ao modelo de pagamento ainda adotado no Brasil: o regime de "conta aberta" (fee for service). Com ele, o hospital é incentivado a consumir o máximo de insumos possíveis para fazer a conta crescer e, assim, aplicar suas taxas sobre todo o consumo. Há um estímulo ao uso dos insumos mais caros e a conta é paga pelo plano, incorporando os desperdícios. O que torna ainda mais importante o comentário do novo presidente do Hospital Israelita Albert Einstein.
Vale ainda destacar que o estudo "A cadeia da saúde suplementar", produzido pelo Insper a nosso pedido, demonstra que as falhas de mercado, como competição imperfeita, oligopólio diferenciado, assimetria de informação e corrupção – que alavancam os custos de OPMEs, como mostra o TD 55: "Distorções nos gastos com OPME" –,combinadas ao atual modelo de remuneração dos prestadores, criam as condições perfeitas para potencializar os custos de saúde no País. Portanto, ou o mercado muda o modelo de pagamento, premiando a eficiência e punindo o desperdício, ou o sistema continuará registrando recordes de custos.