Entre fevereiro deste ano e o mesmo mês do ano passado, enquanto os planos médico-hospitalares perderam 1,3 milhão de beneficiários, os planos exclusivamente odontológicos firmaram 1,4 milhão de novos vínculos. Com o crescimento, de 6,8%, os planos exclusivamente odontológicos já registram 22,3 milhões de beneficiários, de acordo com os dados da última edição da NAB.
O resultado positivo foi puxado, principalmente pela contratação de planos no Estado de São Paulo. Apesar de o estado já concentrar pouco mais de um terço (33,9%) dos beneficiários desse tipo de plano, continua apresentando crescimento superior à média nacional. No período analisado, foram firmados 572,6 mil novos vínculos em São Paulo, alta de 8,2%. O resultado equivale a 40,4% de todos os vínculos firmados nos 12 meses encerrados em fevereiro deste ano.
O Estado que apresentou, proporcionalmente, o maior crescimento de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos, contudo, foi Roraima. Os 1,8 mil novos vínculos firmados representam uma alta de 27,6% ante o período anterior.
Outros três entes federativos também merecem destaque: o Distrito Federal, o Acre e o Rio de Janeiro. Pois foram os únicos locais onde o total de beneficiários desse tipo recuou. No Rio de Janeiro, foram 13,9 mil vínculos rompidos, ou retração de 0,5%. No Distrito Federal, foram 34,1 mil beneficiários que deixaram de contar com o plano, queda de 4,2%.
O Acre, contudo, apresenta o caso mais curioso, já que foi o único a registrar retração de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos e acréscimo de beneficiários de planos médico-hospitalares. Completamente na contramão do restante do País. Com recuo de 6,9%, foram rompidos 856 planos exclusivamente odontológicos entre fevereiro de 2017 e o mesmo mês de 2016. No mesmo período, foram firmados 1,5 mil novos vínculos de planos médico-hospitalares, alta de 3,12%.
O comportamento do total de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos divididos pelas cinco grandes regiões do País será apresentado nos próximos dias.
A multimorbidade, caracterizada pela presença de duas ou mais doenças crônicas atinge cerca de um quarto (24,2%) dos brasileiros em idade adulta. A taxa, contudo, é significativamente mais alta entre mulheres do que entre os homens, atingindo 28,8% das mulheres e apenas 19% dos homens. Do mesmo modo, a prevalência da multimorbidade é maior entre as pessoas mais velhas, abrangendo apenas 5,5% da população com idade entre 18 anos e 24 anos, mas 54,7% das pessoas entre 65 anos e 84 anos.
O assunto, ainda pouco explorado no Brasil, é tema do estudo “Epidemiology of multimorbidity within the Brazilian adult general population: Evidence from the 2013 National Health Survey”, publicado na última edição do Boletim Científico com o título “Epidemiologia da multimorbidade na população geral brasileira: Evidências da pesquisa nacional de saúde de 2013”.
O estudo utilizou a base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, que ouviu 60,2 mil adultos com idade superior a 18 anos e, a partir da análise dessa base de dados, explora a distribuição e identifica padrões de multimorbidade de condições crônicas de saúde física e mental entre os brasileiros.
De acordo com o estudo, o porcentual da população brasileira com multimorbidade é comparável com ao registrado na Escócia (23,2%), sugerindo que a presença dessas condições crônicas na população adulta brasileira apresenta proporções semelhantes as encontradas em países mais ricos.
Além disso, foi constatado que enquanto apenas uma em cada quatro pessoas com um ou mais problemas de saúde física apresentava comorbidades mental, três em cada quatro pessoas com problema de saúde mental apresentam comorbidades físicas.
O índice Variação do Custo Médico-Hospitalar (VCMH) deve ter encerrado 2016 com alta entre 18% e 20% ao ano. O VCMH, já comentado aqui no Blog, é o principal indicador usado pelo mercado de saúde como referência para mensurar os custos dos planos médico-hospitalares individuais e familiares. Na média, segundo informações de mercado, também acompanha as variações de custos dos planos coletivos empresariais, os quais compõem o conjunto de referências usadas pela ANS na definição do índice de reajuste das mensalidades dos planos individuais, que deve ser anunciado nos próximos meses.
Desde 2013, o VCMH/IESS registra fechamento anual superior a 15% ao ano. Nos seis primeiros meses de 2016, o indicador oscilou no patamar de 18% a 19,7% e não foi registrado nenhum sinal do mercado que aponte para a queda desses porcentuais. O que, em nossa opinião, é extremamente preocupante e coloca em risco o sistema de saúde suplementar.
Basicamente, há três causas principais para o VCMH permanecer tão elevado por tanto tempo. A primeira delas é o sistema de pagamento das operadoras aos prestadores de serviços de saúde no Brasil, que se assemelha a um ‘cheque em branco’. A chamada ‘conta aberta’, ou fee-for-service, que absorve todos os custos, inclusive desperdícios e falhas assistenciais, como reinternações, por exemplo. Todos os insumos são adicionados à conta hospitalar e, dessa forma, os prestadores buscam o máximo consumo possível com o objetivo de obter a máxima remuneração. Um desincentivo total à eficiência.
Outra causa a potencializar os custos da saúde é a falta de transparência do setor. Não há transparência sobre indicadores de qualidade assistencial nos serviços de saúde, na formação de preços ou nas relações entre os atores da cadeia. Logo, não é possível saber se a precificação por um serviço é justa porque não há como comparar os diferentes prestadores. É o caso, por exemplo, dos hospitais. A precificação se baseia em uma percepção de qualidade, no poder de mercado em determinada localidade, mas não há certeza de que um prestador é melhor do que outro porque simplesmente não se conhecem os indicadores de desempenho e qualidade assistencial.
Da mesma forma, as falhas de mercado impossibilitam a comparação entre distintos fornecedores para um mesmo insumo de saúde e que a falta de legislação específica desobriga que consumidores e operadoras saibam se há relacionamentos comerciais entre prestadores de serviços e fornecedores, por exemplo. O que abre espaço para práticas de corrupção, como temos visto nos últimos anos em diversas denúncias, especialmente na área de materiais e medicamentos.
Por esses motivos, defendemos que o Brasil precisa, urgentemente, promover uma reforma do sistema de saúde suplementar. O que deve envolver prestadores de serviço de saúde, distribuidores e fornecedores de materiais, equipamentos e medicamentos. Nem consumidores e nem empresas contratantes de plano de saúde têm condições de absorver reajustes de dois dígitos por longos períodos e nem as operadoras são capazes de arcar com essa escalada de custos. Ou o País avança na modernização dos modelos de pagamento por serviços de saúde e em uma agenda de transparência nessa área, ou o sistema corre o sério risco de se desmantelar em poucos anos.
Entre janeiro e fevereiro deste ano, o total de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares permaneceu praticamente estável, com uma leve variação positiva de 0,3%. O que equivale a 143,9 mil novos vínculos.
A notícia, que pode parecer positiva, precisa ser analisada com muita cautela.
Em nossa opinião, os números de beneficiários devem ser analisados, sempre, com base na variação de 12 meses. Isso porque a variação mensal costuma ser imprecisa, pois além de ignorar comportamentos sazonais, os dados costumam ser corrigidos depois pela ANS.
Há um caso bastante recente para ilustrar porque recomendamos cautela: em agosto de 2016, o mercado ensaiou comemorar uma alta no total de beneficiários após 14 quedas consecutivas; contudo, no mês seguinte, os números foram corrigidos indicando outra retração.
Infelizmente, enquanto a situação econômica do País não mudar e, principalmente, o saldo de empregos voltar a crescer, provavelmente não teremos aumento significativo no total de beneficiários. No máximo, veremos alguns soluços.
Analisando os 12 meses encerrados em fevereiro, como recomendamos que o mercado faça, os planos de saúde médico-hospitalares registraram 47,7 milhões de beneficiários, o que representa uma retração de 2,7% ou a perda de 1,3 milhão de vínculos. Conforme aponta a última edição da NAB.
A redução do total de beneficiários foi puxada pelos resultados da região Sudeste, que nos 12 meses encerrados em fevereiro deste ano perdeu 1,1 milhão de vínculos, mas isso é assunto para outro post.
Acabamos de divulgar o TD 62 – “Evidências de práticas fraudulentas em sistemas de saúde internacionais e no Brasil”. O trabalho, inédito, apresenta uma projeção baseada em estudos técnicos a partir da revisão bibliográfica de trabalhos internacionais e brasileiros sobre fraudes na saúde, em um esforço do IESS para dimensionar o impacto das fraudes no sistema de saúde suplementar do Brasil e apontar experiências bem-sucedidas no combate às práticas inadequadas nesse setor.
O estudo estima que cerca de R$ 22,5 bilhões dos gastos das operadoras de planos de saúde do País com contas hospitalares e exames, em 2015, foram gerados indevidamente, decorrendo de fraudes e desperdícios com procedimentos desnecessários. Isso representa 19% do total das despesas assistenciais realizadas pelas operadoras de planos de saúde.
Os números do estudo serão analisados, aqui no Blog, nos próximos dias.
Na semana do Carnaval, de 27 de fevereiro a 3 de março, estaremos promovendo uma série de melhorias na nossa infraestrutura digital, especialmente com a migração para um novo banco de dados. Em virtude da demanda crescente aos conteúdos do IESS, nosso objetivo é tornar o acesso às informações ainda mais rápido e estável.
Durante esse processo, contudo, o portal do IESS e seus canais (como o Blog e o IESSdata) não serão atualizados e poderão apresentar instabilidade para quem tentar acessá-los.
Na segunda-feira (6/3), voltaremos a atualizar nossos conteúdos regularmente.
Agradecemos a compreensão de todos.
A votação da enquete, que abrimos há alguns dias e que irá escolher qual o assunto que você gostaria de ler nas próximas publicações do especial aqui do Blog, encerram-se no próximo dia 6 de março. Você tem pouco mais de uma semana para escolher o tema de sua preferência e votar! Não deixe de participar!
Para votar, basta clicar no assunto. Assim que a página de confirmação abrir, pronto! Seu voto foi computado. Você também pode participar da enquete quantas vezes quiser.
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Mais da metade dos beneficiários de planos de saúde tem excesso de peso. De acordo com dados do Vigitel Saúde Suplementar de 2015, os mais atuais disponíveis, 52,3% dos beneficiários de planos de saúde têm Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 25kg/m². Em comparação com 2008, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez com esse foco e 46,5% dos beneficiários encontravam-se nessa situação, houve aumento de 3,8 pontos porcentuais (p.p.).
Ainda de acordo com a pesquisa, no mesmo período, também subiu o total de beneficiários considerados obesos (aqueles com IMC maior ou igual a 30kg/m²), de 12,5% para 17%. Sendo que o porcentual é ligeiramente maior entre os homens (18%) e menor entre as mulheres (16,2%).
Os números reforçam o sinal de alerta que acendemos ano passado, aqui no Blog, quando publicamos o estudo especial “Evolução da obesidade no Brasil”, e indicam que o setor precisa repensar os programas de promoção da saúde com foco em hábitos mais saudáveis. Afinal, a obesidade, considerada uma epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), está relacionada a problemas como hipertensão, intolerância à glicose, elevados níveis de lipídios (colesterol, hipertrigliceridemia isolada, tricliceris etc.), doenças cardiovasculares (como o acidente vascular cerebral), diabetes, osteoartrite e alguns tipos de câncer (endometrial, de mama e cólon).
Uma doença que exige atenção cada vez maior e seu tratamento deve passar por uma reeducação além de poder envolver a utilização de drogas moderadoras de apetite, por exemplo, antes de chegar a realização da cirurgia bariátrica. Um recurso efetivo para combater a doença, mas como última opção, não como primeira. Que é o vem acontecendo no Brasil. Principalmente porque, como mostra o TD 59 “Impactos da cirurgia bariátrica”, também já apontamos aqui, há uma série de riscos envolvidos nesta operação.
Agora que realizamos o especial sobre planos de saúde exclusivamente odontológicos, queremos saber sobre qual assunto você gostaria de ler nos próximos especiais aqui do Blog. Por isso iremos abrir uma nova votação.
Para participar é fácil, basta clicar no assunto. Assim que a página de confirmação abrir, pronto! Seu voto foi computado.
A votação é livre, então você pode participar quantas vezes quiser. Para está enquete, separamos 7 assuntos:
Aplicação de TI no mercado de saúde suplementar
Desafios para a sustentabilidade da saúde suplementar
DRG e outros modelos de remuneração
Novos produtos para a saúde suplementar
Se algum tema que você acha fundamental para o setor de saúde suplementar não estiver na lista, mande sua sugestão para o e-mail: [email protected]
Participe!
O mercado de planos exclusivamente odontológicos registrou alta de 3,8% em 2016. Um acréscimo de 815,3 mil novos vínculos, totalizando 22 milhões de beneficiários em um segmento que tem muito espaço para crescer, como vimos ontem aqui no Blog.
Apesar de acreditarmos, pelos fatores apresentados ontem (valorização dos planos, menor custo de acesso e aumento da valorização da saúde bucal entre os brasileiros), que o segmento deve continuar apresentando resultados positivos, também há razões para ficarmos atentos e nuvens pretas no horizonte.
Quais, afinal, são os principais desafios do setor? O primeiro deles é a crise econômica pela qual estamos passando. O País começa a dar os primeiros sinais de que irá deixar esse período para traz e voltar a crescer, mas isso não acontecerá de um dia para o outro. A previsão é que o PIB nacional avance modestos 0,2% este ano, o que pode ser considerado mais como estabilidade do que crescimento. Mesmo em 2018, o crescimento previsto pelo mercado é de apenas 1,5%, o que pode parecer ótimo comparado com os últimos anos, mas ainda está longe do patamar apresentado por outros países emergentes ou membros do BRICS (grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Se o ano de 2017 for marcado por uma nova redução no total de postos de trabalho com carteira assinada ou redução da renda das famílias, o total e vínculos de planos odontológicos, ainda que mais baratos do que os médico-hospitalares, pode sentir algum impacto. Afinal, os planos coletivos empresariais, aqueles oferecidos pelas empresas aos seus colaboradores, responde por 73,5% do total do mercado. Um risco que, naturalmente, tende a diminuir no próximo ano, se as previsões para o crescimento da economia estiverem corretas.
O outro grande desafio do setor está ligado a conscientização das pessoas quanto a importância da saúde bucal. Apesar de os brasileiros começarem a prestar mais atenção à saúde bucal, esse é outro desafio para o setor. De acordo com dados de 2015 do IBGE (ainda não há dados mais recentes), 55,6% dos brasileiros não se consultam regularmente com um dentista. Ou seja, a conscientização e a adesão a programas de promoção de saúde bucal são pontos que ainda precisam ser melhor trabalhados.