Já falamos aqui, inúmeras vezes, sobre a importância de tornar mais racional o uso dos recursos disponíveis na saúde, gerando redução de custos sem prejuízo a qualidade assistencial. Entre as medidas as medidas que defendemos, estão questões como o aumento de transparência para reduzir erros e evitar fraudes e a mudança do modelo de remuneração dos prestadores de serviço
Hoje, porém, a coluna Broadcast, do Estadão, mostrou um estudo do Advance Medical Group que aponta mais uma solução neste sentido: de acordo com a pesquisa, mais da metade (51%) das idas ao pronto-socorro poderiam ser solucionadas por plataformas de orientação médica especializada, acionadas, inicialmente, por telefone. O que poderia gerar uma economia de R$ 10 bilhões por ano.
No Brasil, o estudo analisou e concluiu que muitos dos problemas mais frequentes apresentados nos serviços de urgência poderiam ser resolvidos de forma mais ágil e eficaz por meio de triagem e identificação dos cuidados corretos, por vezes dentro de casa, desde que haja a orientação médica adequada. Entre as cinco causas mais frequentes entre as pessoas que buscam o pronto-socorro estão gripes, resfriados, dor de cabeça, febre e dores nas costas. Questões que dificilmente se enquadrariam no critério de urgência, que os prontos-socorros deveriam atender.
O Brasil precisa reduzir os custos das despesas geradas no setor, até para manter a "saúde econômica" da saúde suplementar, mas sempre garantindo a eficiência e qualidade dos serviços prestados e já observamos, aqui no blog, que isso é possível.
De acordo com os últimos números da NAB, o mercado brasileiro de planos de saúde encerrou abril com mais uma retração de 2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Isso significa a perda de 962 mil vínculos, o que reduz a 47,5 milhões o total de beneficiários de planos médico-hospitalares no País.
Dentre todos as regiões, o Norte foi a que menos perdeu beneficiários de planos médico-hospitalares. Apenas 4,8 mil vínculos foram rompidos na região entre abril de 2017 e o mesmo mês do ano passado, o que representa uma leve retração de apenas 0,3%.
Dos sete estados que compõe a região, quatro tiveram aumento no total de vínculos. O maior deles aconteceu no Amazonas: foram 37 mil novos beneficiários, alta de 7,5%.
No Tocantins foram 1,7 mil novos vínculos, avanço de 1,7%. O Acre firmou 1,5 mil novos vínculos, o que representa 13,2% a mais do que no período anterior. E Roraima registrou 793 novos beneficiários, aumento de 2,6%.
O resultado positivo desses estados foi contraposto pelos resultados, principalmente, de Pará e Rondônia. Juntos, esses dois estados perderam mais vínculos do que os outros quatro ganharam no período analisado. No Pará, 32 mil beneficiários deixaram os planos de saúde, queda de 3,8%. Já em Rondônia, foram 13 mil vínculos foram rompidos, recuo de 7,6%.
Nos próximos dias iremos apresentar os dados da região Centro-Oeste.
A variação dos custos médico-hospitalares, medida pelo VCMH/IESS registrou alta de 19,4% nos 12 meses encerrados em setembro de 2016. A maior variação para o período registrada pelo indicador desde o início da série histórica, em 2007. A título de comparação, a inflação geral do País, medida pelo IPCA, ficou em 8,5% no mesmo período. O resultado é bastante negativo, principalmente por apontar recorde no aumento dos custos enquanto o setor continua a registrar quedas consecutivas no total de beneficiários. O que deveria resultar em menor pressão dos custos, já que há menos beneficiários utilizando os serviços.
Além dos custos assistenciais em alta e da redução do total de vínculos, o setor ainda recebeu autorização da ANS para reajustar as contraprestações dos beneficiários de 13,55%, que apesar de acima da inflação geral, está abaixo do aumento dos custos. Movimento que certamente põe em risco a sustentabilidade do setor.
Há causas para o VCMH permanecer tão elevado por tanto tempo. A primeira delas é o sistema de pagamento das operadoras aos prestadores de serviços, que se assemelha a um ‘cheque em branco’. A chamada ‘conta aberta’, ou fee-for-service, absorve todos os custos, inclusive desperdícios e falhas assistenciais. Todos os insumos são adicionados à conta hospitalar e, dessa forma, os prestadores buscam o máximo consumo possível com o objetivo de obter a máxima remuneração. Um desincentivo total à eficiência.
Outra causa é a falta de transparência. Hoje, não é possível saber se a precificação por um serviço é justa porque não há como comparar os diferentes prestadores. É o caso dos hospitais. Os custos dos serviços se baseiam em uma “percepção de qualidade”, mas não há certeza de que um prestador é melhor do que outro porque simplesmente não se conhecem os indicadores de desempenho e qualidade assistencial.
Isso abre espaço para práticas de corrupção, como se tem repercutido na imprensa nos últimos anos em diversas denúncias, especialmente na área de materiais e medicamentos, o que, obviamente, impacta em aumento de custos para o sistema.
O Brasil precisa promover uma reforma do sistema de saúde suplementar. Nem consumidores, nem empresas contratantes de plano de saúde têm condições de absorver reajustes de dois dígitos por longos períodos. Ou o País avança na modernização dos modelos de pagamento por serviços de saúde e em uma agenda de transparência nessa área, ou o sistema corre o sério risco em poucos anos.
Atualizamos o mais importante indicador utilizado pelo mercado de saúde como referência sobre o comportamento de custos, o Índice de Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH), que registrou alta de 19,4% nos 12 meses encerrados em setembro de 2016. Essa é a maior variação para o período registrada pelo indicador desde o início da série histórica, em 2007. A título de comparação, a inflação geral do País, medida pelo IPCA, ficou em 8,5% no mesmo período.
O resultado do VCMH é bastante negativo, principalmente por apontar recorde no aumento dos custos enquanto o setor da saúde suplementar continua a registrar quedas consecutivas no total de beneficiários de planos médico hospitalares. O que deveria resultar em menor pressão dos custos, já que há menos beneficiários utilizando os serviços. Vale lembrar que além dos custos assistenciais em alta e da redução do total de vínculos, o setor ainda recebeu autorização da ANS para reajuste das contraprestações dos beneficiários de 13,55%.
Nos próximos dias iremos analisar os resultados do VCMH aqui no Blog. Aguarde!
Como já apresentamos aqui, no blog, o mercado brasileiro de planos de saúde apresentou novamente retração no total de beneficiários entre abril de 2017 e o mesmo mês de 2016. Na última quarta-feira (24) destacamos o comportamento da região Sudeste, que puxou essa queda no número de vínculos rompidos.
Segundo os dados da NAB, todas as regiões do País tiveram redução no total beneficiários de planos médico hospitalares. Porém, o Nordeste foi a segunda região com menor índice de retração, com 1,1% de queda no período, ou 71,6 mil vínculos rompidos, ficando atrás apenas do Norte.
Ceará e Piauí foram os únicos estados da região que apresentaram saldo positivo. No Ceará, 9,3 mil novos vínculos foram firmados no período, o que representa crescimento de 0,8%. Já no Estado do Piauí, o total de beneficiários cresceu 1,2%, o que equivale 3,5 mil novos vínculos.
Em números absolutos, a maior queda ocorreu no estado da Bahia, cuja perda foi de 25 mil vínculos entre abril de 2016 e abril de 2017. Queda de 1,6%. Contudo, proporcionalmente, foi Alagoas que teve a maior redução de beneficiários: o estado perdeu 16,9 mil vínculos, um recuo de 4,1% no período.
Nos próximos dias, apresentaremos os resultados das demais regiões.
O seminário Incorporação de Tecnologias na Saúde Suplementar vai contar com um conjunto de especialistas renomados para analisar esse tema tão sensível para a sustentabilidade da saúde suplementar do Brasil. São profissionais com grande conhecimento e experiência, que podem apontar soluções para esse fator de grande impacto nos custos e na eficiência da saúde. Traremos também uma visão internacional, para que possamos aprender com as experiências externas. Participe desse importante encontro que envolve a saúde suplementar do Brasil.
Palestrantes
Otávio Clark, CEO e Chefe de Equipe da Evidências
Nome reconhecido no Brasil em assuntos relacionados a medicina baseada em evidências, farmacoeconomia, avaliação tecnológica de saúde e acesso ao mercado. Com cerca de 20 anos de experiência na área, publicou vários trabalhos em revistas médicas.
Luciano Paladini, Médico Analista da Evidências
Médico, desenvolve Avaliações de Tecnologias em Saúde (ATS), também fornecendo dados epidemiológicos para a alimentação de modelos de patient forecast. É coautor de vários artigos publicados em revistas médicas indexadas, nacionais e internacionais.
Reynaldo Rocha do Nascimento Júnior, Coordenador de Gestão e Projetos em Saúde do Planserv
Cirurgião geral e mastologista e diretor da DUOMED (Auditoria e Consultoria em Saúde), coordenador de Gestão e Projetos em Saúde do Planserv – BA e gerente-médico-executivo do Hospital Santa Isabel (Santa Casa de Misericórdia da Bahia).
Sam Rossolimos, Diretor da Accenture na África do Sul
Médico, pertence ao American College of Healthcare Executives, foi executivo e membro de conselhos de administração de diversas organizações de saúde na África do Sul.
Debatedoras
Karla Coelho, Diretora de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS
Solange Beatriz Mendes, Presidente da Fenasaúde
Confira a programação completa e inscreva-se agora!
Na última sexta-feira (19/5), aqui no Blog, apontamos que o mercado brasileiro de planos de saúde teve mais uma retração. De acordo com a última edição da NAB, foi registrada uma queda de 2% no total de beneficiários entre abril de 2017 e o mesmo mês de 2016. A perda representa 962 mil vínculos a menos, o que reduz a 47,5 milhões o total de beneficiários de planos médico-hospitalares no País.
Redução puxada fortemente pela região Sudeste. Dos 962 mil vínculos rompidos no período, 742,8 mil se concentram na região que teve queda de 2,5% no período. Sendo que os Estado de São Paulo e Rio de Janeiro foram os que registraram o maior número de vínculos rompidos. Em números absolutos, São Paulo foi o estado em que mais beneficiários deixaram de contar com o plano de saúde: 475,8 mil beneficiários a menos do que em abril de 2016, o que representa uma retração de 2,6%. Já no estado do Rio de Janeiro, foram 181,2 mil vínculos rompidos, o que equivale a uma queda de 3,2%.
Minas Gerais e Espírito Santo também apresentaram resultados negativos. 64,9 mil vínculos com planos de saúde foram rompidos em Minas e, no Espírito Santo, outros 20,8 mil beneficiários deixaram de contar com o plano.
Nos próximos posts, vamos apresentar os dados das demais regiões.
O IESS realiza, no próximo dia 31, um debate fundamental para analisar os impactos positivos e negativos das novas tecnologias sobre a saúde suplementar. Será uma grande jornada para analisar o uso de ferramentas de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), avaliar a situação do mercado brasileiro e conhecer algumas práticas internacionais que geraram ganhos e eficiência ao setor. Buscaremos respostas para os enormes desafios de sustentabilidade da saúde suplementar do Brasil e você é parte fundamental desse debate.
Serão debatidos assuntos como:
- Rol de cobertura da ANS e suas limitações;
- Processos de incorporação e desincorporação no Brasil e em outros países;
- Inflação médica;
-A sustentabilidade do Sistema de Saúde e o papel da tecnologia neste contexto;
- Passos para um processo de Incorporação de tecnologia inteligente;
- Modelo de decisão em Ambiente Multicritério;
- Como é o processo de ATS;
- Principais desenhos de estudo usados em ATS;
- Como um processo formal de ATS pode ajudar o mercado privado brasileiro
Confira a programação completa do “Seminário Incorporação de Tecnologias na Saúde Suplementar”, que iremos realizar no dia 31 de maio, a partir das 8h, no Hotel Hilton Rio de Janeiro (Av. Atlântica, 1020). Inscreva-se gratuitamente, mas atenção, as vagas estão acabando!
Por Luiz Augusto Carneiro*
Temos defendido ao longo dos anos, com ênfase maior desde 2015, a necessidade de o Brasil avançar em uma lei de transparência para as relações entre agentes de mercado na área de saúde. Temos um vasto conteúdo de estudos e análises sobre esse tema, mas, um resumo de forma bastante condensada e bem objetiva está disponível nos conteúdos ligados ao Seminário Internacional "OPMEs: Análise setorial e adoção de boas práticas" que realizamos em 20 de outubro de 2015, em São Paulo.
Na semana passada, representantes das indústrias de produtos de saúde (especialmente materiais e medicamentos) e do Conselho Federal de Medicina (CFM) manifestaram apoio à adoção de uma lei de transparência na área de saúde no País. Durante a Feira Hospitalar, em São Paulo, disseram ser favoráveis que todos os pagamentos e benefícios a fornecedores (jantares, eventos, honorários por palestras, viagens etc.). O reconhecimento a essa necessidade chega em boa hora. E seria bom sair do papel.
Conforme demonstramos no TD 55, o Physician Payments Sunshine Act (PPSA) dos Estados Unidos, também conhecido como seção 6002 do Affordable Care Act (ACA), foi um importante avanço regulatório naquele país. Qual cidadão não gostaria de saber e questionar ao seu médico sobre benefícios recebidos de fornecedores e, assim, identificar se há algum conflito de interesses? Não se trata de nenhuma iniciativa de suspeição aos médicos e outros profissionais, mas a favor da transparência das relações. Todos ganham com isso. Quem quer conhecer bem essa prática, pode acessar o site Open Payments Data.
E essa é uma tendência mundial. Como bem demonstrou em sua palestra o Dr. Sam Rossolimos, médico sul-africano e especialista no tema, ao demonstrar que França também avançou nessa linha.
Isoladamente, a iniciativa de transparência é um avanço, mas é claro que não resolverá tudo sozinha. É necessário que se modernizem os modelos de pagamento para serviços prestados na área de saúde, ao substituir o modelo de contas abertas por outros que considerem diagnóstico, qualidade assistencial e desfecho clínico; que se uniformize os padrões de qualidade de materiais e dispositivos implantáveis, de modo a garantir a competição e comparação entre os agentes; e que sejam combatidas práticas anticoncorrenciais, caso de cartéis e ações de corrupção, entre outras frentes. Mas, sem dúvida, prover o paciente e o mercado de informações, com a transparência e que se tornem públicas todas os valores transferidos entre os agentes do mercado, principalmente de indústrias, importadores e distribuidores desses materiais para médicos, é um avanço gigantesco e confere poder aos pacientes.
É preciso uma lei para isso? Não necessariamente. Se o mercado quer avançar nessa frente, é possível voluntariamente acertar, entre as empresas do setor e os profissionais da área, meios de tornar a informação pública e acessível. Só em caso de resistência a esse avanço seria efetivamente necessária a força da lei. Se todos os agentes acreditam que a transparência é um avanço, então é hora de evoluir nessa agenda de forma acelerada.
*Luiz Augusto Carneiro é superintendente executivo do IESS
A 11° edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB) destaca que o mercado brasileiro de planos de saúde encerrou abril com mais uma retração: queda de 2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Isso significa a perda de 962 mil vínculos, o que reduz a 47,5 milhões o total de beneficiários de planos médico-hospitalares no País.
Destes, 742,8 mil se concentram na região Sudeste. Sendo que os Estado de São Paulo e Rio de Janeiro foram os que mais perderam beneficiários. Em São Paulo, houve retração de 2,6%, o que equivale a 475,8 mil beneficiários a menos do que em abril de 2016. Já no Rio de Janeiro, foram 181,2 mil vínculos rompidos, queda de 3,2%.
Os dados serão analisados nas próximas postagens aqui do blog.