Paulo Furquim apresenta pesquisa do Insper - A Cadeia de Saúde Suplementar no Brasil - Parte 1
A cadeia de Saúde Suplementar
O atual modelo de gerenciamento de custos e de qualidade de serviços de saúde no País não é sustentável e precisa ser revisto com urgência. As fragilidades do sistema, que no período acumulado de março do ano passado a março de 2016 perdeu cerca de 1,3 milhão de beneficiários, não se limitam a um específico elo da cadeia, aliás, numerosa e complexa, o que torna mais difícil o seu equilíbrio. Médicos, administradores, fornecedores de insumos e equipamentos médicos, operadoras, governo e até o beneficiário precisam se acertar para corrigir as distorções do setor. O fato de ser atividade fortemente regulamentada e de sofrer crescente judicialização torna o enfrentamento do problema mais complexo.
Mas quais as saídas para esse cenário desfavorável ao setor? O Insper, com o apoio do IESS, promoveu hoje o Seminário “A cadeia de Saúde Suplementar: avaliação de falhas de mercado e propostas políticas”, em São Paulo, a fim de fomentar o debate sobre esse desafio.
Paulo Furquim de Azevedo, professor Sênior Fellow do Insper, apresentou estudo inédito, produzido a pedido do IESS, sobre a temática do encontro. Aperfeiçoar o arcabouço regulatório, prover empoderamento aos compradores de serviços de saúde, modernizar os modelos de remuneração na prestação de serviços e prover transparência nas relações de mercado e na qualidade assistencial são algumas das sugestões apresentadas no documento.
Exposta como contribuição à reflexão de toda a cadeia, o estudo pontua, por exemplo, que a adoção criteriosa do DRG (Diagnoses Related Groups), metodologia para gerenciamento de custo e de qualidade assistencial-hospitalar, deve ser examinada como um dos instrumentos para reverter os autos custos do sistema e ainda suas falhas de qualidade. Furquim exemplificou que em alguns mercados internacionais a reinternação pela mesma doença não é paga, estimulando a eficácia do tratamento.
Outro exemplo apresentado é o estímulo à coparticipação. Utilizado em larga escala no mercado internacional, o sistema induz, segundo Furquim, o beneficiário a ser mais criterioso no uso do plano de saúde e na escolha de prestadores, evitando procedimentos ou exames desnecessários. Evidentemente, foi destacado que esse modelo precisa ser estruturado com muito cuidado técnico, para não subtrair o direito do beneficiário à um serviço de qualidade e segurança.
A Chefe de Gabinete da Presidência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Lenise Barcellos de Mello Secchin, complementando esse ponto, revelou que entre 30% e 40% dos exames médicos realizados não são retirados dos laboratórios. Em 2015, de acordo com ela, foram feitos cerca de 750 milhões de exames, “isso dimensiona o quanto a cadeia perdeu com a não retirada de exames”, destacou. Lenise, na sua apresentação, defendeu ser necessária a disseminação de informações do setor, bem como a promoção de debates entre os elos da cadeia, como o realizado pelo Insper e apoiado pelo IESS, para que o País chegue mais rapidamente a um modelo de gestão sustentável, segura e de qualidade.
Bastante crítico aos desequilíbrios atuais do sistema nacional de saúde suplementar, o Dr. Cláudio Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, destacou que a classe médica, as operadoras e todos os envolvidos na cadeia devem “recobrar a consciência que o objeto central de todos é o cidadão”. “O seu bem-estar é que deve ser o foco”, pontuou.
Participaram ainda do seminário como convidados a Diretora Corporativa de Qualidade e Segurança da ACSC-Hospital Santa Catarina, Camila Sardenberg, o presidente do CADE, Vinicius Marques de Carvalho, e Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, coordenador do debate entre os palestrantes. Carneiro destacou a oportunidade do encontro e a qualidade da pesquisa do Insper, que deverá ser matriz para outros estudos e discussões setoriais. Ele alertou também que a rápida mobilização do setor é importante, uma vez que é preciso planejamento para atender a rápida transição demográfica em curso no País.
Você vai poder assistir a uma aos vídeos do evento em breve, aqui no portal do IESS.
Acabamos de produzir a nova edição do “Boletim Científico IESS”. Voltado para pesquisadores acadêmicos e gestores da área de saúde, a publicação indica os principais estudos científicos, nacionais e internacionais, publicados no segundo bimestre de 2016 sobre saúde, tecnologia, economia e gestão no setor de saúde suplementar. O objetivo é auxiliar pesquisadores e gestores da saúde suplementar a se manterem atualizados sobre os principais estudos publicados no bimestre.
Nos próximos dias, vamos publicar artigos aqui no blog analisando alguns dos principais destaques dessa edição.
Acabamos de produzir a nova edição do “Boletim Científico IESS”. Voltado para pesquisadores acadêmicos e gestores da área de saúde, a publicação indica os principais estudos científicos, nacionais e internacionais, publicados no segundo bimestre de 2016 sobre saúde, tecnologia, economia e gestão no setor de saúde suplementar. O objetivo é auxiliar pesquisadores e gestores da saúde suplementar a se manterem atualizados sobre os principais estudos publicados no bimestre.
Nos próximos dias, vamos publicar artigos aqui no blog analisando alguns dos principais destaques dessa edição.
Apesar da perda de 1,33 milhão de beneficiários em março de 2016 ante o mesmo mês do ano passado, o mercado registrou crescimento de 2,49% na faixa de 65 anos ou mais. Houve, assim, uma expansão de quase 105 mil vínculos no período.
Esse resultado pode decorrer de novas contratações e/ou de migração de faixa etária entre beneficiários. Não é possível obter tal detalhamento. Entretanto, não deixa de ser um resultado extremamente positivo, em meio ao imenso volume de informações negativas no setor – bem como de toda economia brasileira.
Comprova, ainda, que o público que mais necessita de serviços de saúde é também aquele que consegue e continua acessando o mercado.
Na comparação em 12 meses, a maior redução do número de beneficiários foi para a faixa etária de 0 a 24 anos (-736.132 vínculos). Nessa faixa etária, os beneficiários são em sua maioria dependentes. A segunda maior queda foi para a faixa etária de 25 a 29 anos (-319.112 vínculos). Essa queda pode estar associada ao recuo no emprego das pessoas dessa faixa etária (-361.134 vagas formais, segundo dados do Caged, do Ministério do Trabalho).
Apesar da perda de 1,33 milhão de beneficiários em março de 2016 ante o mesmo mês do ano passado, o mercado registrou crescimento de 2,49% na faixa de 65 anos ou mais. Houve, assim, uma expansão de quase 105 mil vínculos no período.
Esse resultado pode decorrer de novas contratações e/ou de migração de faixa etária entre beneficiários. Não é possível obter tal detalhamento. Entretanto, não deixa de ser um resultado extremamente positivo, em meio ao imenso volume de informações negativas no setor – bem como de toda economia brasileira.
Comprova, ainda, que o público que mais necessita de serviços de saúde é também aquele que consegue e continua acessando o mercado.
Na comparação em 12 meses, a maior redução do número de beneficiários foi para a faixa etária de 0 a 24 anos (-736.132 vínculos). Nessa faixa etária, os beneficiários são em sua maioria dependentes. A segunda maior queda foi para a faixa etária de 25 a 29 anos (-319.112 vínculos). Essa queda pode estar associada ao recuo no emprego das pessoas dessa faixa etária (-361.134 vagas formais, segundo dados do Caged, do Ministério do Trabalho).
Quase 700 mil pessoas deixaram de ter plano de saúde no Estado de São Paulo entre março de 2016 e o mesmo mês do ano passado. Isso responde, em números absolutos, por mais de 52% das perdas de contratos em todo o País no período. Com 17,99 milhões de beneficiários, São Paulo representa 37% do total de 48,81 milhões de vínculos dos planos de saúde em todo o País. A maior queda, a maior do País, puxou a perda de 1,33 milhão de pessoas do sistema de saúde suplementar brasileiro. Os dados fazem parte do boletim Saúde Suplementar em Números produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
O Estado de São Paulo apresenta queda em todas as suas regiões metropolitanas: capital (-4,3%); Baixada Santista (-2,6%) e Campinas (-6,8%). O desempenho negativo também impactou a região Sudeste, passando de 31,29 milhões de beneficiários, em março de 2015, para 30,12 milhões, em março de 2016, o que corresponde a uma redução de 3,8% na comparação anual. No Sudeste, Estados com grande representatividade apresentam quedas significativas: -4% em Minas Gerais e -4,1% no Rio de Janeiro.
“Há um vínculo forte entre o mercado de trabalho e o plano de saúde, pois esse é um benefício muito valorizado pelos trabalhadores. O aumento do desemprego nas áreas mais desenvolvidas, caso principalmente do Estado de São Paulo, torna inevitável o impacto na saúde suplementar”, avalia Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho indicam que, os meses de março de 2015 e 2016, o estoque de demitidos foi de 1,88 milhão de pessoas. “O que preocupa é a proporção e a velocidade da perda de beneficiários”, observa.
O boletim Saúde Suplementar em Números é produzido pelo IESS a partir da atualização da base de informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Os planos de saúde exclusivamente odontológicos apresentaram crescimento de 3,8%, em 2015, em relação ao ano anterior. Totalizaram 22 milhões de beneficiários, conforme aponta o boletim Saúde Suplementar em Números do IESS e pode ser constatado no IESSdata.
É positivo identificar que, em meio à crise econômica e enquanto os planos médico-hospitalares registraram queda no número de beneficiários no mesmo período, os contratos odontológicos crescem.
Entretanto, esse é um segmento da saúde suplementar que ainda está longe de ter todo seu potencial de mercado explorado (equivalem a menos de 50% das contratações dos planos médico-hospitalares). Mais preocupante é que, sob efeito da crise, o ritmo de crescimento desse mercado tem diminuído: no boletim Saúde Suplementar em Números divulgado com base em dezembro de 2014, o aumento de novos beneficiários exclusivos de plano odontológico foi de 5,6%. E em 2013, o crescimento foi ainda maior, chegando a 8,2% de novos contratos.
Como esse segmento pode continuar crescendo e manter seu ritmo de expansão? Nos últimos dias, houve uma intensificação do debate a respeito da regulação dos planos exclusivamente odontológicos. O tema merece atenção de todo o mercado: operadoras, prestadores de serviços, legisladores, agentes reguladores e, especialmente, beneficiários, a parte mais interessada.
Os planos de saúde exclusivamente odontológicos apresentaram crescimento de 3,8%, em 2015, em relação ao ano anterior. Totalizaram 22 milhões de beneficiários, conforme aponta o boletim Saúde Suplementar em Números do IESS e pode ser constatado no IESSdata.
É positivo identificar que, em meio à crise econômica e enquanto os planos médico-hospitalares registraram queda no número de beneficiários no mesmo período, os contratos odontológicos crescem.
Entretanto, esse é um segmento da saúde suplementar que ainda está longe de ter todo seu potencial de mercado explorado (equivalem a menos de 50% das contratações dos planos médico-hospitalares). Mais preocupante é que, sob efeito da crise, o ritmo de crescimento desse mercado tem diminuído: no boletim Saúde Suplementar em Números divulgado com base em dezembro de 2014, o aumento de novos beneficiários exclusivos de plano odontológico foi de 5,6%. E em 2013, o crescimento foi ainda maior, chegando a 8,2% de novos contratos.
Como esse segmento pode continuar crescendo e manter seu ritmo de expansão? Nos últimos dias, houve uma intensificação do debate a respeito da regulação dos planos exclusivamente odontológicos. O tema merece atenção de todo o mercado: operadoras, prestadores de serviços, legisladores, agentes reguladores e, especialmente, beneficiários, a parte mais interessada.
Um dos argumentos apresentados nesse debate está no estabelecimento de regras e exigências específicas para essa categoria de plano, diferenciando da normatização dos médico-hospitalares. Outro ponto estaria na adoção de penalidades proporcionais ao tíquete médio dos produtos do segmento e a implementação de uma regulação prudencial proporcional aos riscos da operação.
O IESS tem acompanhado e estimulado os debates em torno desse tema. Os planos exclusivamente odontológicos têm um potencial gigantesco de crescimento no Brasil e, portanto, todas as propostas de aperfeiçoamento e estímulo ao setor são bem-vindas. Abaixo, um mapa com o comportamento por unidade federativa no mercado brasileiro em 2015 ante 2014.