O novo episódio do IESSCast, já disponível, trata de um assunto essencial para a otimização da saúde suplementar no país: o desperdício das falhas ao longo da cadeia de valor do sistema de saúde. O superintendente executivo do IESS, José Cechin, conversou com Renato Camargos Couto, presidente do Grupo IAGSaúde e co-fundador da plataforma Valor Saúde do DRGBrasil, para entender de que forma se pode reduzir as falhas que ocasionam internações e readmissões hospitalares potencialmente preveníveis.
Os ouvintes que acessarem ao episódio poderão entender sobre tópicos importantes para o desenvolvimento dos serviços em saúde como a jornada do paciente, a comparação dos valores entregues pelos sistemas suplementar e público, a assimetria de informação na relação médico-operadores-prestadores-paciente, os modelos de remuneração e as principais adversidades do setor para gerar valor.
O IESSCast está disponível nas principais plataformas de streaming de áudio, como o Spotify, Deezer, Google Podcasts, Apple Podcasts e Castbox. O conteúdo também pode ser acessado, a qualquer momento, pelo canal do IESS no YouTube em formato de websérie. Os novos episódios vão ao ar sempre às terças e sextas-feiras.
Essa série do IESSCast tem como origem o livro “Saúde Suplementar: 20 anos de transformações e desafios em um setor de evolução contínua”, publicação organizada pelo IESS e assinada por 24 autores convidados. Cada capítulo do livro gerou um episódio diferente. Para baixar a obra, clique AQUI.
Parece claro e cada vez mais lógico que o setor de saúde avance na questão de transparência de informações, a exemplo do que acontece em outros mercados e mesmo neste segmento econômico ao redor do mundo. Contudo, a experiência internacional revela que é preciso ter clareza dos resultados que se busca obter a partir da publicização de dados do setor de forma recorrente, transparente e compreensível para os diversos públicos interessados. Mais do que isso, é necessário foco e a elaboração de legislação detalhada para que os resultados obtidos não sejam o oposto dos esperados com a transparência das informações.
O assunto é complexo. Talvez este seja o mais inescrutável dos assuntos já tratados por aqui. Mas o TD 76 – “Transparência em saúde no Brasil e no mundo: onde estamos e como podemos avançar” –, que acabamos de publicar, traz importantes indicativos de como progredir nessa agenda.
A despeito da profusa coletânea de posts, estudos e eventos que temos sobre a importância da transparência no setor – são 117 publicações no site, confira – o novo estudo deixa claro que nem toda transparência é positiva.
Obviamente, ainda precisamos de indicadores de qualidade capazes subsidiar decisões clínicas e apontar, por exemplo, qual o melhor hospital para passar por um parto de risco ou o melhor centro clínico para um transplante de rim etc. Transparência é fundamental para detectar falhas, como os eventos adversos, e criar programas pragmáticos para combater este problema, como aponta o 2° Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil. Relembre.
O TD 76 demonstra, também, que há casos em que a transparência pode resultar em comportamentos completamente opostos aos desejados, especialmente quanto aos preços praticados entre os diversos elos do setor. Programas que obrigam a divulgação de preços praticados por hospitais para Operadoras de Planos de Saúde (OPS), por exemplo, tendem a se tornar um incentivo perverso com efeito propulsor dos preços médios praticados. Isso porque negociações específicas que possibilitariam custos mais acessíveis tendem a ser inviabilizadas na medida em que os agentes não estariam propensos a praticar os mesmos preços para todo o mercado.
O movimento é semelhante ao que acontece em escala global, quando farmacêuticas se recusam a divulgar os preços acertados com governos de diferentes países, já que não poderiam manter as melhores condições negociadas com um País para todos os outros – seja por questões de escala ou outros interesses estratégicos particulares de cada instituição.
Mesmo os resultados do Physician Payments Sunshine Act, a mais emblemática legislação de transparência do setor no mundo, parecem estar aquém do almejado. A pesquisa “Effect of the public disclosure of industry payments information on patients: results from a population-based natural experimente”, publicada em 2019, indica que não houve aumento significativo das pessoas que sabiam se o seu médico havia recebido pagamentos da indústria, ainda que tenha crescido a parcela da população que afirmava saber da existência de dados públicos para consulta.
Nesse sentido, a pesquisa IESS/Ibope aponta que 48% dos beneficiários de planos de saúde gostariam de saber se seu médico ou hospital recebe algum tipo de benefício da indústria farmacêutica, mas apenas 35% trocariam de médico ou hospital em caso de resposta afirmativa.
De modo geral, o estudo destaca que mais do que transparência total, o setor precisa de políticas bem estruturadas, capazes de assegurar aos contratantes e, mais importante, aos pacientes, uma ferramenta adequada para comparar os prestadores de serviços de saúde disponíveis e escolher a melhor opção com foco em qualidade assistencial.
O assunto, claro, está longe de ser esgotado. Então, se você também se interessa por este tema, continue acompanhando nosso blog.
Qual o melhor hospital do Brasil? Qual a melhor Operadora de Plano de Saúde (OPS)? Hoje, cada pessoa pode responder a estas questões de formas diferentes e não há como afirmar se ela está certa ou errada. O mesmo vale para médicos, laboratórios, clínicas de fisioterapias e basicamente todos os prestadores de serviço de saúde. Isso acontece porque ainda não há indicadores de qualidade consolidados e publicados de forma transparente no Brasil – ainda que OPS já tenham que divulgar uma série de informações, inclusive indicadores financeiros, e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publique o Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) e dados sobre reclamações recebidas.
Enquanto outros países contam com parâmetros bem definidos e resultados publicados online para consulta rápida e fácil de qualquer pessoa – o portal do The Leapfrog Group, já comentado no Blog é um ótimo exemplo disso –, por aqui, as opiniões costumam se basear em critérios relativamente subjetivos. Um parente ou amigo bem atendido, o conforto e a celeridade na sala de espera, profissionais de renome liderando equipes etc.
Mas qual a taxa de sepsia por cirurgias bariátricas? E o porcentual de partos prematuros em que mãe e bebê se recuperam positivamente? Qual a taxa de reinternação? Essas são perguntas simples, mas importantes para escolhermos em quem confiar nossas vidas. E a mesma lógica vale para outros servidores, não só para hospitais.
E já que estamos falando de transparência, também os custos e os modelos de remuneração precisam ser repensados. Afinal, o modelo atual (fee-for-service) funciona como um cheque em branco para cobrir qualquer quantidade de procedimentos e qualidade assistencial. Se um prestador de serviço de saúde recebe mais pela quantidade de exames realizados e seringas utilizadas, como podemos esperar que o setor tenha os corretos incentivos para se tornar transparente?
Se você também se preocupa com essas e outras questões fundamentais para a sustentabilidade da saúde suplementar, não deixe de conhecer os vencedores do IX Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar e descobrir algumas das próximas mudanças que estão por vir no setor. O anúncio dos vencedores acontece no próximo dia 11, no hotel Tivoli Mofarrej (Al. Santos, 1.437), em São Paulo, durante o seminário “Transformação Digital na Saúde”. Inscreva-se.
Na última semana, a Reuters noticiou uma investigação realizada pelo Federal Bureau of Investigation (FBI), dos Estados Unidos, que apura fraudes de mais de R$ 600 milhões em vendas de equipamentos médicos das empresas Johnson & Johnson, Siemens, GE e Philips ao Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.
Apesar de o caso não envolver diretamente a saúde suplementar, reforça a necessidade de adotarmos mecanismos de transparência e combate às fraudes no setor como um todo (tanto saúde pública quanto privada). Para incentivar o debate e a adoção de práticas nesse sentido, desenvolvemos o estudo “Arcabouço normativo para prevenção e combate à fraude na saúde suplementar no Brasil” em conjunto com a PwC Brasil – aproveite para rever a diferença entre fraude e corrupção e dos tipos de fraudes na saúde.
Mas não é apenas para prevenir “atos de má fé” que o setor precisa avançar em uma agenda de transparência. Outros dois pontos fundamentais nesse debate são o combate ao desperdício e, ainda mais importante, a segurança assistencial dos pacientes.
Vale lembrar, quase R$28 bilhões foram gastos desnecessariamente com contas hospitalares e exames apenas em 2017. Ainda não há números de 2018, mas até o momento nada indica que o setor avançou nessa seara e reduziu essa parcela desnecessária das despesas assistenciais das Operadoras de Planos de Saúde (OPS). Para entender a gravidade da situação basta pensar que o montante equivale a aproximadamente 20% das despesas assistenciais naquele ano. Dinheiro que poderia estar sendo utilizado para o atendimento de outros beneficiários, desenvolvimento de programas de promoção da saúde ou, em última análise, se não fosse gasto poderia influenciar o cálculo do reajuste das contraprestações, determinando um avanço menor dos custos para se manter um plano médico-hospitalar.
Claro, para isso ser possível, como já mostramos aqui, é fundamental repensarmos o modelo de remuneração dos prestadores de serviço de saúde. Afinal, o fee-for-service (modelo atual) premia o desperdício ao invés de puni-lo. Temos uma série de materiais sobre outros modelos de remuneração que poderiam auxiliar nessa empreitada e podem ser acessados facilmente em nossa Área Temática.
Já na linha de segurança assistencial do paciente, a maior referência sobre a falta de transparência e seus impactos é o Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil. Afinal, mais transparência poderia combater os erros e falhas que causam a morte de 6 pacientes nos hospitais no Brasil a cada hora, consomem R$ 10,6 bilhões e inviabilizam o uso de 14,3 milhões de leitos-dia.
A necessidade de transparência e combate ao desperdício sempre foi uma das “bandeiras” que mais defendemos. Ao longo do último mês, especificamente, abordamos exaustivamente o assunto, destacando que a “Ausência de ato regulatório impacta 15% das despesas com saúde suplementar no Brasil” e os “Tipos de fraude na saúde”, entre outros pontos de destaque do estudo especial “Arcabouço normativo para prevenção e combate à fraude na saúde suplementar no Brasil”, que fizemos em parceria com a PwC Brasil.
Já que temos cobrado (e estimulado) a adoção de políticas que combatam esses problemas, não poderíamos deixar de parabenizar iniciativas nesse sentido. É o caso da RN 443, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que determina a adoção de práticas de governança corporativa pelas Operadoras. Apesar de o Caput da resolução (o breve descritivo que vem no topo da normativa) falar em “práticas mínimas de governança corporativa”, consideramos que é um primeiro passo importante.
A RN 443 foca, principalmente, em mecanismos para garantir a solvência das Operadoras de Planos de Saúde (OPS) e, com isso, assegurar a capacidade de atendimento de beneficiários. O que, certamente, é positivo e desejável. Entretanto, o que mais nos chama atenção é o primeiro princípio a ser considerado para a determinação das práticas e estruturas de gestão corporativa: transparência, com “divulgação clara, completa e objetiva de informações”.
Claro que a medida está restrita às OPS e, infelizmente, não atinge toda a cadeia da saúde suplementar. Mas é um primeiro passo no combate de fraudes e desperdícios. Um importante primeiro passo.
Quem nos acompanha periodicamente sabe que um dos temas que mais repercutimos na cadeia de saúde é a necessidade constante de ampliação da transparência. É com esse objetivo que fizemos diferentes estudos, publicações e eventos. Foi com isso em mente que realizamos o Seminário Internacional “Qualidade Assistencial e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde”, que buscou incentivar a implementação de uma agenda nacional de indicadores para mensurar o desempenho da prestação de serviços de saúde no Brasil e estimular a troca de conhecimento e a aplicação de ações para a redução desse problema.
Exatamente por isso que ações nesse âmbito devem ser divulgadas. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) acaba de divulgar uma nova versão do seu guia de planos de saúde. Agora, a ferramenta inclui informações sobre a rede hospitalar credenciada para diferentes produtos. Ela também permite comparar na mesma tela do computador, lado a lado, diferentes pesquisas para quesitos como preço máximo de venda por faixa etária, cobertura, área de abrangência, tipo de acomodação (ambulatorial ou quarto), se tem franquia ou coparticipação. O guia conta com cerca de 17.500 planos médicos hospitalares e 4 mil planos odontológicos cadastrados, entre contratos individuais e coletivos, com venda ativa.
Importante passo para o fomento de mais acesso às informações por parte dos beneficiários, essa é a primeira atualização do guia desde o seu lançamento em 2009. A nova versão agora traz informações sobre o atendimento e ainda alerta para caso de empresas que estejam sob direção fiscal, por exemplo. Nós já mostramos aqui como funciona a regulação em caso de constatação de irregularidades por parte da ANS com a publicação do estudo “Regimes de Direção e de Liquidação Extrajudicial”.
Municiar o paciente de informações e fazer com que ele seja parte ativa em todo o processo traz maior eficiência e racionalidade para os serviços de saúde. “O maior objetivo do guia é empoderar o consumidor para que ele possa fazer a escolha mais adequada à sua necessidade. Além disso, esperamos incentivar a concorrência entre as empresas do setor”, contou Rogério Scarabel, titular da Diretoria de Produtos da ANS, para o Jornal O Globo. Além disso, a agência informou que o guia para contratação, em que as diferenças entre os contratos são explicadas, está disponível na área de “perguntas mais frequentes" na nova versão.
Como bem lembrou Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, na abertura do Seminário Internacional “Qualidade Assistencial e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde”, temos atuado fortemente na implementação de uma agenda nacional de indicadores para mensurar o desempenho da prestação de serviços de saúde no Brasil com o objetivo de estimular o maior conhecimento de toda a cadeia e aplicação de ações para redução dos problemas na assistência ao paciente.
Como mostramos aqui, a transparência é um valor universal e todos querem saber mais com quem estão se relacionando, sejam empresas ou pessoas públicas. Foi durante o evento que lançamos o 2° Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido pelo IESS e pelo Instituto de Pesquisa Feluma, da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais traz números alarmantes acerca da assistência em saúde no Brasil. “Devido à importância da publicação que fizemos em 2016, chamada ‘Erros Acontecem’, resolvemos transformá-la em um Anuário para seguir nessa agenda pela segurança e transparência das informações em prol do paciente”, afirmou Carneiro.
Portanto, é com bons olhos que vemos iniciativas em prol da segurança do paciente, como divulgada no jornal O Estado de S. Paulo e repercutida em outros veículos. Segundo a publicação, o Ministério da Saúde lançou no último ano, projeto que já apresenta resultados em 119 hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio dele, profissionais da rede pública estão recebendo treinamento em cinco hospitais particulares de referência no País. A padronização de procedimentos na UTI realizada pelo projeto conseguiu uma redução de 23% nas ocorrências de infecção hospitalar nas unidades e tem como meta chegar à queda de 50% até 2020.
Concentrado em 25 Estados, o trabalho busca diminuir três tipos de infecção: na corrente sanguínea, no trato urinário e a pneumonia associada à ventilação mecânica. O projeto se propõe a salvar 8.500 vidas nas UTIs dos hospitais participantes e, com isso, reduzir o custo de internações em até R$ 1,2 bilhão.
Em entrevista à reportagem, a enfermeira da UTI, Daniele Alves Scatolin, lembrou que a capacitação dos profissionais é fundamental para salvar vidas. “Ela me ajudou muito, porque a gente percebeu que não precisa de tecnologia para envolver a equipe, mas comprometimento. Falo que recebi um troféu, não só como profissional, mas como pessoa. A gente pode fazer o melhor para dar assistência segura para o paciente. O bom de ter hospitais de ponta é a troca de experiências e o aprendizado”, contou.
A ação o Ministério da Saúde vai em linha com as mudanças necessárias apontadas no 2° Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, como políticas de promoção de saúde e aperfeiçoamento de processos que podem contribuir de forma relevante para o combate aos eventos adversos. Como já mostramos, a cada hora, 6 pacientes morrem por erros e falhas nos hospitais no Brasil. Esses erros consomem R$ 10,6 bilhões que poderiam ser melhores aplicados e 14,3 milhões de leitos-dia utilizados pelos mesmos motivos ao invés de atender outros pacientes.