Uma dieta pouco saudável, além de impactar diretamente a qualidade de vida, é um dos fatores de risco que mais contribui para a prevalência de diversas doenças, como a diabetes, na população mundial.
Aproveitando o Dia Nacional da Saúde e Nutrição, determinado pelo Ministério da Saúde, recomendamos a leitura do estudo “Do the foods advertised in Australian supermarket catalogues reflect national dietary guidelines?”, apresentado na última edição do Boletim Científico com o título “Os alimentos anunciados nos catálogos dos supermercados australianos refletem as diretrizes dietéticas nacionais?”.
O estudo demonstra que mesmo em países com uma política de orientação dietética clara, a promoção de alimentos mais gordurosos do que o indicado supera a de alimentos considerados mais saudáveis. O que tende a estimular, na população, a adoção de hábitos menos saudáveis de consumo. Resultado que indica a necessidade de se debater a regulação de propaganda desses alimentos como uma forma eficaz de melhorar a alimentação da população.
Já apresentamos, aqui no Blog, o resultado da pesquisa IESS/Ibope que aponta que 74% dos brasileiros acreditam que quem tem hábitos saudáveis deveria pagar mensalidades de plano de saúde mais baratas.
A oferta desse incentivo, entretanto, é cercada de uma polêmica. Uma vez que, no Brasil, a lei que regulamenta os planos de saúde não permite discriminar valores conforme sexo, existência de doença antes do contrato ou outras características do beneficiário que influenciem no padrão de utilização do serviço contratado, algumas pessoas acreditam que não seria possível oferecer descontos na mensalidade dos planos em função de hábitos de vida mais saudáveis.
Em nossa avaliação, contudo, há uma diferença bastante clara entre os dois casos. O que acreditamos ser uma prática de promoção da saúde e que gostaríamos de estimular o debate para, no futuro (breve, de preferência), ver por aqui são ações como a que já são praticadas nos Estados Unidos e na África do Sul, de bonificação de beneficiários que comprovadamente apresentam hábitos mais saudáveis.
Nos Estados Unidos, por exemplo, há operadoras que estabelecem metas diárias estabelecidas individualmente para os beneficiários, que juntam pontos por cumpri-las. Ao atingir certas pontuações, a pessoa pode, então, trocar seus pontos por produtos ou descontos na mensalidade. Um modelo que não implica em custos adicionais por qualquer tipo de discriminação e, portanto, poderiam tranquilamente ser aplicadas por aqui.
A ideia é semelhante a adotada pela Vitality na África do Sul: um programa de promoção da saúde focado em bem-estar, que propõe uma série de atividades e confere pontos para engajar os beneficiários na busca por um estilo de vida mais ativo. A medida que os desafios vão sendo cumpridos, aqui também, os beneficiários vão juntando pontos para gastar no site de compras do próprio programa. Além disso, o programa também oferece descontos em comidas mais saudáveis e academias, entre outros serviços.
No Brasil, precisamos incentivar iniciativas como essas, que premiem bons hábitos de saúde ao invés de punir quem não os mantêm.