"’A gente não é uma doença, tem muita coisa por trás!’ Narrativas de um grupo de pessoas portadoras de doenças crônicas sobre seu adoecimento". O estudo vencedor do VI Prêmio IESS na categoria Promoção da saúde e qualidade de vida, de Maria Elisa Gonzalez Manso, acompanha o itinerário terapêutico de um grupo de pacientes com doenças crônicas, mostrando como estes percebem os cuidados a eles destinados.
De acordo com o estudo, os pacientes veem os profissionais de saúde como insensíveis e acreditam que eles não fornecem informações suficientes, principalmente nos consultórios e hospitais. As principais críticas são falta de diálogo e ausência de escuta.
A autora aponta que além do lado humano, entender o ponto de vista do enfermo e construir um vínculo terapêutico mais fortalecido e efetivo, resgata a dimensão ética da atenção à saúde, e aumentando a eficácia do tratamento.
O trabalho mostra, ainda, que a crise do modelo de atendimento atual advém tanto das relações microfísicas de poder quanto das condições estruturais do sistema de saúde, o que termina por impactar negativamente o tratamento dos pacientes.
A multimorbidade, caracterizada pela presença de duas ou mais doenças crônicas atinge cerca de um quarto (24,2%) dos brasileiros em idade adulta. A taxa, contudo, é significativamente mais alta entre mulheres do que entre os homens, atingindo 28,8% das mulheres e apenas 19% dos homens. Do mesmo modo, a prevalência da multimorbidade é maior entre as pessoas mais velhas, abrangendo apenas 5,5% da população com idade entre 18 anos e 24 anos, mas 54,7% das pessoas entre 65 anos e 84 anos.
O assunto, ainda pouco explorado no Brasil, é tema do estudo “Epidemiology of multimorbidity within the Brazilian adult general population: Evidence from the 2013 National Health Survey”, publicado na última edição do Boletim Científico com o título “Epidemiologia da multimorbidade na população geral brasileira: Evidências da pesquisa nacional de saúde de 2013”.
O estudo utilizou a base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, que ouviu 60,2 mil adultos com idade superior a 18 anos e, a partir da análise dessa base de dados, explora a distribuição e identifica padrões de multimorbidade de condições crônicas de saúde física e mental entre os brasileiros.
De acordo com o estudo, o porcentual da população brasileira com multimorbidade é comparável com ao registrado na Escócia (23,2%), sugerindo que a presença dessas condições crônicas na população adulta brasileira apresenta proporções semelhantes as encontradas em países mais ricos.
Além disso, foi constatado que enquanto apenas uma em cada quatro pessoas com um ou mais problemas de saúde física apresentava comorbidades mental, três em cada quatro pessoas com problema de saúde mental apresentam comorbidades físicas.
Uma das principais causa de morte, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) foram o foco do trabalho vencedor da categoria de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida do II Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar (edição 2012): “Fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis na população de belo horizonte”, de Bruna Mara Duarte.
De acordo com o estudo, maus hábitos como tabagismo, sedentarismo e alimentação não saudável contribuem fortemente para o surgimento de DCNTs de maior ou menor gravidade, como doenças cardiovasculares, neoplasias, diabetes, obesidade e doenças respiratórias.
O trabalho vencedor buscou identificar a prevalência de fatores de risco tanto na população geral quanto entre os beneficiários de planos de saúde em Belo Horizonte. Os resultados apontam que adultos com baixa escolaridade, nos dois grupos, apresentaram maior frequência para comportamentos de risco, como o consumo de tabaco, carnes com gordura excessiva e leite integral, sedentarismo, baixa ingestão de frutas, verduras e legumes e pouco cuidado com a radiação ultravioleta.
Para combater tanto os fatores de risco quanto o aumento da prevalência de DCNTs, o estudo indica que a melhor solução é focar em programas de Promoção da Saúde e em campanhas de incentivo a exames de rotina para detecção de hipertensão, diabetes, doenças do coração e dislipidemias.
O Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar é a mais importante premiação de trabalhos acadêmicos com foco em saúde suplementar no Brasil.
Se você também tem um trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado), com foco em saúde suplementar, nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida, inscreva-se, gratuitamente, até 15 de setembro. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores trabalhos de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro.
A promoção da saúde e o tratamento continuo de doenças crônicas são dois dos pontos mais importantes para propiciar mais qualidade de vida para as pessoas, que estão vivendo cada vez mais, e também para assegurar a sustentabilidade da saúde suplementar. Mas como assegurar que programas de gerenciamento de doenças crônicas sejam efetivos?
O assunto é tema do estudo “O cliente como coprodutor do serviço: a adesão do paciente a programas de gerenciamento de doenças crônicas”, de João Mendes Succar, vencedor da categoria Promoção da Saúde e Qualidade de Vida do III Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar (edição de 2013).
De acordo com o estudo, o fator fundamental para o sucesso deste tipo de programa é o nível de adesão do paciente, que precisa ter clareza de seu papel no tratamento, capacidade e motivação de cumpri-lo. Succar separa a questão em duas esferas: uma, referente à conscientização do paciente; e, outra, às ações cotidianas que este deve tomar como parte do tratamento.
A adesão em relação à primeira esfera, de acordo com o trabalho, parece ser mais alta, uma vez que o próprio estado do paciente, portador de uma doença crônica, já o incentiva a adotar uma postura diferenciada. Já a adesão em relação à segunda esfera se mostra mais baixa, uma vez que, nesse caso, são exigidos sacrifícios diários tais como a prática de exercícios físicos e o controle da alimentação. Por exemplo, um paciente com diabetes que saiba de sua condição logo se conscientiza de que terá que fazer mudanças, como passar a tomar doses regulares de insulina. Por outro lado, ele pode não enxergar a manutenção de uma dieta equilibrada, o controle do peso, a prática de exercícios físicos etc. como parte integrante e fundamental de seu tratamento.
Nesse caso, o estudo destaca a importância de profissionais como nutricionistas e psicólogos, que podem ajudar os pacientes a superar esses obstáculos do dia a dia, além de adicionar subsídios para que os gestores dos programas de gerenciamento de doenças crônicas possam atuar preventivamente ou corretivamente sobre a capacidade efetiva do paciente cumprir o tratamento proposto e sobre seus níveis de motivação.
O Prêmio IESS é a mais importante premiação de trabalhos acadêmicos com foco em Saúde Suplementar no Brasil. Se você também tem um trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) relacionado à Saúde Suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida, inscreva-se, gratuitamente, até 15 de setembro. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores trabalhos de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro.
Hoje (31), o Dia Mundial Sem Tabaco alerta para os malefícios do fumo e os efeitos do tabagismo passivo. Temos desenvolvido diversos estudos sobre Promoção de Saúde, nos quais a questão do tabagismo é abordada com atenção.
No “Seminário Promoção da Saúde nas Empresas”, realizado pelo IESS em 2012, a Dra. Cristiane Penaforte, então representante do Ministério da Saúde, já apontava algumas ações prioritárias e os investimentos necessários para o enfrentamento de doenças causadas pelo tabagismo. Além de Campanha de Combate ao Fumo, o fomento de leis e resoluções que inibam o consumo do tabaco, regulem limites máximos de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono nos cigarros, além da restrição do uso de aditivos nos produtos, são algumas das ações sugeridas.
O tabaco é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, laringe e esôfago, de patologias respiratórias, do coração, AVC, entre outras moléstias. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 6 milhões de pessoas morrem por ano por causa de doenças associadas ao tabagismo, sendo que 600 mil pessoas têm sua saúde ameaçada por serem fumantes passivos.
O estudo “Promoção da Saúde nas Empresas”, produzido para nós pelos especialistas Alberto Ogata e Michael P. O’Donell, indica uma ferramenta para mensurar os riscos de hábitos que prejudicam a saúde (incluindo o tabagismo). O CDC Worksite Health ScoreCard foi desenvolvida por uma equipe de profissionais da CDC Scorecard e da Emory University para ajudar empregadores a prevenirem doenças provocadas por hábitos como o tabagismo. As estratégias incluem serviços de aconselhamento (counseling), suporte ambiental, benefícios do plano de saúde para os colaboradores que decidirem largar o vício, entre outras iniciativas eficazes na prevenção de doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e problemas de saúde associados.
O tema merece ser acompanhado muito além do Dia Mundial Sem Tabaco. Essas datas ajudam a chamar a atenção ao tema, mas, o mais relevante, sem dúvida, é inserir o assunto no contexto da promoção da saúde e qualidade de vida.
Total de diabéticos quadruplicou nos últimos 30 anos e chegou a 422 milhões de pessoas em decorrência, principalmente, do estilo de vida
O número de pessoas com diabetes em todo mundo quadruplicou nos últimos 30 anos, chegando a 422 milhões, o que representa uma em cada 11 pessoas. Ainda mais grave, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,5 milhão de diabéticos morreram em decorrência da doença em 2012. Apenas no Brasil há pouco mais de 10 milhões de diabéticos, o que representa 7,4% da população adulta. Uma realidade que sugere à sociedade a pensar em métodos de gestão de doentes crônicos, mas, principalmente, em programas de promoção da saúde.
A “proliferação” da diabetes na população mundial está muito relacionada aos hábitos alimentares, com dietas desbalanceadas, e à falta de atividades físicas. Temos alguns estudos importantes que analisam o tema da promoção da saúde, como o estudo “Promoção da Saúde nas Empresas”, produzido pelos especialistas Michel P. O’Donnell e Alberto José N. Ogata.
Outro documento interessante é a apresentação feita Dra. Cristiane Penaforte, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, realizada em evento do IESS em 2012: “Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil”. O plano busca reduzir a obesidade em crianças e adolescentes por meio da mudança de hábitos alimentares e incentivo a atividade física em escolas e academias. Para os adultos, além das atividades preventivas, o plano destaca a necessidade de reduzir o consumo abusivo de álcool.
A promoção da saúde é, sem dúvida, uma grande aliada no enfrentamento de doenças crônicas como o diabetes. Principalmente por seu caráter preventivo.