O combate ao sedentarismo é um assunto debatido há alguns anos, mas que deve continuar em destaque devido à sua importância à saúde e ao bem-estar da população. Um dos estudos reunidos na primeira edição do Boletim Científico do IESS de 2022 fez uma estimativa do impacto da falta de atividade física entre adultos dos Estados Unidos. Conduzido pelos pesquisadores Pedro F. Saint-Maurice, Barry I. Graubard, e Richard P. Troiano, o levantamento apontou que, entre pessoas de 40 a 85 anos, mais de 110 mil óbitos poderiam ter sido evitados caso essa parcela da população praticasse, pelo menos, 10 minutos diários de atividade física de intensidade moderada à vigorosa.
Este é o primeiro estudo a estimar esse número por meio da atividade física usando medidas baseadas em sensores de aceleração corporal (acelerômetros) entre adultos nos EUA. Cabe destacar também que dados de 2020 da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que até 5 milhões de mortes poderiam ser evitadas anualmente com o combate ao sedentarismo. A entidade ressalta, ainda, que o cenário atual resulta em gastos na ordem de US$ 54 bilhões em cuidados diretos de saúde e mais US$ 14 bilhões em perda de produtividade.
Além dos impactos financeiros ao setor da saúde, a OMS alerta que a prática de exercício físico de forma regular também é capaz de prevenir e controlar doenças cardíacas, diabetes tipo 2, câncer, bem como aliviar sintomas de ansiedade e depressão. No Brasil, para tentar reduzir o sedentarismo, o Ministério da Saúde lançou o “Guia de Atividade Física para a População Brasileira”, com dicas e orientações de atividades para todas as faixas etárias e pessoas com deficiência.
Má alimentação, atividades físicas inadequadas e sedentarismo são fatores determinantes para excesso de peso e obesidade. Como já apontamos aqui, há uma série de fatores que influenciam nos hábitos de vida, alimentares e de consumo. Além disso, eses comportamentos também resultam em doenças crônicas se não houver acompanhamento médico adequado.
Como já alertamos em diferentes momentos, a incidência e prevalência de doenças crônicas tem aumentado nas últimas décadas em todo o mundo por conta de diferentes razões. O estudo Physical Activity and Sedentary Behaviours: Analysis of trends, inequalities and clustering in selected OECD countries (Dieta, Atividade Física e comportamentos sedentários: análise de tendências, desigualdades e agrupamento em países da OCDE selecionados), publicado na 21ª edição do Boletim Científico analisa o perfil e a rotina das pessoas que fazem parte deste grupo a fim de oferecer condições para melhorar a saúde desses indivíduos.
O trabalho foi conduzido por meio de dados disponíveis de outras pesquisas e também de entrevistas individuais sobre o estado de saúde, e revelou que o consumo de frutas e vegetais é baixo nos onze países selecionados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - raramente atinge 40% do consumo individual. Entretanto, a qualidade da dieta pode ser melhorada já que Chile e Espanha apresentam bons resultados neste quesito.
Quanto à frequência das atividades físicas, mais de 50% dos indivíduos analisados alcançaram o objetivo proposto pela Organização Mundial da Saúde. Um resultado chama a atenção na pesquisa: as desigualdades na educação e no status socioeconômico ficaram evidentes para todos os comportamentos de saúde analisados. Aqueles que possuem nível socioeconômico superior têm alimentação mais saudável e rotina de exercícios adequada para o dia a dia.
Portanto, fica clara a necessidade de políticas e ações voltadas especificamente para populações de baixa renda para a garantia de promoção e prevenção de saúde a todos os indivíduos.
Em breve, abordaremos outros trabalhos da 21º edição do Boletim Científico. Fique ligado!