Em meio à luta contra o Coronavírus, o setor de saúde nacional passou a contar com um reforço: a regulamentação da telemedicina durante a pandemia. O Conselho Federal de Medicina reconheceu o uso dos telesserviços de forma excepcional no momento. E, logo depois, foi a vez do Ministério da Saúde publicar uma portaria regulamentando a orientação médica via internet. Dado a importância atual desse assunto, iremos realizar o webinar “Telessaúde – A nova era da medicina e do cuidado” na próxima semana. Anote em sua agenda: dia 18 de junho, às 16h.
Para isso, convidamos renomados especialistas sobre o tema no País. Dr. Chao Lung Wen, professor líder do grupo de pesquisa de telemedicina da Universidade de São Paulo (USP). Sócio Fundador do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (CBTms), em 2002, é médico formado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em 1985, com doutorado em Informática Médica em 2000 e Livre Docência em Telemedicina 2003. Também contaremos com a participação da Dra. Layla Almeida, infectologista que faz parte da equipe de médicos especialistas da plataforma de Telemedicina Conexa Saúde.
Quais as possibilidades e potenciais ganhos clínicos e econômicos da utilização de novas tecnologias para a telemedicina e teleconsultas? Qual o estágio atual de aplicação desses potenciais no Brasil? Quais as barreiras e entraves a superar para sair do ponto atual e atingir todo o potencial das novas tecnologias em saúde?
Esse e outros temas serão tratados na próxima semana. Faça sua inscrição agora e participe.
Para já ir aquecendo e entender um pouco mais sobre o assunto, seu potencial para estender o atendimento assistencial para zonas mais afastadas dos grandes centros urbanos e transformar as relações de pacientes com os serviços de saúde, acesse o nosso TD 74 – “A Telemedicina traz benefícios ao sistema de saúde? Evidências internacionais das experiências e impactos” –, já comentado aqui.
Você também pode assistir a aula do prof. Chao em nosso Seminário Transformação Digital na Saúde. Na ocasião, ele destacou que o atendimento à distância, por meio de novas tecnologias, não representa uma perda na qualidade da atenção, mas o oposto. Para ele, o uso da Telemedicina não desumaniza a atenção, o que está diretamente relacionada com a formação do profissional.
O uso das tecnologias na telessaúde
Nas últimas semanas, a telessaúde tem sido um tema recorrente por aqui. Não apenas porque acreditamos que o recurso é fundamental para aumentar o acesso ao serviço de saúde com qualidade em um País continental como o Brasil, mas também porque muitas entidades perceberam a importância desta tecnologia e passaram a empregá-la no combate à pandemia do COVID-19. É o caso, por exemplo, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e do Conselho Federal de Medicina (CFM) enviou nota.
Claro, como é nossa missão promover a “sustentabilidade da saúde suplementar pela produção de conhecimento do setor e melhoria da informação sobre a qual se tomam decisões”, procuramos sempre amparar qualquer posição em estudos e nas melhores evidências científicas.
O TD 74 – “A Telemedicina traz benefícios ao sistema de saúde? Evidências internacionais das experiências e impactos” – apresenta experiências internacionais que demonstram a importância deste recurso, tanto para saúde suplementar quanto pública – relembre dois cases já analisados aqui.
Mas decidimos procurar outras referências internacionais que pudessem dar novas evidências e números para este debate. Encontramos um artigo da Kaiser Permanente, umas das seguradoras de saúde mais eficientes do mundo, sobre os resultados da aplicação de recursos de Telessaúde.
De acordo com o artigo “The value of telehealth in a connected system” (O valor da Telessaúde em um sistema conectado, em tradução livre), o recurso tornou o acesso à serviços de saúde mais conveniente para a população, mas os resultados vão muito além.
Não se trata só de conveniência, mas de empoderar os beneficiários, tornando-os parte do processo decisório e incentivando cuidados com a própria saúde. O que tende a reduzir absenteísmo nas empresas e reduzir custos assistenciais – algo que tem potencial para reverter em menores reajustes de contraprestação e melhora na gestão econômico-financeira e assistencial dos sistemas de saúde.
De acordo com estudo da Willis Towers Watson mencionado no artigo da Kaiser, a Telessaúde tem potencial para economizar US$ 6 bilhões por ano às empresas de saúde somente nos Estados Unidos. Outra pesquisa citada pela Kaiser indica 93% dos beneficiários entrevistados afirmam terem reduzido seus custos com saúde por meio do use desse tipo de recurso. Gastos com deslocamento (transporte, estacionamento etc.) e hospedagem também entram na conta.
Por fim, a Kaiser utiliza dados de seus próprios atendimentos para apontar que a telemedicina tornou 2 vezes mais rápido o atendimento de pacientes que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC) – popularmente conhecido como Derrame. Resultado particularmente positivo se considerarmos que, em média, 2 milhões de células cerebrais morrem por minuto durante um AVC.
No final de março, aqui no Blog, comentamos que o Conselho Federal de Medicina (CFM) enviou nota ao Ministério da Saúde aprovando a utilização de recursos de Telessaúde em função do avanço da pandemia causada pelo Coronavírus.
Agora, foi a vez do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) se pronunciar sobre o assunto por meio da resolução número 634 da entidade, publicada no Diário Oficial da União (DOU). O documento autoriza e normatiza a teleconsulta entre enfermeiros e pacientes. A publicação destaca que os meios eletrônicos utilizados devem “resguardar, armazenar e preservar” a interação eletrônica entre as partes para constituir registro de atendimento ao paciente. Nesse sentido, também prevê a obrigatoriedade de:
- Identificação do enfermeiro e da instituição;
- Termo de consentimento do paciente;
- Identificação e dados do paciente;
- Registro da data e hora do início e de encerramento do atendimento;
- Histórico do paciente;
- Observação clínica;
- Diagnóstico de enfermagem;
- VIII - plano de cuidados;
- Avaliação de enfermagem e/ou encaminhamentos.
A medida, assim como a adotada pelo CFM, tem duração “pelo período que durar a pandemia provocada pelo novo Coronavírus”. Nós continuamos acompanhando o cenário e otimistas que a experiência irá demonstrar a relevância e os benefícios de regulamentar a Telessaúde de modo definitivo.
A COVID-19 tem provocado mudanças e reflexões nos serviços de saúde. Os desafios logísticos, como racionalizar a demanda por respiradores mecânicos e expandir a disponibilidade de UTIs são, certamente, as questões mais visíveis no momento. A utilização de recursos de Telessaúde também tem atraído atenção – como já comentamos.
Agora, quase um mês após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o Coronavírus como pandemia, outras mudanças começam a ser notadas. E as mudanças parecem positivas.
De acordo com a reportagem “Crise provocará mudança no perfil do profissional de saúde”, da revista Exame, particularidades da doença (como a semelhança com a gripe comum em pacientes que não apresentam estado grave) estão impondo um atendimento mais humanizado e mais atenção à anamnese, a primeira conversa e exame que o médico conduz no paciente.
A importância deste comportamento na triagem correta e em como isso se desdobra para um atendimento mais eficiente, com foco na saúde do paciente e não só na cura da doença, já foi abordada aqui no Blog algumas vezes e também em palestras nos nossos eventos.
O exemplo mais recente é a aula do prof. Chao Lung Wen, da Universidade de São Paulo (USP), no seminário Transformação Digital na Saúde. Quando ele destacou que o atendimento à distância, por meio de novas tecnologias, não representa uma perda na qualidade da atenção assistencial, mas o oposto. Como bem lembrou Wen durante o evento, o uso da Telemedicina não desumaniza a atenção, do mesmo modo que estar face a face com o paciente não significa humanização. Para ele, isso está diretamente relacionado com a postura do profissional e sua formação.
Outro exemplo igualmente importante foi a palestra “Cuidados paliativos e dignidade humana na era da máxima tecnologia na saúde”, apresentada pelo Dr. Daniel Neves Forte, então presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Apesar de o foco central ser outro, ele deixa clara a necessidade de humanizar os atendimentos. Vale rever.
Há algum tempo, temos defendido a Telessaúde como um recurso importante no atendimento de pacientes, especialmente como ferramenta capaz de ampliar o acesso aos serviços de saúde. O assunto foi tema de palestra do Dr. Chao Lung Wen, professor da Universidade de São Paulo (USP), no seminário IESS Transformação Digital na Saúde e tem ganhado força com a proliferação do Coronavírus – como já comentamos aqui.
Agora, com o aumento do iniciativas de enfrentamento ao COVID-19, o Conselho Federal de Medicina (CFM) enviou nota ao Ministério da Saúde reconhecendo a utilização do recurso em três situações: Teleorientação, que permite que médicos realizem a distância a orientação e o encaminhamento de pacientes em isolamento; Telemonitoramento, que possibilita que, sob supervisão ou orientação médicas, sejam monitorados a distância parâmetros de saúde e/ou doença; e, Teleinterconsulta, que permite a troca de informações e opiniões exclusivamente entre médicos, para auxílio diagnóstico ou terapêutico.
A manifestação é importante já que diversas ações neste sentido estavam paradas desde a revogação da Resolução 2.227/2018, em 24 de fevereiro de 2019 – relembre.
Nós vamos acompanhar os desdobramentos e trazer novidades sobre os empregos da telessaúde na saúde suplementar. Esperamos que a prática, ainda que motivada pela situação extrema pela qual estamos passando, ajude a superar barreiras e demonstrar que o setor de saúde (tanto público quanto privado) tem muito a ganhar com o avanço da regulação sobre esta prática e seu uso em maior escala.
No dia 20 do mês passado, comentamos o uso crescente de novas tecnologias, especialmente das relacionas à telessaúde, em função da disseminação do Coronavírus ao redor do mundo – relembre.
A tendência é algo, a nosso ver, inevitável e que tende a se intensificar. Até mesmo no Brasil, onde a questão e o uso do recurso não estão totalmente pacificados – como também já comentamos –, começam a surgir iniciativas neste sentido.
A seguradora SulAmérica, por exemplo, anunciou que seus segurados passam a contar com consultas por vídeo e por ligações telefônicas de forma irrestrita durante este período de disseminação da doença, como mostra a coluna Painel S/A , do jornal Folha de S.Paulo.
Claro, a própria estrutura tecnológica ainda é um desafio para um País de dimensões continentais como o Brasil. Mas estamos caminhando neste sentido, com novos dispositivos sendo lançados e outros ganhando atualizações. O professor Chao Lung Wen, da Universidade de São Paulo (USP), deu uma aula sobre a questão durante o seminário “Transformação Digital na Saúde” – assista.
Além disso, a prática e o ensino da medicina também podem ser empecilhos para a celeridade desta transformação, com profissionais de gerações anteriores tendo outros hábitos e técnicas. Neste sentido, a atuação de entidades de classe e outros órgãos é fundamental. Para se ter ideia, o Código de Ética Médica passou a fazer referência à “Telemedicina” apenas em 2019. O que revela que ainda temos muito a avançar.
O importante é ter em mente que a telessaúde não desumaniza a prática médica, assim como o atendimento presencial não significa humanização. Estas questões estão diretamente relacionadas à postura do profissional e sua formação.
Desde dezembro de 2019, o surto de Coronavírus iniciado na província de Wuhan, na China, tem ganhado os noticiários e preocupado milhares (se não milhões) de pessoas no mundo todo. De acordo com o último boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 18 de fevereiro, 73,3 mil pessoas foram infectas, sendo 72,5 mil delas na China. Até o momento, não há casos confirmados no Brasil.
Ao mesmo tempo em que a doença se espalha na China, a Telessaúde e outras novas tecnologias estão demonstrando sua importância. Especialmente por permitir o diagnóstico e tratamento de pacientes reduzindo o nível de exposição de profissionais de saúde ao mesmo tempo em que possibilita o acesso à cuidados assistenciais para pessoas em áreas isoladas.
O exemplo mais marcante é o da clínica Ping An Good Doctor – já apresentada aqui, que desde dezembro passado realizou 1,1 bilhão de atendimentos remotos. A empresa, que trabalha com inteligência artificial para diagnosticar seus pacientes, já conta com uma base consolidada de 315 milhões de usuários e a tendência é de crescimento agora que o número de pessoas atendidas foi impulsionado pelo Coronavírus.
Já a Alibaba (que por aqui é conhecida quase exclusivamente pelo portal de e-commerce, mas que também conta com uma divisão de saúde bem desenvolvida) disponibilizou serviços de telessaúde de forma gratuita para os residentes da região de Hubei (onde fica a Wuhan). Até o momento, mais de 400 mil pessoas já foram atendidas pela plataforma.
As experiências destacam a capacidade que as novas tecnologias têm para apoiar pacientes e levar atendimento assistencial de qualidade às mais diversas regiões ao redor do mundo. Um potencial cada vez mais explorado em diversos países.
Nos Estados Unidos, empresas de Telessaúde já comprovaram sua eficácia em iniciativas junto ao governo e estão cada vez mais valorizadas. A Teladoc Health, apenas para dar um exemplo, teve receita de US$ 417,9 milhões em 2018 (o balanço de 2019 ainda não foi publicado) e atingiu o valor de US$ 8,5 bilhões na bolsa este ano. Relembre as experiências apresentadas no TD 74 “A Telemedicina traz benefícios ao sistema de saúde? Evidências internacionais das experiências e impactos”.
O cenário nacional ainda é tímido frente as experiencias internacionais, mas há amplo espaço para avançar, como comentou o Dr. Chao Lung Wen, professor da USP, durante o Seminário Transformação Digital na Saúde – reveja a palestra.
Sobre o Coronavírus
A OMS explica que Coronavírus é uma “família” de vírus conhecida desde os anos 1960 e que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais, normalmente com sintomas de leves a moderados, como os de um resfriado comum. Algumas vezes, contudo, mutações podem resultar em vírus mais perigosos. É o caso, por exemplo, do SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome), de 2003, e do MERS (Middle East Respiratory Syndrome) em 2012.
O vídeo abaixo, disponível apenas em inglês, conta o histórico da doença e indica como preveni-la.
Um dos nossos pilares fundamentais é exatamente ampliar o debate e promover o diálogo sobre questões fundamentais para o desenvolvimento do setor de saúde suplementar brasileiro. O nosso foco é incentivar a implementação de uma agenda nacional de avanço na prestação de serviços de saúde no Brasil, bem como estimular a troca de conhecimento e a aplicação de ações em diversas frentes. Quem esteve presente em nosso seminário “Transformação Digital na Saúde”, realizado em São Paulo, conseguiu ver isso de perto.
Para os presentes na conversa, o setor tem caminhado em diferentes áreas, mas ainda são necessários avanços que acompanhem o novo momento da saúde mundial, tanto nas práticas profissionais quanto na regulação e nas relações entre os diferentes agentes. “Em 2019, entrou em vigor um novo Código de Ética Médica que, pela primeira vez, trouxe a citação à Telemedicina”, apontou Dr. Chao Lung Wen, professor líder do grupo de pesquisa de telemedicina da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, a Telessaúde, como qualquer serviço do setor, deve ser testada em segurança, qualidade, efetividade e custo eficiência para possibilitar cuidados integrados, humanizados, melhorar o acesso e promover a saúde.
A opinião foi corroborada por Leandro Fonseca, ex-diretor presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que apontou que momentos como o atual, de intensa transformação, trazem grandes desafios também para os órgãos reguladores. Segundo ele, a ANS vem solicitando uma atuação mais ativa das empresas contratantes de planos de saúde, que representam aproximadamente dois terços dos contratos. “É preciso ação em conjunto delas com as operadoras, colocando o paciente no centro dos programas de prevenção de doenças e promoção da saúde”, apontou.
Para Luiz Alberto Ortiz, CIO da Orizon, a articulação dos diferentes segmentos é crucial para o futuro da saúde nacional. “Passamos grande parte da vida no ambiente de trabalho. É fundamental que o empregador entre na cadeia de cuidados que envolvem o paciente. Daí a importância de eventos como esse para se pensar soluções comuns”, arrematou.
Ao longo do ano, seguiremos trabalhando para trazer novas discussões que contribuam para a quebra de paradigmas e a evolução do setor de saúde suplementar. Afinal, como bem lembrou Fonseca no debate, o novo sempre vem. “Na história da evolução, sobrevivem aqueles que melhor se adaptam. E com a tecnologia, as relações, práticas e o futuro do setor é a mesma coisa”, arrematou.
Veja mais:
Além do debate – veja o vídeo – , o evento trouxe palestra exclusiva do Dr. Wen sobre “Telessaúde telemedicina: desafios para uma nova era de cuidados” – reveja.