Conforme divulgamos ontem, a atualização do Índice de Variação do Custo Médico-Hospitalar (VCMH) registrou alta de 16,9% nos 12 meses encerrados em março de 2018. Como temos mostrado nos últimos anos, o crescimento foi muito superior à oscilação da inflação geral do País, medida pelo IPCA, que registrou aumento de 2,7% no mesmo período.
Um dos fatores fundamentais no aumento dos custos é justamente a adoção de novas tecnologias sem a exigência de estudos de custo-efetividade e análise do sistema em absorver esse incremento de despesas. Essas novas tecnologias têm sido aprovadas pelos órgãos reguladores sem uma análise mais detalhada de custo-efetividade.
Diferente de outros países, a saúde suplementar não dispõe de requisitos técnicos que definam critérios claros para o ingresso de uma nova tecnologia, diferentemente do que ocorre no SUS, que conta com a avaliação da Conitec. Esse tema já foi debatido aqui por meio de evento realizado no último ano.
A análise do índice VCMH é fundamental para a compreensão dos fatores que têm influência direta na variação de custo e nos reajustes de planos para que se consiga pensar ferramentas para garantir a sustentabilidade do setor.
Sendo assim, o resultado do índice VCMH preocupa. Mesmo com a forte saída de pessoas das carteiras dos planos de saúde nos últimos anos, os custos continuam batendo recordes. Portanto, é importante compreender que diversos vetores são consequência do modelo atual do sistema no país e suas deficiências estruturais. Operadoras, prestadores de serviços de saúde, governo e beneficiários precisam debater a modernização do sistema para garantir seu equilíbrio econômico, financeiro e assistencial.
Ignorar essa necessidade é assumir o risco de comprometer a sustentabilidade do setor, o que prejudicaria não só os beneficiários de planos de saúde, mas todos os brasileiros, já que estaríamos acrescentando parcela significativa dos mais de 47 milhões de pessoas as já longas filas do SUS.
No Brasil, o VCMH do IESS é o único índice do setor disponibilizado ao público, calculado de forma consistente há mais de dez anos, com base numa amostra de aproximadamente 10% do total de beneficiários de planos individuais e familiares de todas as regiões do país.
Você pode conferir o material detalhado aqui.