A Folha de S. Paulo promoveu, na última semana, o 2º Fórum Saúde Suplementar, que reuniu especialistas para debater importantes temas sobre o futuro desse segmento. Um dos assuntos repercutidos no evento foi a recuperação do setor em face da perda de mais de 3 milhões de beneficiários nos últimos anos. O setor conta hoje com 47,3 milhões de vínculos de planos médico-hospitalares. Em dezembro de 2014, havia 50,4 milhões em todo o País.
Segundo publicação especial do jornal, mesmo com as incertezas na economia, o setor analisa que há chances de um período mais propenso a melhorias do que nos últimos anos. Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, foi um dos entrevistados em reportagem que fala sobre essa retomada de crescimento. “Estamos vendo o mercado andar de lado e este ano deve encerrar com estabilidade. O que já é positivo, frente aos anos anteriores”, apontou.
Para isso, a reportagem traz os números da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB) e mostra o crescimento de vínculos na faixa acima de 59 anos, o que pode indicar tanto a entrada de novos beneficiários quanto a mudança de categoria de outros. Vale lembrar que no período de doze meses encerrado em setembro de 2018, 166,7 mil pessoas passaram a pertencer a essa faixa, um aumento de 2,5% em relação ao ano anterior. Houve redução de 0,6% nas vidas de 0 a 18 anos e de 0,3% na faixa de 19 a 58 anos.
No entanto, como reforçamos periodicamente, a recuperação real da saúde suplementar só deverá vir com o aumento do emprego formal, já que os planos coletivos empresariais, fornecidos pelas empresas aos colaboradores, representam mais de 65% da contratação de planos no País.
Em entrevista, Luiz Augusto Carneiro apontou que passado o momento mais crítico de instabilidade econômica e política no país e com a tendência de estabilidade registrada ao longo de 2018, é possível esperar que a saúde suplementar volte a registrar aumento no número de usuários a partir do ano que vem. “Veremos uma retomada do crescimento de beneficiários da saúde suplementar quando o total de empregos com carteira assinada voltar a apresentar recuperação, especialmente nos setores de comércio e serviço nos grandes centros urbanos, que são aqueles que mais oferecem o benefício do plano de saúde como forma de atrair e reter talentos”, comentou.
Já a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) aponta que a recuperação do setor de saúde suplementar já dá os primeiros passos, projetando encerrar o ano com 200 mil novos vínculos com planos médico-hospitalares, totalizando 47,5 milhões de usuários, alta de 0,6% em relação a 2017. A expectativa é chegar a 2020 com 49 milhões de vidas. “Basicamente emprego e renda são condições para que a pessoa contrate um plano de saúde. A recuperação plena do setor virá com o aumento do emprego formal, mas o informal também traz algum reflexo positivo. Mesmo no período mais difícil, tivemos operadoras que ajustaram seus custos, ofertaram produtos mais eficientes e conseguiram crescer”, disse Marcos Novais, economista-chefe da entidade.
Continuaremos apresentando os dados apontados no 2º Fórum Saúde Suplementar. Fique ligado!
A nova edição da NAB registrou o rompimento de 624,6 mil vínculos com planos médico-hospitalares entre setembro de 2017 e o mesmo mês do ano passado. A retração de 1,3% no total de beneficiários representa uma redução no ritmo de rompimentos de vínculos que estava em 3,3% em outubro de 2016.
Dos 624,6 mil vínculos rompidos no período analisado, 92,8% se concentram na região Sudeste do Brasil: o que significa que 579,8 mil beneficiários deixaram de contar com seus planos. Queda de 2%. Apenas em São Paulo foram 355,8 mil, o que representa um recuo também de 2%. No Rio de Janeiro, o recuo foi proporcionalmente maior: 3,7% dos beneficiários locais romperam o vínculo com o plano. O que significa 206,6 mil beneficiários a menos.
A NAB ainda ponta que nos 12 meses encerrados em setembro de 2017, o segmento de planos de saúde exclusivamente odontológicos avançou 7,8%, firmando 1,7 milhão de novos vínculos. Destes, 899,5 mil (54,4%) se concentram no Sudeste e 502,3 mil (30,4%), no Nordeste.
Nos próximos dias iremos explorar esses números aqui no Blog. Não perca.
Os indicadores que antecipam o sentimento empresarial e de consumidores começam a apresentar os primeiros sinais de recuperação de confiança na economia brasileira. Esse é um bom sinal, mas que, não necessariamente, já deve repercutir positivamente na cadeia da saúde suplementar.
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da cidade de São Paulo, produzido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) atingiu 100 pontos em agosto. Assim, saiu, pela primeira vez em 15 meses, da situação de “pessimismo” – abaixo de 100 pontos, o sentimento é de “pessimismo” e, a partir dessa pontuação, “otimismo”. De forma inédita em seis meses, a intenção de consumo das famílias (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou aumento na comparação mensal: 0,9% entre julho e agosto. Numa escala de 0 a 200, a ICF alcançou 69,3 pontos, puxada pela variação positiva em todos os sete componentes do índice. O índice de confiança dos micro e pequenos empresários atingiu, em julho, o maior patamar em 15 meses. E, por fim, após 28 meses, o Índice Confiança do Empresário Industrial (ICEI), apurado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ficou acima da linha divisória dos 50 pontos, demonstrando que os empresários estão mais confiantes.
O ambiente econômico apresenta, portanto, sinais de melhora. Mas a saúde suplementar ainda está em sinal de alerta. Primeiro, porque, no período de 18 meses acumulados até junho de 2016, o setor acumula a perda de 1,9 milhão de beneficiários. Ainda que o setor seja resiliente, tendo sido um dos últimos a ingressar na crise econômica e, comparativamente a outros ramos de atividade, tenha sofrido perdas menores, a situação ainda é grave.
A melhoria virá, a nosso ver, somente a partir da recuperação dos níveis de emprego. Isso porque, cerca de 66% dos vínculos desse setor advêm de contratos coletivos empresariais, os planos contratados pelas empresas para colaboradores e seus familiares. E as projeções do mercado, a nosso ver bastante realistas, são preocupantes. O noticiário aponta, nos últimos dias, projeções de que os patamares de emprego pré-crise, de praticamente emprego pleno, só devem acontecer depois de 2018. Logo, é muito pouco provável que, se tais projeções se confirmarem, o setor volte aos níveis do final de 2014, quando acumulava 50,39 milhões de beneficiários.
É preciso ter cautela, mesmo que o ambiente econômico inspire sinais de melhora. E, em economia, muito de um ciclo de desenvolvimento se deve a fatores psicológicos, de sentimentos de confiança. Enquanto a contratações não são retomadas, o setor deve ter uma atenção redobrada na contenção dos custos e ganhos de eficiência.