Os desafios do envelhecimento da população é o assunto do 3º episódio do IESSCast, já disponível nas principais plataformas de áudio e no Youtube. Jander Ramon, jornalista e assessor de comunicação do IESS, entrevistou o José Cechin, superintendente executivo do IESS, sobre a temática, que tem ganhado destaque no setor de saúde suplementar conforme o número de idosos aumenta ano a ano.
O bate-papo tratou de tópicos abordados no capítulo escrito por Cechin no livro “Saúde Suplementar: 20 anos de transformações e desafios em um setor de evolução contínua”. Dentre eles, o fim do bônus demográfico, pacto intergeracional, mutualismo e promoção à saúde aliada à qualidade de vida. Outra temática importante da conversa foi o custo médio da atenção à saúde per capita. As dúvidas sobre a precificação dos serviços destinados a esse público foram explicadas pelo superintendente do IESS.
O IESSCast está disponível nas principais plataformas de streaming de áudio, como o Spotify, Deezer, Google Podcasts, Apple Podcasts e Castbox. O conteúdo também pode ser acessado, a qualquer momento, pelo canal do IESS no YouTube em formato de websérie. Os novos episódios vão ao ar sempre às terças e sextas-feiras. Não perca!
Os episódios do IESSCast foram inspirados a partir do livro “Saúde Suplementar: 20 anos de transformações e desafios em um setor de evolução contínua”, uma obra organizada pelo IESS, assinada por 24 autores convidados. Para baixar a publicação, clique AQUI.
A alta de 17,3% no custos médico-hospitalares, constatada na última edição do índice VCMH/IESS e já comentada aqui no Blog, foi especialmente influenciada pelo aumento dos gastos com terapia, mas também há outros fatores que pesam nessa conta. O avanço da judicialização da saúde e o envelhecimento da população são alguns exemplos de itens que não entram diretamente no calculo do indicador, mas influenciam diretamente os custos do setor.
Com a mudança de perfil demográfico, é natural que certos serviços de saúde passem a ser acessados com mais frequência, como as internações e os tratamentos em decorrência de doenças crônicas. Segundo o Ministério da Saúde, 69,3% dos idosos brasileiros sofrem de pelo menos uma doença crônica e 29,8%, tem duas ou mais doenças crônicas. Na ordem, os cinco diagnósticos mais frequentes são hipertensão, dores na coluna, artrite, depressão e diabetes - saiba mais.
Além disso, o total de beneficiários de planos médico-hospitalares com 59 anos ou mais é o que mais tem crescido. Como já falamos aqui no Blog, de acordo com a última edição da NAB, 171,9 mil vínculos foram firmados entre as operadoras de planos de saúde e os beneficiários nessa faixa etária entre abril de 2019 e o mesmo mês do ano anterior. Alta de 2,5%.
Projetamos que as operadoras de planos de saúde devem gastar R$ 383,5 bilhões com assistência de seus beneficiários em 2030 em função da mudança demográfica. O valor, que consta na “Projeção das despesas assistenciais da saúde suplementar”, representa um incremento de 157,3% em relação ao registrado em 2017. A análise considera o estabelecimento de 4,3 milhões de novos vínculos no período e a mudança na composição etária da sociedade brasileira para chegar a este resultado – entenda.
O assunto também já foi abordado o trabalho “Envelhecimento populacional e gastos com saúde: uma análise das transferências intergeracionais e intrageracionais na saúde suplementar brasileira", de Samara Lauar Santos, 2° colocado na categoria Economia do VII Prêmio IESS.
Continue acompanhando nosso blog para saber mais sobre os outros fatores que levaram à alta registrada na última edição da VCMH.
Ah, e se você tem um trabalho de pós-graduação com esse (ou outro tema focado na saúde suplementar, não deixe de conferir o regulamento do IX Prêmio IESS e se inscrever!
No dia 03 de março, o jornal O Estado de S. Paulo repercutiu um tema que já falamos há tempos – o processo de envelhecimento populacional no país. “Como enfrentar despesas de saúde dos mais velhos”, do colunista Celso Ming mostra os desafios de se buscar o equilíbrio financeiro dos sistemas de saúde no país frente a este cenário já enfrentado por outros países, como Reino Unido, França e Alemanha.
O autor aponta que no Sistema Único de Saúde (SUS), as despesas assistenciais podem atingir R$ 115 bilhões por ano em 2030, ao passo que hoje estão em torno de R$ 45 bilhões. As doenças crônicas que atingem a população idosa impactam fortemente nestes números. Para se ter uma ideia, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam que, em 2030, o Brasil contará com mais de 223 milhões de brasileiros, sendo 18,62% com 60 anos ou mais. Em 2000, essa faixa etária correspondia a 8,21%, para uma população de 173,45 milhões.
Já para a saúde suplementar, o artigo utiliza nossas projeções de gastos assistenciais das operadoras. Divulgado em 2016, o TD 57 – “Atualização das projeções para a saúde suplementar de gastos com saúde: envelhecimento populacional e os desafios para o sistema de saúde brasileiro” – já alertava para a necessidade de se redimensionar a rede de atendimento e desenvolver ações focadas em promoção da saúde. O estudo aponta que, até 2030, os planos de saúde devem contar com 59,4 milhões de vínculos e os gastos assistenciais chegariam a R$ 396,4 bilhões ao ano. Um avanço de 268,4% em comparação a 2014.
O caminho apontado no artigo do jornal O Estado de S. Paulo é exatamente aquele que falamos há anos: ampliar o debate das necessidades assistenciais desses idosos; mudança no modelo assistencial focando na promoção da saúde e cuidados integrados; formação de mão de obra no volume e na qualidade suficientes para esta transformação etária e epidemiológica, entre outras ações.
O especialista Alexandre Kalache, gerontólogo e presidente do Centro Internacional da Longevidade no Brasil, reforça esta necessidade da atenção primária, com acompanhamento médico contínuo e focado no indivíduo, não na doença. Este tema, inclusive, foi um dos vencedores da última edição do Prêmio IESS.
Portanto, os dados e uma agenda de ações não são novidade. Resta saber se os setores de saúde irão aproveitar essa latente necessidade para remodelar a gestão e o modelo assistencial vigente, buscando garantir sua sustentabilidade.
O processo de mudança demográfica e maior longevidade da população em âmbito global é algo extremamente positivo e, com certeza uma vitória da humanidade. No entanto, este fenômeno também impacta diretamente na saúde em todo o mundo. Exatamente por isso, este é um dos temas mais presentes nas discussões de saúde e tem pautado também nossos estudos e publicações aqui no blog. O estudo “Hospitalization in older adults: association with multimorbidity, primary health care and private health plan” (Hospitalização em idosos: associação com multimorbidade, atenção básica e plano de saúde) publicado no 19º Boletim Científico avalia a associação entre a ocorrência de doenças crônicas de forma simultânea, o modelo de atenção básica e a posse de plano de saúde com a ocorrência de hospitalizações.
As hospitalizações de idosos podem trazer graves consequências não só para o sistema de saúde, mas sobretudo para o bem-estar do paciente, que corre o risco de complicações como a diminuição da capacidade funcional e aumento de sua fragilidade – em especial quando estas internações são repetidas e prolongadas. Ou seja, as internações em idosos, deveriam ser indicadas apenas quando não há outra alternativa para manejo mais adequado. Com isto em mente, o trabalho realizou estudo transversal de base populacional com 1.593 idosos (60 anos ou mais) residentes na zona urbana do município de Bagé, Rio Grande do Sul.
Foi observado que a multimorbidade gerou um aumento nas hospitalizações, principalmente as não cirúrgicas. Observou-se também que os idosos com plano de saúde internaram mais, independentemente da presença de múltiplas doenças. Nas áreas onde não há estratégia de saúde da família, no ano de 2008, a prevalência de hospitalização em idosos com plano de saúde foi de 19,2% entre os com multimorbidade e 10,1% entre os sem multimorbidade. Já para os idosos sem planos de saúde, a prevalência de hospitalização foi de 18,6% entre os com multimorbidade e de 10,0% para os sem. No mesmo ano, em áreas cobertas pela Estratégia Saúde da Família, os idosos com plano de saúde e multimorbidade representaram 26,6% e os sem multimorbidade, 20,6%. Entre os idosos com a ESF e sem plano de saúde, a prevalência foi de 15,5% entre os com multimorbidade e 7,6% para os sem multimorbidade.
Os dados mostram que a diferença entre as taxas de internação está diretamente relacionada ao acesso dos pacientes aos serviços de saúde e não, ao programa de prevenção à saúde do sistema em que os idosos estão inseridos. A saúde suplementar garante maior acesso dos beneficiários devido à maior oferta de leitos hospitalares. Neste sentido, os dados do trabalho contribuem não só para a relevância das multimorbidade nas hospitalizações, mas também para as melhorias da atenção da população idosa no país.
Um dos temas mais comuns no debate de saúde brasileiro é o impacto do envelhecimento da população sobre o sistema de saúde, como já apontamos aqui. Este ciclo de mudança demográfica pelo qual o País passa, caracteriza-se como uma grande possibilidade de evolução na saúde suplementar, alertando sobre as necessidades dos idosos hoje e do futuro, além das oportunidades de educação e promoção da saúde.
Este também é o tema do trabalho vencedor do 1º lugar na categoria “Economia” do VI Prêmio IESS: "Idosos da Região Sudeste: fatores que influenciam a posse de plano de saúde privado e implicações para as políticas públicas", de Rosana Vieira das Neves. Fundamental neste momento de mudanças, o trabalho analisa os fatores que mais influenciam a probabilidade de pessoas com 60 anos ou mais terem plano de saúde e destaca que a presença de morbidades entre idosos é o fator que mais aumenta a chance de idosos possuírem planos de saúde. Além disso, a pesquisa mostra que idosos com renda mensal domiciliar per capita superior a quatro salários mínimos têm entre 65% e 52% de chance de possuírem plano privado.
Conversamos com Rosana sobre seu trabalho e o processo de envelhecimento nacional. Confira e não deixe de inscrever gratuitamente, até 15 de outubro, seu trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) com foco em saúde suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde, Qualidade de Vida e Gestão em Saúde. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro deste ano.
BLOG DO IESS – O que te levou a este tema?
Rosana Vieira das Neves – O acelerado processo de transição demográfica brasileiro gerará um novo perfil de demandas para os sistemas de saúde, com impactos na maior utilização dos serviços de saúde.
BLOG – Como seu trabalho se situa entre as necessidades de alternativas e mudança de postura com esta mudança demográfica?
Rosana – Na saúde suplementar, é necessário rever a regulamentação para ofertar alternativas de permanência dos idosos nos planos de saúde após a aposentadoria, seja pela participação do empregador ou pela oferta de planos individuais. Os preços elevados para idosos são fatores que podem impossibilitar a permanência destes nos planos de saúde. A coparticipação financeira pode arrefecer os preços. Por este motivo, a renda (e a boa condição socioeconômica) são fundamentais para manutenção do plano na velhice.
BLOG – Como avalia as políticas públicas para os idosos existentes hoje?
Rosana – As políticas públicas voltadas para idosos devem considerar também que o conjunto de pessoas que envelhecerão e estarão em situação de extrema vulnerabilidade. A idade avançada traz consigo maior necessidade em saúde. Justamente no momento de inatividade, quando a renda cai, e pode ser ainda menor frente à baixa escolaridade dos idosos.
Com o cenário do envelhecimento populacional, é importante estabelecer metas na implementação das políticas públicas para melhorar a saúde do idoso; adotar medidas preventivas para minimizar os fatores de risco (tabagismo, sedentarismo, consumo de álcool e alimentação não saudável) para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis; dar o tratamento adequado à pessoa idosa de acordo com sua classificação de risco; e promover educação em gerontologia, conforme preconiza a PNSPI (Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa).
BLOG – Como avalia a recepção do Prêmio IESS na sua área de atuação?
Rosana – Sem dúvida o Prêmio IESS é um diferencial no currículo e valoriza o trabalho realizado, despertando a curiosidade dos pares. Ao participar da cerimônia de premiação, tomei conhecimento de diversas pesquisas que despertaram meu interesse, e que, talvez, não tomasse conhecimento pesquisando em sites de busca acadêmicos.