Em agosto de 2019, a contratação do tipo coletivo empresarial era responsável por 73,2% dos beneficiários de planos exclusivamente odontológicos do País. Segundo dados da nova edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), essa faixa representa 18,4 milhões de vínculos para o setor.
Como adiantamos anteriormente, este ano o número de beneficiários de planos odontológicos alcançou o melhor resultado desde o início da série histórica, passando de 25 milhões de pessoas (12% da população brasileira). O setor começou a ser mensurado em 2000 e vem apresentando crescimento contínuo todos os anos.
Além da alta expressiva no tipo de plano coletivo empresarial, as demais categorias também mostraram resultados positivos. Os planos individuais ou familiares somaram 4,4 milhões de beneficiários e os coletivos por adesão, 2,3 milhões.
Entre agosto de 2018 e o mesmo mês de 2019, o setor de planos exclusivamente odontológicos teve crescimento de 5,7% como um todo, com 1,4 milhão de novos contratos registrados.
Um dos fatores para esse resultado foi a leve recuperação da economia. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em agosto a produção industrial nacional registrou alta de 0,8%, em comparação com o mês anterior. A retomada impacta o mercado de trabalho, levando à criação de vagas e à consequente contratação de planos odontológicos e de saúde.
Como já dissemos, além de mais acessíveis que os médico-hospitalares, os planos exclusivamente odontológicos têm sido, cada vez mais, ofertados pelos contratantes como forma de atrair e reter talentos. Além disso, ofertá-los é uma forma que as empresas encontraram para reduzir o absenteísmo e melhorar a produtividade dos seus colaboradores, tornando-se assim, benefício tanto para os funcionários, quanto para as companhias.
Claro que a expansão é de grande importância para aquecimento do setor e o sorriso de mais brasileiros, mas ainda há muito espaço para evoluir. Confira a Análise Especial da NAB.
As operadoras de planos de saúde (OPS) médico-hospitalares da modalidade medicina de grupo registraram 488,8 mil novos vínculos entre dezembro de 2018 e o mesmo mês do ano anterior, equivalendo a um crescimento de 2,7%. O segmento foi o único em que houve aumento no total de beneficiários de acordo com a Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB).
O boletim mostra que, em 2018, as medicinas de grupo registraram 488,8 mil novos beneficiários enquanto as operadoras de autogestão perderam 159,9 mil vínculos; as cooperativas médicas, 87,1 mil; as filantrópicas, 21,4 mil; e as seguradoras especializadas, 20,1 mil. No total, o setor fechou o ano passado com 200,2 mil beneficiários, registrando alta de 0,4%, a primeira na comparação anual desde 2014.
Analisando individualmente as 10 operadoras que mais firmaram novos vínculos ao longo do ano passado, 8 são medicinas de grupo. As outras duas são uma seguradora e uma cooperativa.
Problemas econômicos em importantes estados brasileiros (em termos de mercado de saúde suplementar) influenciaram negativamente os resultados de diversas operadoras. Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que juntos concentram mais de 13 milhões de beneficiários, lideram o ranking de crise fiscal da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). A NAB aponta que os três estados registraram, juntos, a perda de mais de 75 mil vínculos.
Continuaremos apresentando informações sobre o setor nos próximos dias. Não perca.
Sabemos que os planos de saúde corporativos são os principais financiadores do mercado de saúde suplementar e que são os empregadores que movimentam o mercado privado de saúde. No entanto, a corda está no pescoço: o alto custo dos planos de saúde está se tornando insustentável para empregadores, o que acaba colocando em risco um benefício que é o terceiro maior desejo do brasileiro, atrás apenas de educação e da casa própria, de acordo com pesquisa que contratamos junto ao Ibope.
Consultor de benefícios do Grupo Willis Towers Watson, César Lopes ressalta que 66% dos beneficiários de planos de saúde estão vinculados a contratos coletivos empresarias, e na visão dele, não tem como manter esse benefício se não houver uma divisão de responsabilidade com quem usa o plano. “Quando alguém contrata o seguro de um carro, se sujeita a pagar uma franquia, mas na saúde ele não se dispõe a dividir os custos com a empresa para manter o benefício sustentável”, afirma.
Se a forma como as empresas e seus funcionários lidam com os planos de saúde não mudar, há risco de cada vez mais empregadores reduzirem ou até eliminarem os planos de saúde da folha de custos. Vale lembrar que as despesas com planos de saúde já são o segundo maior gasto das empresas com recursos humanos, atrás apenas da folha de pagamento. “Logo, qualquer aumento de custo no plano de saúde impacta direto no orçamento do empregador, essa é a realidade do nosso mercado”, destaca Lopes.
Um caminho para resolver o problema seria a divisão da responsabilidade de pagamentos dos planos de saúde. Por exemplo, como acontece nos planos de saúde com conta poupança e franquia anual. A ideia desse modelo, já apresentado aqui no Blog, é que o empregador pague a mensalidade do plano, mas o empregado assuma os gastos serviços de saúde ante atingir o limite da franquia. Uma mudança simples, mas que poderia ajudar a garantir a continuidade do benefício e a sustentabilidade do setor.
Acabamos de publicar a nova edição do Conjuntura Saúde Suplementar. O Boletim traz números alarmantes e aponta que a deterioração do mercado de trabalho está impactando diretamente na contratação de planos de saúde, especialmente nos coletivos empresariais. Além do crescimento da taxa de desocupação, medida pela PNAD/IBGE, a publicação indica a redução da renda das pessoas ocupadas como um dos principais motivos para a redução de 2,7% no total de beneficiários no 1° trimestre de 2016.
Entre o primeiro trimestre de 2016 e o mesmo período do ano anterior, o total de beneficiários de planos coletivos recuou 2,7% e o de planos individuais ou familiares, 2,3%. No mesmo período, a taxa de desocupação medida pela PNAD avançou 1,5% e a renda diminuiu 3,1%. E nada indica que que haverá uma reversão desse cenário em breve.
Pior, o movimento não é novidade. Aqui mesmo, no Blog, já destacamos o assunto mais de uma vez.
O que chama atenção, cada vez mais, é a tendência negativa que toma conta do cenário econômico e deve continuar impactando o setor de saúde suplementar. O panorama preocupa: com as famílias ganhando menos e o medo crescente de perderem o emprego, além de ter que cortar os custos de planos de saúde para pagar, por exemplo, a conta do mercado, aquelas famílias que planejavam adquirir o benefício, estão adiando seus planos até que a economia volte a melhorar. Já que os planos de saúde são o terceiro maior desejo dos brasileiros, atrás apenas da educação de da casa própria, o fato de as famílias estarem optando por deixar de contar com o benefício ou adiar seus planos para tê-lo, reforça a necessidade de se combater a crise econômica instalada hoje.