Novo relatório internacional projeta avanço de 17% nos custos médico-hospitalares no Brasil em 2019
Na última semana, aqui, comentamos o relatório da Willis Towers Watson que projeta o crescimento 15,3% no custos médico-hospitalares em 2019 no Brasil. Agora, foi a vez da Aon Hewitt lançar o 2019 Global Medical Trends Rates Report, outro dos relatórios que usamos como base para o TD 69 – "Tendências da variação de custos médico-hospitalares: comparativo internacional".
De acordo com o levantamento da Aon, o avanço dos custos médico-hospitalares no Brasil deve ser de 17% em 2019. Acima, portanto, dos 15,3% estipulados pela Towers. Outra diferença entre os dois relatórios é a quantidade de países analisados. Enquanto o da Towers traz a projeção para 77 países, o da Aon avalia 103. Apesar de ligeiras diferenças nos relatórios, o resultado de ambos destacam a necessidade de reavaliar o setor no País e avançar em uma agenda de combate à desperdícios e maior transparência, como comentamos ontem.
O relatório da Aon foi analisado em uma boa reportagem do UOL. Então, como as conclusões são basicamente as mesmas, gostaríamos de aproveitar para retomar outro importante debate: o da diferença entre a variação dos custos médico-hospitalares e da inflação geral. Inclusive porque a reportagem do Uol compara as duas coisas quando, na realidade, elas não são comparáveis.
O motivo é simples. Enquanto a inflação considera apenas a variação média dos preços em uma cesta de produtos, a variação dos custos médico-hospitalares (VCMH) é composta não apenas pela variação de valores dos serviços de saúde (consultas, exames etc.), mas também pela frequência de utilização destes.
O que torna possível, inclusive, que o custo dos serviços de saúde caia, mas a variação dos custos médico-hospitalares suba. Por exemplo: se as consultas médicas custavam, em média, R$ 100 e passaram a custar R$ 95, indicadores como a inflação registrariam uma queda de 5%. Contudo, se eram realizadas 1.000 consultas e passaram a ser realizadas 1.100, o custo médico-hospitalar subiu 4,5%, avançando de R$ 100 mil (R$ 100 por consulta x 1.000 consultas) para R$ 104,5 mil (R$ 95 por consulta x 1.100 consultas).
Claro, a tendência não é que os custos médios de cada procedimento caiam, assim como não temos deflação no País. E, apesar do rompimento de cerca de 3 milhões de vínculos desde 2014, o setor não tem registrado redução no uso de serviços médicos. Então, é natural que a VCMH continue acima da inflação. O que não é natural é comparar as duas coisas como se fossem iguais.