Estudo do IESS aponta queda em procedimentos contra o câncer durante a pandemia
A pandemia da Covid-19 alterou a rotina e cotidiano das pessoas no Brasil e no mundo e trouxe novas condutas em diferentes aspectos. Na área da saúde, as mudanças foram impactantes por conta dos cuidados redobrados que precisaram ser adotados no sistema como um todo. Particularmente no caso de pessoas com câncer, um estudo especial sobre o assunto, desenvolvido pelo IESS, a partir de dados do Mapa Assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e microdados da PNAD Covid-19 do IBGE, revelou que houve queda no número de procedimentos assistenciais no sistema de saúde entre 2019 e 2020.
O conteúdo do estudo também foi apresentado, neste mês, no 7º Fórum Big Data em Oncologia, organizado pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e apoiadores. Com a pesquisa do IBGE, detectou-se que, em novembro de 2020, cerca de 2,2 milhões de brasileiros declararam ter recebido diagnóstico médico de câncer em algum momento da vida. Desses, 924 mil tinham plano de saúde.
Além disso, dados analisados pelo IESS mostram que 14% da população (28,6 milhões de brasileiros) fizeram teste de Covid entre maio e novembro de 2020 – sendo que 1,4% (409,8 mil) tinham diagnóstico de câncer. Nesse período verificou-se que beneficiários de plano de saúde realizaram mais testes para saber se estavam infectados pelo coronavírus – foram 224,2 mil exames ou 24,3% do total de beneficiários com câncer em comparação com as pessoas sem o benefício (185,6 mil testes ou 14,9%).
Análise do Conselho Federal de Medicina aponta, entre março e dezembro de 2020 e no mesmo período do ano anterior, queda de 27 milhões na realização de exames, cirurgias e outros procedimentos eletivos (dados SAI-SUS).
Também ocorreu redução – de 1,4 bilhão para 1,2 bilhão (-17,4%) – no volume de procedimentos realizados na saúde suplementar, entre 2019 e 2020. As consultas com oncologistas, por exemplo, tiveram queda de 8,2% e os exames preventivos como papanicolau em mulheres de 25 a 59 anos (-24,4%). No caso de mamografia em mulheres de 50 a 69 anos
(-29,5%) e internações relacionadas a neoplasias, a queda foi de 18,9% (ANS,2021).
Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), em 2020, detectou que 74% dos entrevistados tiveram um ou mais pacientes que interromperam ou adiaram o tratamento por mais de um mês durante a pandemia.
Importante lembrar que o câncer é um dos principais desafios de saúde no Brasil e no mundo. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam que, entre 2020 e 2022, surjam 625 mil casos novos da doença por ano no País. Em 2018, porém, este grupo de doenças causou cerca de 230 mil óbitos no Brasil e são a segunda principal causa de morte em todo mundo, equivalente a 9,6 milhões de óbitos (ou uma a cada seis mortes).