Alimentação balanceada pode salvar 350 mil vidas
Já pensou se o governo pagasse para você ter uma alimentação melhor? A medida pode estar às vésperas de acontecer nos Estados Unidos. Isso porque incentivos financeiros para o consumo de frutas e verduras podem gerar uma economia de US$ 40 bilhões em gastos com saúde no Medicare e Medicaid naquele País.
De acordo com o estudo “Cost-effectiveness of financial incentives for improving diet and health through Medicare and Medicaid: A microsimulation study” (Custo efetividade de incentivos financeiros para melhorar a dieta alimentar e saúde de usuários do Medicare e Medicade: uma microsimulação), em tradução livre, se o governo dos Estados Unidos subsidiasse 30% dos custos de alimentos com frutas e verduras para os beneficiários desses programas, poderia evitar 1,93 milhão de ocorrências de doenças cardiovasculares e 350 mil mortes pela mesma razão. Comparando o gasto com os alimentos frente aos recursos poupados na saúde, o estudo estima uma economia anual de US$ 40 bilhões.
O trabalho também considerou um segundo cenário em que o benefício para compra de frutas e verduras seria estendido também para outros “alimentos saudáveis”, como grãos integrais, sementes e castanhas, frutos do mar e oleaginosas. O resultado foi ainda mais positivo. Além de evitar 620 mil mortes por doenças cardiovasculares e outros 3,3 milhões de ocorrências de doenças desse tipo, a iniciativa preveniria 120 mil casos de pessoas com diabetes e iria gerar uma economia de US$ 100 bilhões ao ano.
Claro, além do impacto direto, a mudança também poderia trazer benefícios relevantes para o setor de saúde como um todo. Por exemplo, ao liberar “espaço” para atendimento médico e mesmo internação de outros pacientes.
Os resultados reforçam a necessidade de adotar políticas de incentivo para uma alimentação mais saudável no Brasil e outros programas de promoção da saúde, como temos apontado aqui no Blog desde a divulgação do TD 73 – “Hábitos alimentares, estilo de vida, doenças crônicas não transmissíveis e fatores de risco entre beneficiários e não beneficiários de planos de saúde no Brasil: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013”.
Na mesma linha, vale reler a reportagem “Programas de prevenção potencializam melhor uso dos planos de saúde e sua sustentabilidade”, feita pelo jornal O Estado de S. Paulo com base em nosso estudo – já analisada aqui. E também a análise da revista Saúde a partir do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica) do Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostrando a importância da alimentação na adolescência – que também já comentamos.