Ontem, aqui no Blog, lançamos o TD 74 – “A Telemedicina traz benefícios ao sistema de saúde? Evidências internacionais das experiências e impactos” apresentado durante o Seminário Internacional de Saúde da População, organizado pelo Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV). Hoje, queremos apresentar duas das experiências reportadas no estudo e que demonstram a importância deste recurso, tanto para saúde suplementar quanto pública.
A primeira delas aconteceu na China. Um projeto local que durou de 2003 a 2012 conectou 249 hospitais na região rural de Sichuan, que conta com uma população de 81,1 milhões de pessoas, a 112 centros altamente especializados localizados na capital. Durante o período, foram realizadas quase 12 mil teleconsultas dedicadas principalmente ao diagnóstico de neoplasias, lesões e doenças cardiovasculares. Como resultado, 39,8% dos diagnósticos originais realizados nos hospitais rurais foram modificados após a consultoria com os hospitais especializados e 55% dos tratamentos originais foram alterados. Ou seja, a telemedicina influenciou diretamente a qualidade assistencial.
Do ponto de vista financeiro, o projeto também teve ótimos resultados: gerou uma economia líquida de cerca de US$ 2,3 milhões para pacientes (que não precisaram se deslocar para outros locais para serem atendidos) e de US$ 3,7 milhões para especialistas (que não precisaram se deslocar entre cidades para completar o diagnóstico ou validar o tratamento).
Já os benefícios de teleconsultas (relação direta entre médico e paciente) – que ainda carecem de regulação no Brasil, vale lembrar – podem ser observados em um projeto conduzido nos Estados Unidos, entre julho de 2012 e julho de 2014, que possibilitou que 296 pacientes veteranos de guerra que moram em zona rural da Flórida realizassem 755 consultas com especialistas em oncologia de grandes centros urbanos. Os pacientes tiveram uma redução de 80,7% na distância percorrida ao se consultar em um centro médico local ao invés de se deslocar para a instalação especializada em Miami. O que resultou em uma economia de US$ 155,6 mil (US$ 88, 4 mil em deslocamento e US$ 67,2 mil em hospedagem).
Além disso, uma pesquisa de satisfação com os pacientes revelou que eles concordaram quase unanimemente que puderam receber todos os benefícios de uma consulta presencial por meio da telemedicina, incluindo a revisão de resultados de exames, aconselhamento adequado sobre sua doença e discussão dos riscos e benefícios de diferentes opções de tratamento.
Nos parece claro que as novas tecnologias estão aumentando, cada vez mais, as possibilidades para a telemedicina, inclusive para a realização de teleconsultas. Por isso, apesar de entendermos a decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) de suspender a resolução 2.227/2018 em função do volume de mudanças sugeridas, acreditamos que é fundamental retomar agenda de regulação dessa possibilidade de atendimento. Ainda que em um primeiro momento alguns profissionais se incomodem com a nova realidade.
Se considerarmos o potencial deste recurso para levar atendimento assistencial de qualidade para brasileiros em regiões afastadas, como áreas rurais e a Amazônia, por exemplo, a iniciativa se torna ainda mais importante não apenas para a Saúde Suplementar, mas também para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Resumindo, o Brasil precisa da telemedicina.
Acabamos de publicar a 25º edição do “Boletim Científico IESS”, que resume publicações científicas importantes para a saúde suplementar lançadas no 1º quadrimestre de 2019. Voltado para pesquisadores acadêmicos e gestores da área de saúde, a publicação apresenta trabalhos lançados nas principais revistas científicas do Brasil e do mundo nas áreas de saúde, tecnologia, economia e gestão.
O objetivo é apresentar estudos, atualizações e orientações que forneçam ferramentas para auxiliar pesquisadores e gestores da saúde suplementar na tomada de decisões. A edição mais recente apresenta pesquisas que abordam a aplicabilidade de avaliação de custo-efetividade para incorporação de novas tecnologias, comportamento econômico-financeiro de operadoras de grande porte, prevalência de cesárea no Brasil e outros trabalhos.
Entre eles, destaque para a análise “Planos de Saúde com franquia anual e Prevenção”, na seção Economia & Gestão, aponta a redução de exames com caráter preventivo entre os beneficiários desse tipo de plano, o que reforça nossa percepção de que planos com franquia anual precisam ter mecanismos para incentivar a promoção da saúde e a realização de procedimentos (consultas exames etc.) com este foco, como já comentamos aqui.
Já o destaque em Saúde & Tecnologia ficou para “Telemedicina e Diabetes”, que destaca a efetividade deste tipo de ação desde que a telemedicina não se limite ao telemonitoramento.
Nos próximos dias, vamos analisar esses e outros destaques dessa edição aqui no blog. Não perca!
Já destacamos que a cirurgia bariátrica não pode ser apenas estética, quais os riscos gerais relacionados ao procedimento e também destacamos o aumento do probabilidade de fraturas após a realização do procedimento.
Claro, sempre fazemos questão de lembrar que não estamos “demonizando” a operação. A cirurgia bariátrica é um importante recurso para combater a obesidade, uma epidemia mundial que atinge 1 a cada cinco brasileiros, como também já apresentamos aqui. Contudo, é um recurso que deve ser empregado com parcimônia, somente após acompanhamento médico e preparação psicológica.
Agora, um estudo brasileiro conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e publicado em uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo, a Nature, indica mais um perigo a ser considerado antes da decisão por realizar o procedimento: o risco do desenvolvimento de câncer no estômago excluso (a parte do estômago que perde sua função após o procedimento e é mantida dentro do corpo).
De acordo com os pesquisadores, essa parte do órgão que é mantida sem uso dentro do corpo do paciente após a cirurgia feita por by-pass gástrico (a modalidade mais comum do procedimento) se torna um “terreno fértil” para o desenvolvimento de tumores. Para entender melhor o assunto, recomendamos a leitura da reportagem “Brasileiros desvendam possível fonte de problemas após cirurgia bariátrica”, publicada na revista Saúde É Vital, com entrevistas de três pesquisadores envolvidos no estudo.
Novamente, nosso intuito não é desencorajar a realização do procedimento. Apenas, como os próprios pesquisadores destacaram na entrevista, lembrar que “a cirurgia tem inúmeras vantagens quando bem indicada. (...) O que nosso estudo alerta é que a cirurgia não pode ser banalizada e utilizada como uma pílula mágica para o alcançar o emagrecimento saudável”.
Quer saber mais sobre cirurgia bariátrica e obesidade? Confira nossa Área Temática
De acordo com o levantamento, as ações preventivas nessa área foram as que mais aumentaram no intervalo analisado, passando de 27,8 milhões em 2011 para 71,4 milhões em 2017. No intervalo em destaque, o número de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos aumentou quase 9 vezes em 17 anos, passando de 2,6 milhões de vínculos em 2000 para 22,6 milhões em 2017. Levantamento inédito ressalta profissionalização do setor e mais acesso ao beneficiário.
Estamos com 6 pôsteres expostos no Congresso Internacional de Qualidade em Serviços e Sistemas de Saúde (Qualihosp), organizado pelo Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da Fundação Getúlio Vargas (FGVsaúde).
Realizado há 20 anos, o congresso reúne pesquisadores e profissionais nacionais e internacionais que atuam na área da saúde com interesse em qualidade e gestão de serviços e sistemas. Sendo uma importante oportunidade para difundir nossos estudos e ajudar a expandir as informações disponíveis para a tomada de decisão dos gestores do setor, como é nossa missão.
Os estudos destacados em nossos pôsteres podem, também, ser vistos na íntegra aqui no site, inclusive com análises em nossos blogs. Confira a lista:
TD 73 – Análise da Pesquisa Nacional de Saúde
Estudo especial: Análise do mapa assistencial da saúde suplementar no Brasil entre 2011 e 2017
Estudo Especial: Despesas com internações de operadora de autogestão
TD 64 – Fatores associados ao nível de gasto com saúde
TD 70 – Projeção das despesas assistenciais da Saúde Suplementar
Análise da assistência à saúde da mulher na Saúde Suplementar Brasileira entre 2011 e 2017
Autor: Bruno Minami
Superintendente executivo: Luiz Augusto Carneiro
De acordo com o estudo, o número de mamografias realizadas pelos planos de saúde a cada grupo de 100 beneficiárias vinculadas a planos médico-hospitalares da faixa etária definida como prioritária pelo Ministério da Saúde registrou ligeira queda de 48,6, em 2016, para 47,9 em 2017. No mesmo período, as internações relacionadas ao câncer de mama feminino aumentaram de 36,5 mil internações para 40,9 mil. Crescimento de 12,1%.