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Janeiro 2021
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“Conservar a memória é fundamental para não repetir erros.” André Médici, economista de saúde do Banco Mundial, acredita que muitos problemas recorrentes do setor de saúde podem ser evitados se atentarmos para os erros do passado e criarmos processos a partir deles. Com isso em mente, Médici apresentou “Um balanço da última década e perspectivas para o setor de saúde do Brasil e na América Latina” durante a Celebração de 10 anos do IESS e a entrega do VI Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar

Além de resumir o ambiente da saúde ao longo da última década, Médici também apresenta perspectivas para o futuro. No caso do Brasil, o envelhecimento da população e seu impacto nos gastos com saúde é um dos pontos focais. Bem como a PEC55 e reformas estruturais focadas em melhorar a integração entre o setor público e a iniciativa privada. 

Assista a apresentação completa: 

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Abril 2017
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Trazer o beneficiário de planos de saúde mais para perto, promovendo sua participação nas decisões relacionadas ao uso do plano é uma das bandeiras que mais defendemos. Afinal, tornar o paciente parte ativa no processo de decisão de gastos, ajuda a tornar mais racional a utilização de serviços de saúde. Os planos de com conta poupança e franquia anual, como já apontamos aqui no Blog, fazem exatamente isso e têm conseguido reduzir entre 5% e 15% o total de despesas com saúde em comparação aos planos tradicionais em países onde são empregados.

Aqui no Brasil este tipo de plano ainda não é permitido, contudo, a ANS está lançando uma ação exatamente com o mesmo objetivo: o projeto “Sua Saúde: Informe-se e Faça Boas Escolhas”

Inspirada em iniciativas similares desenvolvidas em outros países, como a “Slow Medicine” e o “Talking to your Doctor (NIH/EUA)”,  o projeto  busca falar diretamente com o paciente, fornecendo informações relevantes e orientando sobre questões relacionadas ao cuidado e tecnologias utilizadas no diagnóstico e tratamento de doenças.

Claro, ainda é cedo para afirmar que o programa alcançará seus objetivos, mas torcemos que sim. Especialmente porque isso significaria mais qualidade de vida para os beneficiários. 

Saiba mais sobre o projeto no site da ANS

Janeiro 2017
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Será que é possível reduzir gastos no setor de saúde suplementar sem diminuir a qualidade?  O estudo “Association Between Hospital Participation in a Medicare Bundled Payment Initiative and Payments and Quality Outcomes for Lower Extremity Joint Replacement Episodes", publicado na 15ª edição do Boletim Científico com o título “Associação entre a participação de hospitais em uma iniciativa do Medicare de pagamento por pacote (Bundled payment) e os resultados de qualidade para episódios de implante de prótese de articulação” , avalia o programa Bundled Payments for Care Improvement (BPCI), dos Estados Unidos, e garante que sim, é possível.

De acordo com o estudo, foi possível observar que nos hospitais que participaram do programa BPCI os gastos caíram, em média, U$ 1.166 a mais do que no grupo de comparação que não participava do programa. Isso sem alterar a qualidade da assistência prestada entre os hospitais analisados. 

Na realidade, entrevistas com os pacientes dos dois grupos mostraram que os que realizaram implante de prótese de articulações (principalmente joelho e quadril) nos hospitais participantes do BPCI apresentaram resultados mais expressivos, como melhorias na mobilidade, menores problemas físicos e emocionais e menos dor no período de recuperação.

Um forte indicador de que programas de controle de gasto com foco em eficiência acabam por beneficiar o atendimento dos pacientes. 

Maio 2016
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Acompanhamos hoje (24), o “Encontro sobre os Novos Projetos da Diretoria de Desenvolvimento Setorial”, realizado pela ANS no Rio de Janeiro. Um dos debates mais importantes se desenvolveu no painel sobre o redesenho da prestação e da remuneração dos serviços na atenção ao idoso. Na oportunidade, foi lançado o projeto “Idoso bem cuidado”, que propõe uma nova abordagem à assistência ao idoso.

Esse é um tema importante e que temos apresentado diversos estudos e análises desde 2012. Já naquele ano, apresentamos, em evento em São Paulo, projeções sobre o impacto do envelhecimento na saúde suplementar, na saúde pública e na previdência. Também apresentamos, em 2013, um estudo analisando o impacto de forma integrada em todo o sistema de saúde. Ainda em 2013, divulgamos uma atualização das projeções de gastos com saúde por conta do envelhecimento e deveremos retomar esse tema nas próximas semanas.

Algumas das teses que defendemos desde 2012 começam, finalmente, a ganhar corpo no mercado brasileiro de saúde. Nas últimas semanas, o ministro Ricardo Barros, por exemplo, vinculou o debate do financiamento à saúde ao contexto de reequilíbrio de contas da Previdência Social. Essa análise de que saúde e previdência são indissociáveis, como forma de manter as contas públicas equacionadas em meio a um processo de mudança demográfica, é uma visão bastante madura sobre o tema. Possibilita, também, delinear qual pode ser, e como se financia, a saúde suplementar brasileira a partir do ciclo de envelhecimento populacional.

O que vimos também no debate da ANS, hoje, foi um alinhamento muito significativo às propostas que temos defendido para garantir a sustentabilidade econômica, financeira e assistencial da saúde suplementar. O projeto assistencial a idosos apresentado pela agência reguladora promete, entre outras iniciativas, desenvolver indicadores de qualidade de operadoras e, principalmente, prestadores de serviços não hospitalares. A nosso ver, em algum momento, os serviços hospitalares também farão parte da agenda de qualidade, o que inclui clínicas, laboratórios e fornecedores de insumos médicos.

Outro ponto amplamente defendido pelos debatedores envolveu a modernização dos modelos de remuneração de prestadores de serviços, reduzindo, principalmente, o peso do fee-for-service e evoluindo para métodos que premiam a eficiência, a resolução clínica e, principalmente, privilegiam a qualidade assistencial ao paciente, combatendo também o desperdício. Temos alertado sobre a importância do modelo DRG (Diagnosis Related Groups). No debate, mencionou-se a adoção do bundle payment e do pay-for-performance. Nos dois casos, isso envolveria a aplicação do DRG. Para saber mais sobre o DRG, leia o TD-54, que analisa custos e qualidade do DRG para serviços hospitalares, e as apresentações feitas pela PwC, em eventos do IESS, sobre a experiência internacional na aplicação do DRG e um estudo de caso da aplicação do método na África do Sul.

O modelo proposto pela ANS procura analisar a saúde do idoso de forma integral, com ênfase também no atendimento primário. Essa é uma abordagem muito interessante e que, quem sabe no futuro, poderia também ser sugerida não só para idosos, mas para todos os beneficiários.

Maio 2016
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Por Luiz Augusto Carneiro*

O início do novo governo, com gente que chega, mudanças estruturais, novas agendas e prioridades, abre a perspectiva de transformações no País. Os desafios serão imensos para reorganizar a economia e retomar o desenvolvimento. E, nessa agenda, a saúde suplementar pode também merecer atenção da nova administração.

Não vamos usar esse espaço para uma defesa de uma empresa ou de um segmento da cadeia da saúde. Esse não é nosso papel. Mas, não há a menor dúvida, seria muito positivo se a administração Michel Temer considerasse o setor de saúde suplementar como um elemento importante da melhoria do sistema de saúde brasileiro. Todos vão ganhar com a modernização da saúde suplementar se avançarmos em reformas que garantam a sustentabilidade do setor, priorizando o equilíbrio, a qualidade e a segurança do paciente.

No nosso portal, há estudos de sobra que servem de referência técnica para estabelecer uma agenda de melhoria da saúde suplementar. E por que isso é importante?

Em março último, ante o mesmo mês de 2015, mais de 1,33 milhão de beneficiários perderam seus planos. Temos visto, diariamente, na imprensa, em todas as regiões do País, secretários estaduais e municipais de Saúde expressarem suas preocupações e dificuldades de manter o atendimento do SUS. Além das dificuldades estruturais e administrativas, dos recursos limitados, há aumento da procura por aqueles que perderam seus planos de saúde.

Claro que, enquanto possuía a carteirinha do plano, esse beneficiário não deixou de ser cidadão e sempre teve seu direito intocável de também usar os serviços públicos de saúde. Na prática, porém, é cada vez mais reconhecido pelos gestores públicos que a saúde suplementar reduz a procura pelo SUS.

Com 1,33 milhão de clientes a menos, as operadoras perderam receitas (também acompanhadas na queda de despesas, porém, em proporção menor), o governo deixou de arrecadar tributos e viu aumentar a demanda do SUS. Todos perdem nesse contexto.

Lembremos da Pesquisa Ibope/IESS: o plano de saúde é o terceiro principal desejo do brasileiro, depois da casa própria e educação; 86% das pessoas que não contam com o benefício o julgam “importante ou muito importante”; e 79% daqueles que possuem plano de saúde recomendariam seu plano para amigos e parentes. Naturalmente, como também mostram as reportagens da imprensa, os “órfãos” dos planos têm mostrado enorme frustração.

Se todos reconhecemos que esse elemento é relevante na estrutura da cadeia de saúde do País, o que pode ser feito ou priorizado para esse setor evoluir? Porque a situação é grave: desde 2011, o indicador Variação dos Custos Médico-Hospitalar (VCMH), produzido pelo IESS, cresce sistematicamente acima de dois dígitos. Em junho de 2015, acumulava alta de 18,2%. Nossa expectativa é que tenha fechado o ano passado batendo um triste recorde.

Há que se considerar que o Brasil começa a ingressar em um ciclo de mudança demográfica. O envelhecimento populacional, nos próximos 20 anos, vai aumentar muito a demanda por serviços de saúde. Eis uma componente extra para desafiar a preservação da sustentabilidade do sistema.

Devemos pensar, portanto, em termos sistêmicos e tentar fugir da opção por cuidar apenas de um elo da cadeia para, efetivamente, reorganizar a estrutura, conter a escalada de custos e garantir a qualidade assistencial.

A agenda pode se concentrar, em princípio, na transparência e no combate ao desperdício, na modernização dos modelos de pagamento de prestadores e na adoção de critérios técnicos, claros e transparentes, para a adoção de novas tecnologias. Se conseguir endereçar esses temas, a gestão Temer vai promover um profundo avanço nesse mercado.

Uma sugestão de foco está na transparência de informações, por meio da aferição e divulgação de indicadores de qualidade. O sistema, hoje, se caracteriza por falhas de mercado geradas pela assimetria de informações. Tal deficiência impede a comparação e compromete a concorrência.

Isso reflete nas mais distintas práticas. Por exemplo, sem os devidos parâmetros, é difícil estimular a competição entre prestadores de serviços e fornecedores de insumos médicos. Assim, não há como saber, por exemplo, se um hospital “x” faz por merecer uma remuneração melhor do que o hospital “y”, pois não se tem os indicadores de qualidade. O mesmo está na comparação entre materiais e medicamentos e sua efetividade em relação aos preços cobrados.

Um recente estudo do Insper, feito a nosso pedido, trata com muita clareza as falhas de mercado e aponta algumas sugestões para aperfeiçoar o sistema.

Com transparência, todos saberão, por exemplo, se o laboratório remunerou um profissional que recomendou a realização de um exame em determinado laboratório ou prescreveu um material ou medicamento específico. A transparência empodera o paciente, portanto.

A estrutura da saúde suplementar hoje é voltada a estimular o desperdício, muito por conta do sistema de remuneração conhecido como “fee-for-service”. Quanto maior a conta hospitalar, melhor a remuneração do prestador. É preciso reverter essa lógica e premiar os prestadores mais eficientes e que priorizem a qualidade assistencial. Há mais de três décadas, países desenvolvidos usam o modelo de pagamento baseado por diagnósticos, conhecido como DRG (Diagnosis Related Groups). Esse é um caminho, mas existem outros, sempre com o foco na eficiência.

O princípio da eficiência também deve pautar a adoção de novas tecnologias em saúde. Hoje, toda nova tecnologia tem sido adicionada sem, necessariamente, passar por uma análise técnica para identificar se representa avanços em comparação às já adotadas e se o sistema tem condições de absorver seus custos. Essa é uma das principais causas para o aumento dos custos no setor e deve ser corrigida.

O início do novo governo, vale insistir, cria uma expectativa de mudanças. E a saúde suplementar pode ter uma grande oportunidade para evoluir. Basta, para isso, receber uma chance.

*Superintendente executivo do IESS