A COVID-19 tem provocado mudanças e reflexões nos serviços de saúde. Os desafios logísticos, como racionalizar a demanda por respiradores mecânicos e expandir a disponibilidade de UTIs são, certamente, as questões mais visíveis no momento. A utilização de recursos de Telessaúde também tem atraído atenção – como já comentamos.
Agora, quase um mês após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o Coronavírus como pandemia, outras mudanças começam a ser notadas. E as mudanças parecem positivas.
De acordo com a reportagem “Crise provocará mudança no perfil do profissional de saúde”, da revista Exame, particularidades da doença (como a semelhança com a gripe comum em pacientes que não apresentam estado grave) estão impondo um atendimento mais humanizado e mais atenção à anamnese, a primeira conversa e exame que o médico conduz no paciente.
A importância deste comportamento na triagem correta e em como isso se desdobra para um atendimento mais eficiente, com foco na saúde do paciente e não só na cura da doença, já foi abordada aqui no Blog algumas vezes e também em palestras nos nossos eventos.
O exemplo mais recente é a aula do prof. Chao Lung Wen, da Universidade de São Paulo (USP), no seminário Transformação Digital na Saúde. Quando ele destacou que o atendimento à distância, por meio de novas tecnologias, não representa uma perda na qualidade da atenção assistencial, mas o oposto. Como bem lembrou Wen durante o evento, o uso da Telemedicina não desumaniza a atenção, do mesmo modo que estar face a face com o paciente não significa humanização. Para ele, isso está diretamente relacionado com a postura do profissional e sua formação.
Outro exemplo igualmente importante foi a palestra “Cuidados paliativos e dignidade humana na era da máxima tecnologia na saúde”, apresentada pelo Dr. Daniel Neves Forte, então presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Apesar de o foco central ser outro, ele deixa clara a necessidade de humanizar os atendimentos. Vale rever.