No último mês, o Estádio Municipal do Pacaembu completou oito décadas da sua abertura ao público na Praça Charles Miller, na cidade de São Paulo. Importante palco de celebração da cultura futebolística no País, o espaço também abriga o Museu do Futebol e está na memória dos fãs do esporte, independente do time do coração.
Rebatizado anos depois de Paulo Machado de Carvalho, nome do chefe das delegações do Brasil nas conquistas da Suécia (1958) e do Chile (1962), já sediou eventos culturais marcantes, como jogos na Copa de 1950, as despedidas de ícones da seleção brasileira além de já ter recebido o beatle Paul McCartney e o primeiro show dos Rolling Stones no Brasil.
Hoje, o estádio enfrenta sua maior missão até aqui: salvar vidas. Foi lá o local escolhido pela Prefeitura Municipal de São Paulo para receber o primeiro hospital de campanha da cidade – a seguinte foi montada no Anhembi. O objetivo é ter leitos de baixa e média complexidade para aliviar a rede pública durante a pandemia pelo novo Coronavírus.
O dia a dia das equipes de saúde e dos pacientes internados no Pacaembu foi apresentado em delicada videorreportagem da TV Folha “'VIDAS EM JOGO': um dia no hospital de campanha”. Gerenciado pelo hospital Israelita Albert Einstein, conta com 200 leitos. É uma unidade de portas fechadas e recebe, exclusivamente, pacientes de baixa e média complexidade, transferidos por ambulâncias a partir dos equipamentos de saúde da capital (Hospitais, Pronto Socorros e Unidades de Pronto Atendimento).
“Não há quartos separados [em um hospital como esse]. Por isso, há uma série de cuidados necessários que devem ser tomados para a segurança do paciente, como a correta divisão de quem está confirmado daqueles com suspeita de infecção. Tudo isso para evitar a transmissão no local”, conta Vinicius Ponzio, médico infectologista do hospital.
Os profissionais de saúde estão na linha de frente desta batalha contra a Covid-19. Faça sua parte. Cuide de si e da sua família.
Veja abaixo a reportagem na íntegra.
De acordo com estimativas do governo britânico, 700 mil pessoas morrem anualmente por causa de infecções. Segundo uma estimativa da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entre 2015 e 2050, o número de mortos em decorrência apenas de infecções por supermicróbios pode chegar a 2,4 milhões.
No Brasil não há muitos dados sobre a questão. Desde 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) monitora as chamadas infecções primárias de corrente sanguínea ocorridas em UTIs de 1.900 hospitais de todo o país.
Não é de hoje que o tema preocupa os sistemas de saúde em todo o mundo. Isso acontece porque o uso inadequado de antibióticos não acaba com as bactérias de modo eficaz, restando aquelas extremamente hábeis e capazes de gerar infecções dificílimas ou até impossíveis de combater com as ferramentas farmacológicas atuais.
A boa notícia vem da Folha de S. Paulo de hoje, que mostra que hospitais, médicos, governos e indústria farmacêutica estão se mobilizando na guerra contra as bactérias super-resistentes. Uma boa estratégia é reduzir o tempo de internação hospitalar dos pacientes.
“Eles acabavam ficando muito tempo internados só para fazerem uso do antibiótico, mas o ambiente hospitalar é de risco. A gente sabe que uma pessoa corre mais risco de vida ao entrar num hospital do que ao fazer uma viagem de avião”, contou a farmacêutica Priscilla Sartori, responsável pelo programa de gerenciamento de uso de antibióticos (ou “stewardship”, no jargão em inglês) da Santa Casa de Santos. A iniciativa já poupou mais de mil dias de UTI desde 2017, reduzindo o risco de infecção de pacientes, abrindo novas vagas e melhorando a eficiência do sistema.
Nós já falamos sobre a desospitalização em diferentes momentos, como no seminário IESS no Healthcare Innovation Show (HIS). “É fundamental repensarmos o atendimento dos pacientes, tanto do ponto de vista de efetividade do cuidado, quanto de racionalidade do sistema, de modo a garantir a melhor e mais eficiente prestação de serviços de saúde. O foco está no paciente e onde ele terá o melhor cuidado preventivo e a melhor assistência em sua jornada”, destacou Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS no evento.
Confira a matéria da Folha de S. Paulo na íntegra.
Como bem lembrou Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, na abertura do Seminário Internacional “Qualidade Assistencial e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde”, temos atuado fortemente na implementação de uma agenda nacional de indicadores para mensurar o desempenho da prestação de serviços de saúde no Brasil com o objetivo de estimular o maior conhecimento de toda a cadeia e aplicação de ações para redução dos problemas na assistência ao paciente.
Como mostramos aqui, a transparência é um valor universal e todos querem saber mais com quem estão se relacionando, sejam empresas ou pessoas públicas. Foi durante o evento que lançamos o 2° Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido pelo IESS e pelo Instituto de Pesquisa Feluma, da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais traz números alarmantes acerca da assistência em saúde no Brasil. “Devido à importância da publicação que fizemos em 2016, chamada ‘Erros Acontecem’, resolvemos transformá-la em um Anuário para seguir nessa agenda pela segurança e transparência das informações em prol do paciente”, afirmou Carneiro.
Portanto, é com bons olhos que vemos iniciativas em prol da segurança do paciente, como divulgada no jornal O Estado de S. Paulo e repercutida em outros veículos. Segundo a publicação, o Ministério da Saúde lançou no último ano, projeto que já apresenta resultados em 119 hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio dele, profissionais da rede pública estão recebendo treinamento em cinco hospitais particulares de referência no País. A padronização de procedimentos na UTI realizada pelo projeto conseguiu uma redução de 23% nas ocorrências de infecção hospitalar nas unidades e tem como meta chegar à queda de 50% até 2020.
Concentrado em 25 Estados, o trabalho busca diminuir três tipos de infecção: na corrente sanguínea, no trato urinário e a pneumonia associada à ventilação mecânica. O projeto se propõe a salvar 8.500 vidas nas UTIs dos hospitais participantes e, com isso, reduzir o custo de internações em até R$ 1,2 bilhão.
Em entrevista à reportagem, a enfermeira da UTI, Daniele Alves Scatolin, lembrou que a capacitação dos profissionais é fundamental para salvar vidas. “Ela me ajudou muito, porque a gente percebeu que não precisa de tecnologia para envolver a equipe, mas comprometimento. Falo que recebi um troféu, não só como profissional, mas como pessoa. A gente pode fazer o melhor para dar assistência segura para o paciente. O bom de ter hospitais de ponta é a troca de experiências e o aprendizado”, contou.
A ação o Ministério da Saúde vai em linha com as mudanças necessárias apontadas no 2° Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, como políticas de promoção de saúde e aperfeiçoamento de processos que podem contribuir de forma relevante para o combate aos eventos adversos. Como já mostramos, a cada hora, 6 pacientes morrem por erros e falhas nos hospitais no Brasil. Esses erros consomem R$ 10,6 bilhões que poderiam ser melhores aplicados e 14,3 milhões de leitos-dia utilizados pelos mesmos motivos ao invés de atender outros pacientes.
As infecções relacionadas à assistência em saúde (Iras) ainda são um dos mais importantes problemas do setor no mundo. Este tipo de infecção é adquirido durante a prestação dos cuidados de saúde e podem resultar em mortes, além de elevado custo direto e indireto. Exatamente pela importância deste tema na cadeia de saúde - suplementar ou pública – é que novos estudos e iniciativas na área devem ser incentivados.
O estudo “Influência das infecções relacionadas à assistência no tempo de permanência e na mortalidade hospitalar utilizando a classificação do diagnosis related groups como ajuste de risco clínico” rendeu a Maria Aparecida Braga o 2° lugar na categoria “Promoção da Saúde e Qualidade de Vida” na edição 2016 do Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar. “As Iras são condições passíveis de serem evitadas e acreditamos que o impacto assistencial, social e econômico é imenso, daí a importância do tema”, comenta Maria Aparecida.
Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e doutora pela UFMG, Maria Aparecida conversou conosco sobre seu trabalho, a importância do Prêmio IESS e o que mudou após ter seu trabalho reconhecido.
Leia a entrevista abaixo e não deixe de inscrever gratuitamente, até 15 de setembro, seu trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) com foco em saúde suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde, Qualidade de Vida e Gestão em Saúde. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro deste ano.
Blog do IESS – Sobre o que é o trabalho?
Maria Aparecida Braga – É sobre a influência da infecção relacionada à assistência à saúde no tempo de permanência hospitalar e sobre a mortalidade. São condições passíveis de serem evitadas e acreditamos que os impactos assistenciais, sociais e econômicos são imensos, daí a importância do tema. É parte de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Infectologia e Medicina Tropical.
Blog – Como conheceu o Prêmio IESS?
MAB – Por meio do meu orientador, o Dr. Renato Couto, que é um grande pesquisador da área de gestão da saúde.
Blog – E qual sua impressão sobre o Prêmio IESS?
MAB – Foi muito gratificante receber o Prêmio IESS. É um reconhecimento de todo o trabalho. Saber que estamos atuando para modificar alguma coisa para melhoria da sociedade e que isto está sendo levado em consideração, sendo avaliado por um grupo de pesquisadores renomados é recompensador. A participação no evento da premiação foi particularmente importante. A forma como foram apresentados os trabalhos e como foram detalhadamente avaliados me deixou muito bem impressionada.
Blog – Em sua opinião, qual a importância de premiações com esta?
MAB – A premiação é um estímulo ao desenvolvimento da pesquisa séria e conectada à realidade da saúde brasileira. No Prêmio IESS, são avaliados trabalhos que podem realmente fazer a diferença na atuação dos profissionais de saúde e na gestão do setor, melhorando as condições assistenciais, com foco na segurança assistencial e determinando maior responsabilidade e responsabilização com o uso dos recursos, que são limitados.
Blog – O que mudou após receber o Prêmio IESS?
MAB – Recebi diversos telefonemas e a visibilidade do trabalho certamente aumentou. Parabenizo o IESS não apenas por essa iniciativa, mas por todas realizadas em prol da segurança assistencial. A saúde brasileira está muito carente de atitudes como esta.