Desde que anunciamos o VI Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar, aqui no Blog, passamos a apresentar alguns dos trabalhos vencedores das edições anteriores e prometemos, também, uma entrevista com cada um dos avaliadores da premiação. As entrevistas com o Dr. Alberto Ogata, avaliador da categoria Qualidade de Vida e Promoção da Saúde, e Luiz Felipe Conde, avaliador da categoria Direito, você já conferiu. Hoje, trazemos a entrevista do avaliador da categoria Economia: Antonio Carlos Coelho Campino.
Doutor em economia e professor titular da USP desde a década de 1970, Campino é, provavelmente, o maior nome em “Economia do Bem-Estar”, tendo desenvolvido trabalhos nas áreas de economia da saúde, avaliação de tecnologias em saúde, farmacoeconomia, sistemas de saúde comparados, equidade em saúde, custo do tratamento da Aids, economia da alimentação e nutrição, economia da educação e demografia econômica, entre outros.
Ansioso com o que espera encontrar nos trabalhos inscritos para a sexta edição do Prêmio IESS, Campino revelou a crescente dificuldade que tem sido avaliar os trabalhos inscritos, cada vez melhores, apontou alguns assuntos que podemos esperar ver nesta e nas próximas edições do Prêmio e explicou o que torna a premiação tão importante, para ele e para o setor.
Leia a entrevista abaixo e não deixe de inscrever, gratuitamente, até 15 de setembro, seu trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) com foco em saúde suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida. Veja o regulamento completo.
Os dois melhores de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro.
Blog do IESS – O que torna o Prêmio IESS tão importante?
Antonio Campino – O Prêmio IESS é a principal premiação da saúde suplementar e tem uma enorme importância acadêmica por ser capaz de estimular trabalhos em uma área que eu denomino de economia social, que é formada pelas especialidades de educação, nutrição e saúde e que, historicamente, atrai a dedicação de menos pesquisadores do que o setor financeiro. Sem dúvidas, a importância e o charme do Prêmio IESS estão ligados à visibilidade que ele dá aos vencedores.
Blog – O que é necessário para ganhar o Prêmio IESS?
Campino – O Prêmio agracia o que há de melhor na produção científica, mas só isso não basta. Para se sagrar vencedor, além da excelência técnica, um trabalho também deve ser relevante para aprimorar o setor e ter utilidade significativa para a sociedade.
Blog – Com isso em mente, o que o senhor espera dos trabalhos deste ano?
Campino – A qualidade dos trabalhos submetidos tem sido cada vez melhor, o que torna bastante difícil nossa tarefa de escolher os vencedores. Os melhores trabalhos costumam apresentar, além da revisão de assuntos importantes, evidências de que a implantação de algumas mudanças pode trazer vantagens tanto para os planos de saúde quanto para os pacientes. É o caso, por exemplo, do trabalho vencedor de 2015, que avaliou a produtividade de hospitais brasileiros e os ganhos que poderiam ser alcançados com a implantação do DRG (trabalho já apresentado aqui, no Blog).
Blog – Algum assunto específico que podemos esperar ver nos trabalhos deste e de próximos anos?
Campino – Podemos esperar temas como: as implicações das mudanças demográficas para a saúde suplementar; a adoção do DRG e outros modelos de remuneração; integração vertical da saúde suplementar; e outros ligados à organização industrial aplicados à saúde suplementar. Essa é uma área muito fértil para a pesquisa, com questões que têm a capacidade de proporcionar mudanças relevantes e aprimoramentos necessários na gestão do setor.
Conforme prometemos na semana passada, avaliamos o trabalho “Proposta Para o Sistema de Saúde Brasileiro”, apresentado pelo Instituto Coalizão Saúde (ICOS) em evento no Senado Federal. Acompanhamos o encontro, que foi muito positivo.
Trata-se, sem dúvida, de um documento que alinha toda cadeia produtiva da saúde visando o aperfeiçoamento setorial. Vale a pena ler o conteúdo e refletir sobre o assunto porque muitas das propostas apresentadas estão em sintonia com o que temos defendido nesse espaço.
Segundo o documento, a agenda prioritária proposta passa pelo fortalecimento e ampliação das parcerias públicas-privadas; a criação de carreiras de estado na saúde e a promoção do desenvolvimento de quadros técnicos para que conduzam as reformas do setor. Inclui, ainda, o estímulo do uso de novas tecnologias que tenham comprovada eficiência, para melhorar tanto a gestão e a assistência, quanto o ensino.
Um elenco de oito propostas concentra matrizes para um debate salutar da área de saúde, elencando proposições sobre Ética e Conduta Empresarial; Inovação; Integração Pública-Privada; Judicialização da Saúde; Promoção da Saúde; Sustentabilidade Financeira do Setor; e Parceria com o Corpo Técnico-Assistencial.
De uma forma geral, nossa avaliação é que todas as propostas são muito positivas e alinhadas às necessidades de melhoria da cadeia da saúde, o que vale para o público e para o privado. Como forma de colaborar, entendemos que dois pontos deveriam ser contemplados nas propostas.
Na questão de adoção de novas tecnologias, além da comprovada eficiência, entendemos que o fator custo deve ser considerado no processo decisório. Nem toda tecnologia comprovadamente eficiente é possível de ser absorvida por um sistema de saúde.
Outro ponto tem a ver com a qualificação do sistema, especialmente no que se refere a prestadores de serviços. A obtenção de acreditação, mesmo que internacional, sem dúvida contribui para elevar a qualidade, principalmente de hospitais. Mas, a nosso ver, é insuficiente: precisamos estabelecer critérios claros de mensuração da qualidade em todos os elos da cadeia e dar publicidade a essas informações. Só assim, com transparência, o sistema conseguirá entender onde residem suas falhas e ineficiências e como podem ser enfrentadas, ao combater, inclusive, distorções do mercado.
Vamos insistir: o documento do ICOS é um tremendo avanço na área da saúde e pode pavimentar a melhoria do setor de saúde.
Quase 700 mil pessoas deixaram de ter plano de saúde no Estado de São Paulo entre março de 2016 e o mesmo mês do ano passado. Isso responde, em números absolutos, por mais de 52% das perdas de contratos em todo o País no período. Com 17,99 milhões de beneficiários, São Paulo representa 37% do total de 48,81 milhões de vínculos dos planos de saúde em todo o País. A maior queda, a maior do País, puxou a perda de 1,33 milhão de pessoas do sistema de saúde suplementar brasileiro. Os dados fazem parte do boletim Saúde Suplementar em Números produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
O Estado de São Paulo apresenta queda em todas as suas regiões metropolitanas: capital (-4,3%); Baixada Santista (-2,6%) e Campinas (-6,8%). O desempenho negativo também impactou a região Sudeste, passando de 31,29 milhões de beneficiários, em março de 2015, para 30,12 milhões, em março de 2016, o que corresponde a uma redução de 3,8% na comparação anual. No Sudeste, Estados com grande representatividade apresentam quedas significativas: -4% em Minas Gerais e -4,1% no Rio de Janeiro.
“Há um vínculo forte entre o mercado de trabalho e o plano de saúde, pois esse é um benefício muito valorizado pelos trabalhadores. O aumento do desemprego nas áreas mais desenvolvidas, caso principalmente do Estado de São Paulo, torna inevitável o impacto na saúde suplementar”, avalia Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho indicam que, os meses de março de 2015 e 2016, o estoque de demitidos foi de 1,88 milhão de pessoas. “O que preocupa é a proporção e a velocidade da perda de beneficiários”, observa.
O boletim Saúde Suplementar em Números é produzido pelo IESS a partir da atualização da base de informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Quase 700 mil pessoas deixaram de ter plano de saúde no Estado de São Paulo entre março de 2016 e o mesmo mês do ano passado. Isso responde, em números absolutos, por mais de 52% das perdas de contratos em todo o País no período. Com 17,99 milhões de beneficiários, São Paulo representa 37% do total de 48,81 milhões de vínculos dos planos de saúde em todo o País. A maior queda, a maior do País, puxou a perda de 1,33 milhão de pessoas do sistema de saúde suplementar brasileiro. Os dados fazem parte do boletim Saúde Suplementar em Números produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
O Estado de São Paulo apresenta queda em todas as suas regiões metropolitanas: capital (-4,3%); Baixada Santista (-2,6%) e Campinas (-6,8%). O desempenho negativo também impactou a região Sudeste, passando de 31,29 milhões de beneficiários, em março de 2015, para 30,12 milhões, em março de 2016, o que corresponde a uma redução de 3,8% na comparação anual. No Sudeste, Estados com grande representatividade apresentam quedas significativas: -4% em Minas Gerais e -4,1% no Rio de Janeiro.
“Há um vínculo forte entre o mercado de trabalho e o plano de saúde, pois esse é um benefício muito valorizado pelos trabalhadores. O aumento do desemprego nas áreas mais desenvolvidas, caso principalmente do Estado de São Paulo, torna inevitável o impacto na saúde suplementar”, avalia Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho indicam que, os meses de março de 2015 e 2016, o estoque de demitidos foi de 1,88 milhão de pessoas. “O que preocupa é a proporção e a velocidade da perda de beneficiários”, observa.
O boletim Saúde Suplementar em Números é produzido pelo IESS a partir da atualização da base de informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Diferente do que ocorre em diversos países, a retração da economia, no Brasil, não está resultando em diminuição dos gastos assistenciais do setor de saúde. Pelo contrário: as despesas continuam expandindo o que, em termos práticos, pode significar um risco à sustentabilidade da saúde suplementar do País.
A seção especial do Boletim Conjuntura Saúde Suplementar, que produzimos, aponta que a inflação médica no Brasil, uma das maiores do mundo, é o principal fator para esse descasamento. Para se ter uma ideia, no Reino Unido, a taxa de crescimento do gasto per capita com saúde recuou 3,4 pontos porcentuais (p.p.) entre 1995 e 2013, enquanto a taxa de crescimento do PIB per capita caiu 1,4p.p. Já no Brasil, entre 2001 e 2013, enquanto a taxa de crescimento do PIB per capita recuou 0,8 p.p., a dos gastos assistenciais por beneficiário avançou 2,5 p.p.
Com esse cenário, as operadoras de planos de saúde estão desafiadas a ter ganhos de eficiência para garantir sua sustentabilidade. Atualmente, os custos médico-hospitalares subiram 8,2 pontos a mais do que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre junho de 2015 e o mesmo mês do ano anterior. O que representa uma alta de 17,1% no período. É necessário que o País repense critérios de incorporação de tecnologia, como tratamos no TD 56 (sobre ATS) e também na modernização dos modelos de pagamento de prestadores de serviços, valendo-se, por exemplo, da experiência do DRG, que apresentamos no TD 54 (Diagnosis Related Groups e seus efeitos sobre os custos e a qualidade dos serviços hospitalares).