“Avançamos bastante, ainda mais em função deste cenário de pandemia do novo Coronavírus, mas a lição que fica é que temos muito a caminhar. Em termos de formação e atração de profissionais e superação de obstáculos para explorar o gigantesco potencial de uso dos dados no setor de saúde. Sempre considerando a segurança, a privacidade e a autorização de seu uso. A agenda de trabalho é longa”. Assim José Cechin, nosso superintendente executivo, encerrou o webinar “Governança e uso de dados para uma gestão integrada de saúde”, na última semana.
O evento digital ainda reuniu Henrique Neves, diretor-geral do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador do grupo de gestão de dados do Instituto Coalizão Saúde (ICOS); Dra. Beatriz Leão, co-coordenadora da Especialização em Informática em Saúde do Hospital Sírio-Libanês; e Renato Sabbatini, professor adjunto de Informática em Saúde na Escola Bahiana de Medicina e Diretor de Educação do Instituto HL7.
O assunto nunca foi tão atual. A pandemia acelerou fortemente o processo de transformação digital na saúde com a Telemedicina, prescrição eletrônica e novas dinâmicas. “Esse ‘novo normal’ exige que a informação em saúde esteja disponível e possa ser compartilhada, garantindo os aspectos de segurança, integridade e privacidade”, pontuou Beatriz.
E a fala da especialista encontra eco na experiência de Sabbatini. “Há dois aspectos fundamentais nesse debate: a governança dos dados e os padrões de informação. São absolutamente necessários para qualquer País que almeja um sistema de apresentação de dados e interoperabilidade. É algo que estamos perseguindo há muitos anos, e alguns países já conseguiram, como Canadá e Uruguai. O Brasil começa a ter ações mais assertivas nesse campo”, completa.
“É uma mudança cultural, de como se faz a medicina e da importância dos dados. Qual médico não quer mais informação para tratar o seu paciente melhor? Mas é preciso envolver os profissionais com diferentes habilidades nesse processo, atrair e formar pessoal qualificado para dar um salto na qualidade da assistência”, comentou Neves, que além de dirigir o Hospital Israelita Albert Einstein, é coordenador do grupo de gestão de dados do Instituto Coalizão Saúde (ICOS).
A íntegra do webinar pode ser visto no YouTube ou ainda pelo vídeo abaixo. Seguiremos trazendo outros assuntos abordados no encontro.
O uso de dados tem crescido em todas as áreas nos últimos anos, em função da quantidade de informações produzidas e armazenadas em diferentes sistemas e plataformas. Diariamente, usuários no mundo inteiro geram cerca de 2,5 quintilhões (cada quintilhão corresponde à designação de "um milhão de milhões de milhões”) de bytes de informação, e isto provavelmente só continuará a crescer, com cada vez mais pessoas online e aumento da quantidade de aparelhos conectados à Internet.
Esse movimento sem volta tem também seu impacto na área da saúde e auxilia nas tomadas de decisões, principalmente as mais estratégicas. A importância de Big Data na saúde não gira apenas em torno da quantidade de dados que uma instituição possui, mas o que ela extrai deles.
É fundamental, portanto, compreender como isso impacta no dia a dia do cuidado ao paciente e dos negócios: de que forma é possível utilizar melhor as informações para otimizar tempo, melhorar o atendimento aos pacientes? Como esses dados podem ser analisados e processados para gerar insights e ajudar gestores em decisões estratégicas?
É exatamente sobre isso que iremos abordar em nosso webinar desta semana. Inscreva-se gratuitamente agora – www.iess.org.br/eventos. A transmissão será nesta quinta-feira (13), a partir das 16h, em nossas redes sociais e pelo YouTube.
Mediação
José Cechin, superintendente executivo do IESS
Convidados
Henrique Neves, diretor-geral do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador do grupo de gestão de dados do Instituto Coalizão Saúde (ICOS)
Dra. Beatriz Leão, coordenadora do Programa de Informática em Saúde do Hospital Sírio-Libanês
Prof. Renato Sabbatini, professor adjunto de Informática em Saúde na Escola Bahiana de Medicina e Diretor de Educação do Instituto HL7
Você também já pode se inscrever em nosso canal do YouTube e ativar as notificações para ser lembrado - https://www.youtube.com/IESSBR
A adoção de novas tecnologias é fundamental para os sistemas de saúde – claro que avaliados os seus riscos, impactos para o segmento e para o avanço da qualidade da assistência. O uso do Prontuário Eletrônico (PEP), por exemplo, é essencial para a segurança do paciente e para um diagnóstico preciso. Tendo em mente, sempre que é necessário treinar os profissionais que fazem uso dessas informações e aspectos como a ética e confidencialidade na coleta e uso de dados.
A mudança para ambientes e práticas mais digitais demanda, além da adesão de tecnologias, mudança de mentalidade. É preciso investir em ações de conscientização, alteração de processos e rotina de trabalho. Com isso, é importante treinamentos para toda as equipes e definições claras sobre a governança dos dados.
E é exatamente o que vamos debater em nosso próximo webinar “Governança e uso de dados para uma gestão integrada de saúde”.
- Quais são as barreiras ainda a serem superadas para se promover uma melhor gestão de saúde (culturais, econômicas, regulatórias etc.)?
- Considerando o atual momento de pandemia, como está a evolução do uso de saúde digital (expansão da Telessaúde, por exemplo) e como essa Transformação Digital pode ser acelerada e explorada para integrar stakeholders e engajar ainda mais o paciente?
- Há um “oceano” de dados hoje capturado pelo sistema de saúde. Como são tratados e, principalmente, como geram valor, em termos de planejamento de estruturas e equipes, gestão de saúde populacional e responsabilização do indivíduo na administração da própria saúde?
- Quais são os impactos e desafios trazidos pela aplicação da LGPD na saúde?
Esses e outros aspectos serão contemplados no dia 13 de agosto, a partir das 16h com transmissão ao vivo aqui no portal IESS, em nossas redes sociais e no canal do YouTube. Com mediação José Cechin, superintendente executivo do IESS, contará com a participação de Henrique Neves, diretor geral do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador do grupo de gestão de dados do Instituto Coalizão Saúde (ICOS); da Dra. Beatriz Leão, coordenadora do Programa de Informática em Saúde do Hospital Sírio-Libanês; e Renato Sabbatini, professor adjunto de Informática em Saúde na Escola Bahiana de Medicina e Diretor de Educação do Instituto HL7.
Veja aqui como participar.
Você também já pode se inscrever em nosso canal do YouTube e ativar as notificações para ser lembrado - https://www.youtube.com/IESSBR
O estresse no trabalho está ligado a 7 das 10 principais causas de morte no mundo. Aumentando, por exemplo, o risco de doenças cardiovasculares. Ele também está associado ao desenvolvimento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, além de custar cerca de US$ 500 bilhões por ano aos empregadores de todo o mundo, conforme mostra estudo do Global Wellness Institute. Absenteísmos, baixa produtividade e mesmo gastos com turnover de pessoal (demissão, processo seletivo, recontratação etc.) são apenas alguns dos pontos que entram nesta conta.
Contudo, alguns estudos conduzidos ao longo desta década apresentam importantes indicativos de que não é o estresse, propriamente dito, o “vilão da história”. De acordo com a psicóloga Kelly McGonigal, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, o que realmente prejudica a saúde dos indivíduos e favorece o desenvolvimento de diversos problemas é a crença de que o estresse faz mal.
Ou seja, o estresse tem um efeito placebo. Ele irá te causar mal se você acreditar que ele faz isso. Por outro lado, no livro “The Upside of Stress” (O lado positivo do estresse, em tradução livre), Kelly utiliza estudos científicos para demonstrar que também é possível fazer o oposto e utilizar momentos de estresse para benefício próprio, sem prejuízo para o organismo.
Claro, a autora não sugere que as pessoas se coloquem voluntariamente em situações estressantes. Contudo, deixa claro que é mais importante – e saudável – procurar trabalhos e desafios significantes, ainda que acompanhados de uma alta carga de estresse, do que se acomodar com algo mais tranquilo apenas para evitar momentos estressantes.
O conceito é apresentado pela própria psicóloga em vídeo do TEDxTalks. O áudio está disponível apenas no idioma original (inglês), mas há legendas disponíveis em português. Vale conferir.
Em nosso trabalho de buscar caminhos para o aprimoramento da gestão de saúde suplementar é comum buscarmos e apresentarmos as experiências internacionais. Contudo, como costumamos lembrar aqui no Blog e em nossos estudos, nem todas essas experiências poderiam “simplesmente” ser implementadas por aqui. Além de diferenças socioculturais, perfil da população e perfil epidemiológico, entre outros pontos, quase sempre há questões de regulação que precisam ser levadas em conta. Pensando nisso, estamos publicando, agora, o TD 67 – Regulação da Saúde Suplementar: teoria e experiências nos países.
O trabalho analisa a regulação do setor no Brasil, Estados Unidos, Canadá e Austrália, apresentando seus pontos fortes e fracos e analisando especificidades de cada país, como o modelo da atuação do governo sobre o mercado local de saúde. Por exemplo, nos Estados Unidos e Canadá, os governos regionais são livres para regular o setor, pois a agência reguladora criada pelo governo central atua apenas no âmbito macroeconômico e não sobre a relação direta entre operadoras, prestadores de serviço e beneficiários. Já o caso australiano é mais semelhante ao nosso, com uma agência reguladora que atua de forma mais centralizada - assim como acontece com a ANS.
A análise é importante para destacar alguns dos problemas brasileiros, bem como modelos que poderiam auxiliar no aperfeiçoamento da regulação nacional. Afinal, a exposição das experiências e características dos diferentes mercados oferecem subsídios para uma nova reflexão sobre o modelo de saúde suplementar brasileiro e das possíveis mudanças para melhorar o desempenho do setor. Proteção ao beneficiário, aumentos de custos e articulação entre os agentes econômicos do setor são alguns dos temas centrais nesse debate.
Nos próximos dias, traremos mais informações sobre o TD. Fique ligado!
Hoje, no último dia de nosso especial sobre modelos de pagamento, iremos apresentar o Captation, um sistema similar ao de orçamentos globais, apresentado ontem aqui no Blog. Ao menos no fato de que este modelo também trabalha com um orçamento previamente definido.
Enquanto o Global Budget determina um valor anual fechado para o hospital trabalhar, o Captation determina um valor por paciente de um determinado grupo e numa determinada área de abrangência. Desta forma, o modelo também oferece uma boa previsibilidade de gastos para as fontes pagadoras. Além disso, como as receitas dos prestadores de serviço de saúde são independentes da quantidade e dos tipos de tratamentos realizados, espera-se que o modelo incentive os prestadores a buscarem procedimentos com uma melhor relação entre custo e efetividade, o que pode ajudar a manter os custos mais baixos.
Uma dificuldade para a implementação desse modelo é a definição do valor per capita, devido à falta de base de dados estatísticos. Além disso, uma receita fixa por paciente pode incentivar os prestadores a realizarem a seleção de risco ou a racionar ou negar acesso a procedimentos e serviços mais caros.
Ao longo da semana vimos diversos modelos de pagamentos, todos eles com qualidades e defeitos. Claramente, não há um modelo ideal. Mas como já afirmamos, eles podem ser combinados ou modificados de acordo com as necessidades locais. O que não podemos fazer é continuar com o modelo de conta aberta atual, que incentiva o desperdício, principalmente sabendo que alternativas para substituí-lo não faltam.
Por Luiz Augusto Carneiro
Superintendente Executivo do IESS
Em todo o mundo, os gastos com saúde crescem acima da inflação. Isso é explicado, em parte, pelo aumento da longevidade das pessoas. Outro fator é a introdução de novas tecnologias em saúde, mais caras do que as anteriores. A saúde suplementar brasileira vive o mesmo fenômeno, mas de uma forma muito mais preocupante.
A escalada de custos por aqui dá-se em proporção superior à média global, provavelmente devido às nossas características estruturais peculiares. O resultado perverso é conhecido de todos: aumento dos custos para a contratação de planos de saúde, apesar de a margem das operadoras ter reduzido nos últimos anos.
O setor carece urgentemente de uma agenda que o reestruture e assegure sustentabilidade financeira e assistencial, ao mesmo tempo que contenha o aumento nos gastos arcados por empresas e pessoas contratantes de planos de saúde. Crises econômicas, como a que o país passa, são oportunidades reais para promover transformações que a economia tanto carece.
Desde 2010, o índice VCMH (Variação dos Custos Médico-Hospitalares), medido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), tem estado acima de dois dígitos. Apresentou, em junho de 2015, alta de 17,1% em relação aos 12 meses anteriores –enquanto o IPCA foi de 8,9%.
Estudos recentes mostram que cerca de 50% das despesas arcadas pelos planos de saúde decorrem de internações hospitalares. De 2008 a 2013, a taxa de internação dos beneficiários manteve-se estável, em 13,4%. Mesmo sem aumento de internações, o gasto médio por internação subiu explosivos 95,8%, enquanto o IPCA acumulado no período foi de 32,2%. E esse aumento foi puxado principalmente por materiais e medicamentos, itens que representam, aproximadamente, 50% do gasto com internações.
É inusitado que o PIB brasileiro tenha apresentado taxas de crescimento negativas desde o segundo trimestre de 2014, e que desde então a inflação dos gastos com saúde não tenha cedido na saúde suplementar. Um estudo recente do IESS mostra que internacionalmente há uma redução da taxa de crescimento dos gastos com saúde per capita toda vez que há uma redução da taxa de crescimento do PIB. Isso leva a crer que as causas da inflação médica na saúde suplementar brasileira sejam estruturais.
A primeira causa estrutural é o modelo de pagamento de operadoras aos hospitais. Hoje, vigora o regime de "conta aberta" (fee for service). O hospital é incentivado a consumir o máximo de insumos possíveis para fazer a conta crescer e, assim, aplicar suas taxas sobre todo o consumo. Há um estímulo ao uso dos insumos mais caros e a conta é paga pelo plano, incorporando os desperdícios.
Boa parte das demais causas estruturais estão relacionadas a situações que combinam poder de mercado de integrantes da cadeia privada de saúde com a grande falta de transparência sobre preço e qualidade de bens e serviços. O resultado é uma condição de mercado com pouca concorrência, o que impede os agentes econômicos de terem informação para poder para selecionar fornecedores e prestadores de maior qualidade e custo mais baixo.
Outro fato relevante é a incorporação de novas tecnologias de saúde ainda sem maiores critérios de custo-efetividade, porém já são vistos aprimoramentos nesse assunto por parte do órgão regulador.
A solução para essas distorções requer reformas nas bases estruturais do sistema. Felizmente, não faltam exemplos daquilo que é feito em países em que há sistemas de saúde desenvolvidos. São fartas as melhores práticas em termos de modelos de remuneração e regras que propiciam a transparência de preços e qualidade em saúde.
Por Luiz Augusto Carneiro
Superintendente Executivo do IESS
Em todo o mundo, os gastos com saúde crescem acima da inflação. Isso é explicado, em parte, pelo aumento da longevidade das pessoas. Outro fator é a introdução de novas tecnologias em saúde, mais caras do que as anteriores. A saúde suplementar brasileira vive o mesmo fenômeno, mas de uma forma muito mais preocupante.
A escalada de custos por aqui dá-se em proporção superior à média global, provavelmente devido às nossas características estruturais peculiares. O resultado perverso é conhecido de todos: aumento dos custos para a contratação de planos de saúde, apesar de a margem das operadoras ter reduzido nos últimos anos.
O setor carece urgentemente de uma agenda que o reestruture e assegure sustentabilidade financeira e assistencial, ao mesmo tempo que contenha o aumento nos gastos arcados por empresas e pessoas contratantes de planos de saúde. Crises econômicas, como a que o país passa, são oportunidades reais para promover transformações que a economia tanto carece.
Desde 2010, o índice VCMH (Variação dos Custos Médico-Hospitalares), medido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), tem estado acima de dois dígitos. Apresentou, em junho de 2015, alta de 17,1% em relação aos 12 meses anteriores –enquanto o IPCA foi de 8,9%.
Estudos recentes mostram que cerca de 50% das despesas arcadas pelos planos de saúde decorrem de internações hospitalares. De 2008 a 2013, a taxa de internação dos beneficiários manteve-se estável, em 13,4%. Mesmo sem aumento de internações, o gasto médio por internação subiu explosivos 95,8%, enquanto o IPCA acumulado no período foi de 32,2%. E esse aumento foi puxado principalmente por materiais e medicamentos, itens que representam, aproximadamente, 50% do gasto com internações.
É inusitado que o PIB brasileiro tenha apresentado taxas de crescimento negativas desde o segundo trimestre de 2014, e que desde então a inflação dos gastos com saúde não tenha cedido na saúde suplementar. Um estudo recente do IESS mostra que internacionalmente há uma redução da taxa de crescimento dos gastos com saúde per capita toda vez que há uma redução da taxa de crescimento do PIB. Isso leva a crer que as causas da inflação médica na saúde suplementar brasileira sejam estruturais.
A primeira causa estrutural é o modelo de pagamento de operadoras aos hospitais. Hoje, vigora o regime de "conta aberta" (fee for service). O hospital é incentivado a consumir o máximo de insumos possíveis para fazer a conta crescer e, assim, aplicar suas taxas sobre todo o consumo. Há um estímulo ao uso dos insumos mais caros e a conta é paga pelo plano, incorporando os desperdícios.
Boa parte das demais causas estruturais estão relacionadas a situações que combinam poder de mercado de integrantes da cadeia privada de saúde com a grande falta de transparência sobre preço e qualidade de bens e serviços. O resultado é uma condição de mercado com pouca concorrência, o que impede os agentes econômicos de terem informação para poder para selecionar fornecedores e prestadores de maior qualidade e custo mais baixo.
Outro fato relevante é a incorporação de novas tecnologias de saúde ainda sem maiores critérios de custo-efetividade, porém já são vistos aprimoramentos nesse assunto por parte do órgão regulador.
A solução para essas distorções requer reformas nas bases estruturais do sistema. Felizmente, não faltam exemplos daquilo que é feito em países em que há sistemas de saúde desenvolvidos. São fartas as melhores práticas em termos de modelos de remuneração e regras que propiciam a transparência de preços e qualidade em saúde.