Vamos debater as transformações digitais na saúde?
O relatório “Building the Hospital of 2030” apontou que 89% das organizações de saúde que adotaram estratégias da Internet das Coisas sofreram algum tipo de violação das informações. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entra em vigor em 16 de agosto de 2020, promete tornar o controle de acesso às informações mais rígido. Contudo, a nova regulação ainda está cercada de incertezas. Mesmo na Europa, que já conta com legislação em exercício, conflitos continuam sendo reportados. Este ano, uma multa de € 400 mil foi aplicada a um hospital português porque médicos estavam tendo acessos a todos os dados do paciente e não apenas aos que seriam necessários para o diagnóstico.
Até questões relativamente simples, como a guarda de dados, são pontos a que as empresas precisarão se atentar. Apesar de a pessoa física ter direito a saber que informações sobre ela a empresa possui e a solicitar que os dados sejam apagados, a legislação que obriga a guarda de informações (o Conselho Federal de Medicina prevê que os documentos do prontuário médico do paciente precisam ser mantidos na instituição por no mínimo 20 anos) e o fato de empresas poderem preservar conteúdo para se proteger em eventuais processos conflitam com essa determinação, criando insegurança jurídica. O consentimento para uso de informações e a “anonimização” dos dados são outros pontos que demandam atenção especial de empresas e mesmo de instituições de pesquisa.
Concomitantemente, o avanço tecnológico está possibilitando a ampliação de modelos de atendimento como a telemedicina, ainda que questões como o teleatendimento ainda necessitem de regulação para se tornarem efetivamente presentes no dia a dia das pessoas. Uma possibilidade que promete estender o atendimento assistencial para zonas mais afastadas dos grandes centros urbanos e tem, efetivamente, o potencial para transformar as relações de pacientes com os serviços de saúde. Trazendo uma nova onda de racionalidade para o setor. O TD 74 – “A Telemedicina traz benefícios ao sistema de saúde? Evidências internacionais das experiências e impactos” –, que publicamos em junho, traz importantes evidências da capacidade de mudança inerente à esta tecnologia.
Tão vasto quanto as possibilidades que se desenham são os desafios apresentados para que o setor se adapte às novas regras e tire o melhor proveito possível das mudanças por vir.
O seminário IESS “Transformação Digital na Saúde” quer jogar luz sobre essas questões e ajudar pesquisadores e gestores da saúde a identificar os caminhos para o futuro. Venha participar desse debate conosco, dia 11 de dezembro, no hotel Tivoli Mofarrej (Al. Santos, 1.437), em São Paulo.